Mundial de F1: Uma época inesquecível por bons e maus motivos
A temporada de 2021 foi uma das mais intensas, emocionantes e polémicas de que há memória, com inúmeros motivos de interesse, sendo impossível que algum dia caia nas brumas do esquecimento.
O Campeonato do Mundo de Fórmula 1 deste ano será inesquecível para todos os que o seguiram e até para aqueles que viram apenas a última corrida da época, e há muitos nesta situação.
Desde os testes de Inverno, que tiveram lugar em Sakhir, onde poucos dias depois se realizou o primeiro Grande Prémio da temporada, que se acreditava que este seria ano em que assistiríamos a duas equipas digladiarem-se pelo triunfo em cada Grande Prémio e, por conseguinte, pelo título.
A Red Bull, pela primeira vez desde o longínquo ano de 2013, produziu um carro capaz de lutar consistentemente por vitórias com a Mercedes, pelo menos nas mãos de Max Verstappen, e teve no piloto holandês alguém capaz de emergir como um verdadeiro candidato ao título de olhos nos olhos com Lewis Hamilton o homem que tinha dominado a Fórmula 1 desde 2014, apenas com uma pausa em 2016.
Seria a primeira vez que o jovem piloto se via envolvido na luta pelo título e, claro, seria uma incógnita a forma que reagiria à pressão de ter todos Grandes Prémio de estar em condições de poder bater o seu rival.
Na verdade, Verstappen mostrou-se mais consistente que o experiente Hamilton, cometendo alguns erros ligeiros ao longo da temporada, normalmente, um uso excessivo das escapatórias, mas nenhum deles terminal.
O maior erro de pilotagem que cometeu foi na qualificação do Grande Prémio da Arábia Saudita, quando bateu na última curva de uma volta de cortar a respiração, que a ser concluída lhe daria seguramente a pole-position.
É debatível que este erro lhe tenha custado pontos, dado que terminou em segundo e os Mercedes era um pouco mais forte em Jeddah, mas deixou, pelo menos, numa situação mais frágil perante Hamilton, que venceu.
Cometeu ainda um erro de avaliação, ao querer discutir Copse na primeira volta do Grande Prémio da Grã-Bretanha com Hamilton. Num acidente de corrida, na opinião da maioria, o holandês estava numa situação frágil perante o inglês e, ao não levantar o pé, acabou por contribuir para um acidente que o atirou para fora de prova e lhe custou, no mínimo, dezoito pontos, o que poderia ter sido determinante para a decisão do título.
O inglês por seu lado, foi cometendo mais erros ao longo da temporada – em Imola saiu de pista e apenas uma bandeira vermelha lhe permitiu recuperar a segundo e em Baku perdeu um segundo posto, quiçá uma vitória, ao carregar num botão errado – e não teve tanto azar como Verstappen, que viu um pneu rebentar no Grande Prémio do Azerbaijão, perdendo um triunfo quase certo, e foi eliminado por Bottas em Hungaroring logo na primeira curva.
O piloto da Mercedes teve ainda alguns momentos em que não esteve ao seu melhor, como foi o caso em Monte Carlo, em que se viu batido de forma clara por Bottas, e em Monza, onde deveria ter feito mais tendo em conta a superioridade do carro de Brackley no circuito transalpino.
Foi a partir do Grande Prémio do São Paulo que Hamilton subiu um nível competitivo, apresentando-se numa forma impressionante desde então que por pouco não lhe deu quatro triunfos consecutivos e o título, vendo-se batido por um conjunto de circunstâncias que o deixaram em maré de azar e conjuraram para que perdesse o título para Max Verstappen em Yas Marina.
No entanto, se olharmos para a totalidade da temporada, verificamos que o holandês foi o piloto mais consistente e que o ceptro de 2021 ficou muito bem entregue.
Temporada de polémicas
Porém, a polémica foi uma constante, sobretudo, desde o Grande Prémio da Grã-Bretanha.
Desde cedo ficou claro que era uma questão de tempo até que os dois candidatos ao título se envolvessem num incidente que colocasse pelo menos um deles fora de prova, o que se verificou em Silverstone.
O jovem da Red Bull mostrou-se sempre muito agressivo na luta corpo a corpo, colocando seu adversário em situação de ter de ser ele a levantar o pé para evitar o acidente, tendo o inglês se cansado de o fazer e, em Silverstone, numa situação favorável em que não sairia a perder em circunstâncias normais, manteve o pé no acelerador e Verstappen acabou por ir a alta velocidade contra o muro de pneus de Copse.
Hamilton e Verstappen voltariam a encontrar-se em pista com resultados desastrosos, desta vez para ambos, quando nenhum deles levantou o pé na discussão da travagem para a primeira chicane de Monza.
Uma vez mais, os Comissários consideraram que havia culpas a atribuir e, se em Silverstone o inglês foi penalizado com dez segundos, no traçado transalpino foi o holandês que ficou mal visto, sofrendo uma penalização de três lugares na grelha de partida da prova seguinte – o Grande Prémio da Rússia.
Estas decisões não agradaram a nenhum quadrante, uma vez que os incidentes foram vistos como situações normais de corrida entre dois pilotos teimosos e que, portanto, deveriam ter ficado entre eles sem intervenção dos comissários.
Em outros casos, como a defesa de Verstappen perante o ataque à liderança de Hamilton na curva 4 de Interlagos, quando deveria intervir e mostrar que não permitiam que as lutas em pista fossem levadas para as escapatórias, viu-se um alheamento da parte do Director de Corrida e dos Comissários Desportivos.
Esta falta de decisão acabou por criar confusão entre os pilotos e produziu terreno para especulação que foi alimentado por mais casos semelhantes, na Arábia Saudita e em Abu Dhabi.
E claro, a polémica que se criou e foi alimentada por decisões inconsistente rebentou com a situação das últimas voltas da derradeira corrida da temporada, quando Michael Masi fez o que qualquer verdadeiro adepto de corridas faria – tentar terminar o mundial com uma prova de automobilismo e não com um passeio atrás do Safety-Car.
Quando um campeonato é disputado com a intensidade deste, é natural que surjam situações polémicas, mas é necessário que os Comissários Desportivos e Director de Corrida sejam firmes e sigam uma linha de decisão consistente, algo que não aconteceu este ano, empolando todo o cenário e entrincheirando os dois lados e os seus adeptos.
A ascendência da Ferrari
Se a luta pelo título foi intensa, a protagonizada por dois dos grandes nomes da Fórmula 1 – Ferrari e McLaren – não foi menos, apesar de menos polémica.
As duas históricas equipas, ainda sem a capacidade para lutar pelas posições cimeiras, envolveram-se numa batalha ao longo de toda a temporada pelo terceiro lugar do Campeonato de Construtores.
No início da época, a McLaren parecia ter alguma vantagem técnica, mas as dificuldades de Daniel Ricciardo em se adaptar ao seu novo ambiente, impediu que a formação de Woking, que vivia quase exclusivamente dos resultados de Lando Norris, se escapasse pontualmente à Ferrari, que para além de ter Charles Leclerc no seu melhor nível, tinha ainda em Carlos Sainz numa excelente forma, mostrando uma adaptação crescente e rápido à sua nova equipa.
Inicialmente, operacionalmente, a estrutura inglesa mostrou também alguma vantagem, o que lhe abria a perspectiva de poder bater a sua rival, situação que foi reforçada com a dobradinha liderada por Ricciardo em Monza.
Porém, a Ferrari melhorou significativamente as suas operações em pista e, para além disso, deu um salto competitivo graças à introdução do seu sistema híbrido a usar em 2022 e foi ficando cada vez mais claro que a “Scuderia” estava um passo à frente da McLaren.
Foi uma justa vencedora deste confronto e deixa boas indicações para a próxima temporada, quando se espera que a Ferrari volte ao seu papel de protagonista na luta pelas vitórias e não só…
Mas qual o bom de este ano de F1 só se foi a, Lama que atiraram ou melhor Toneladas