Motor ‘explode’ campeonato de Hamilton: Cronologia duma enorme polémica

Por a 2 Outubro 2016 13:07

Lewis Hamilton viu o motor do seu Mercedes ‘explodir’ quando liderava confortavelmente o GP da Malásia de F1, e o que esteve perto de se concretizar numa vitória que lhe permitiria ascender ao comando do campeonato, tornou-se de repente num enorme pesadelo, com a frustração relativa ao sucedido a fazer o resto. O piloto inglês era um homem visivelmente insatisfeito com o que aconteceu neste Grande Prémio da Malásia de F1, com o motor de combustão interna do seu Mercedes a ceder novamente num momento em que liderava a prova. Hamilton tinha tudo para retomar a liderança do campeonato, até porque Nico Rosberg tinha caído para trás dos Red Bull à conta do seu incidente com Sebastian Vettel (acabou por receber uma penalização de 10s que foram somados ao seu tempo no final da corrida). Mas a verdade é que nada disso aconteceu, e Hamilton viu-se arredado de mais um triunfo. Nas declarações à imprensa no parque fechado, o atual campeão mostrou a sua incredulidade com o sucedido, e acusou a Mercedes: “Há alguma coisa que não bate certo. De todos os carros com motor Mercedes (8) eu sou o único com estes problemas esta temporada. A Mercedes já deu 43 motores esta temporada e só comigo é que acontecem os problemas. Não há muito mais que possa fazer. Eu e a minha equipa sabemos que temos o que é preciso para regressar às vitórias, mas sei lá eu que motor vou ter na próxima corrida…”, disse o inglês, em declarações tão explosivas como o motor que ‘rebentou’ este fim-de-semana…

A RESPOSTA DE PADDY LOWE

O ambiente era tenso na Mercedes, depois de Lewis Hamilton ter sido privado de uma vitória praticamente certa à conta de mais um motor partido. O tricampeão não escondeu o descontentamento, tecendo duras críticas à equipa, mas o diretor técnico Paddy Lowe assegurou que ninguém está a favorecer um piloto em detrimento de outro no seio da Mercedes: “Nenhuma falha é planeada. Damos o nosso melhor e até temos vindo a melhorar a fiabilidade, como provam os nossos resultados. Mas por alguma razão algo tem acontecido com o carro do Lewis. No entanto, não existe nenhum padrão que possa relacionar essas falhas. A Fórmula 1 é um desporto duro e as coisas são assim às vezes”, referiu.

NIKI LAUDA PEDE DESCULPA

Com Lewis Hamilton sobressaltado com o que ocorreu neste Grande Prémio da Malásia, Niki Lauda veio a público procurar colocar alguma água na fervura, referindo aos microfones da Sky a sua compreensão pelo estado de espírito do campeão do mundo: “Estou realmente aborrecido e desapontado comigo e com a minha organização porque sinto que o deixamos ficar mal. Temos que perceber o que aconteceu. Era um motor praticamente novo e portanto temos que analisar o que conduziu a isto, mas estas coisas podem acontecer. Sinto-me muito triste por ele.” Sobre a receita de como animar o estado de espírito do inglês, Niki Lauda referiu o seguinte: “Vou levá-lo para o Japão amanhã. Espero conseguir animá-lo, reforçando a ideia de que o campeonato só acaba quando tem de acabar ou na última corrida. Ok, são 23 pontos, mas muito pode acontecer. Vou pedir-lhe desculpa, mas ele tem de saber que as pessoas têm orgulho nele, trabalham para ele, e a prova e que ele já ganhou dois campeonatos connosco”, assegurou o austríaco.

LEWIS HAMILTON “ALGUÉM NÃO QUER QUE EU GANHE…”

Do lado de Hamilton, o inglês rebentou com um estrondo tão grande quanto o que deu o motor V6 da equipa de Brackley, com o #44 a dizer para quem quis ouvir “alguém não quer que eu ganhe…”. Realmente, é muito azar, e para nos lembrarmos de um motor rebentar desta forma na Mercedes é preciso recuar muito tempo. “É muito difícil de aceitar uma situação assim, tanto quanto acreditar que possa haver ‘mão’ nisto. Quase não dá para acreditar, mas dá perfeitamente para compreender o estado de espírito do inglês: “A minha questão é simples, há oito pilotos Mercedes e os meus são os únicos que falham? Alguém vai ter que me dar explicações, isto não é aceitável, algo ou alguém não quer que eu ganhe este ano. É um motor completamente novo, tinha feito uma corrida com ele.”

CONTAS MUITO COMPLICADAS PARA LEWIS HAMILTON

Logicamente, as contas ficam agora bem mais complicadas, pois se com oito pontos e seis corridas havia ainda muita margem, com cinco e 23 pontos essa margem atenua-se fortemente, com a agravante de, com ‘esta’ F1, quase só por milagre alguém se interpõe entre os dois Mercedes e se isso deixa as coisas quase no 50/50 quanto à vitória nas corridas, também complica muito a matemática de Hamilton, que continua a depender de si próprio, mas a verdade é que hoje também dependia, fez tudo o que devia, mas alguém meteu o pé na poça, pois algo não estava bem no motor, que acabou por ceder.

Agora, são inúmeras ainda as possibilidades que há, a cinco corridas do final do campeonato, mas este Grande Prémio foi um sério revés para Lewis Hamilton, porque estava tudo preparado para passar novamente para a frente do campeonato – liderava calmamente com grande vantagem – dois pontos na frente e de repente, vê-se a 23 pontos de Nico Rosberg. É verdade que já recuperou 43 pontos, mas no início do campeonato, e agora só faltam cinco corridas. É verdade que se Hamilton vencer todas as corridas até ao fim do ano, é campeão… Sendo perfeitamente possível, é bem mais provável que ‘isto’ ainda dê muita volta. De resto há inúmeros cenários, por exemplo das cinco corridas que faltam, basta Rosberg vencer uma e ser segundo nas restantes (se for atrás de Hamilton) para ser campeão. Se Hamilton vencer as três próximas corridas na frente de Rosberg, vão para as últimas duas com dois pontos de diferença, e por aí além. Nada está decidido, mas Rosberg ainda não pode descansar. Até porque há uma curiosidade. Hamilton tinha um motor a mais para utilizar, se calhar este que era novo, foi para a sucata… É dramático quando as coisas se resolvem fruto da fiabilidade, mas faz parte.

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Fernando Cruz
Fernando Cruz
8 anos atrás

Faz lembrar o motor partido no McLaren de Ayrton Senna em Monza, em 1989. Nesse ano Alain Prost foi muito mais poupado pelos problemas técnicos e com isso ganhou vantagem decisiva para ser campeão. Muitos culparam a pilotagem do Ayrton, mas mais tarde li uma entrevista com Gordon Murray onde o inglês viria a desmentir de forma categórica essa teoria. Quanto a outras teorias, as de conspiração, parece que também não faziam sentido nenhum, até porque era notório que a Honda preferia o Ayrton e quem se queixava de falta de performance no seu motor era o Prost. Agora em… Ler mais »

simr
simr
Reply to  Fernando Cruz
8 anos atrás

A mercedes pode ser alemã e no papel o rosberg é alemão mas até a haver um favorecimento para com o rosberg, acho descabido, quase a totalidade da equipa é inglesa apesar de ser uma marca alemã e se não fossem trocados os mecânicos independentemente de quem forem, ai é que haveria a possibilidade de favorecimento de algum piloto. Para não haver hipóteses de favorecimento de alguém, tanto maquinas e mecânicos tem que ser os mesmo para os dois e serem trocados.

can-am
can-am
8 anos atrás

It s not over until its over é uma máxima do desporto. Os problemas de fiabilidade fazem parte do automobilismo. A Mercedes parece ter ainda problemas deste tipo .O que causa certa estranheza é que o Hamilton anda com material novo, ao contrário do seu colega de equipa, e nem sequer estava a puxar. Aliás, de todos as equipas equipadas pela Mercedes, o Hamilton tem sido aquele que mais problemas tem tido. Fartou-se de partir componentes nas primeiras provas da época, mudou em Monza uma série de coisas, mas os problemas continuam a não o largar. O Nico poucos ou… Ler mais »

simr
simr
Reply to  can-am
8 anos atrás

No ano passado foi o rosberg que depois da equipa não ter trocado o motor que sabiam que estava no fim, acabou por desistir em Monza (uma pista quase 100% motor) por uma quebra do motor, em comparação a mercedes este ano antes da corrida trocou o motor ao Hamilton.

crashhbbandicoot
crashhbbandicoot
8 anos atrás

Muito me ri com este resultado, mas muito sinceramente gostava mesmo que isto tivesse acontecido na última prova do ano, para que o “hip-hopas” perdesse um título tal como ganhou o de 2008. Se ganhou esse com sorte, muito prazer me dava que perdesse um com azar. Ou então que lhe partissem todos os motores até ao fim da época.

anotheruser
Reply to  crashhbbandicoot
8 anos atrás

Prefiro pensar que em 2008 não foi o Hamilton que ganhou, mas que foram o Massa e a Ferrari que o foram perdendo ao longo da época com motores partidos, piões em piso molhado e brincadeiras com mangueira:
uma Ferrari afinada nunca teria perdido aquele mundial de pilotos.

aguia25
aguia25
Reply to  crashhbbandicoot
8 anos atrás

Que tristeza de comentário! Ridiculo!

ernie
ernie
8 anos atrás

Chamo a atenção para o facto do artigo dar a entender que a penalização do Rosberg foi na sequência do incidente com Vettel, quando na verdade ela se deveu ao toque em Raikkonen. Não deixa de ser injusta, mas o AS continua a não ter cuidado com a escrita. Quanto ao motor rebentado na reta da meta, faz-me lembrar 1993, quando na época inteira, o único motor Renault rebentado, foi o do Williams do Damon Hill, também em plena reta das boxes de Silverstone, privando o piloto de uma vitória mais que certa em Inglaterra em favor de Prost, depois… Ler mais »

Génesis
Génesis
8 anos atrás

Eu não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem…..

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