Mercedes sai ou fica na Fórmula 1?
Por Fábio Mendes
Os rumores de uma possível saída da Mercedes da F1 têm-se intensificado, mas surgem outras notícias que dizem o contrário, e a lógica confirma essas notícias.
Durante o ano passado, algumas informações davam conta da possibilidade da Mercedes sair da F1 para se ocupar a 100% da Fórmula E. O mundo do automobilismo está a mudar rapidamente e a aposta cada vez mais forte nos eléctricos poderia levar a Mercedes a deixar o grande circo.
Nas últimas semanas chegou a falar-se da possibilidade de Toto Wolff se juntar a Lawrence Stroll, comprar a equipa que ficaria como Aston Martin, uma vez que o canadiano está prestes a adquirir a maioria das ações da marca britânica.
Agora, a motorsport.com italiana avança que o cenário mais provável é o da permanência da Mercedes na F1, com Toto Wolff ao leme da equipa. O austríaco era o favorito à sucessão de Chase Carey como CEO da F1, mas a reação negativa da Ferrari e a promessa de vetar a entrada de Wolff, colocou um ponto final neste assunto. Assim, mantendo-se Wolff na Mercedes, o austríaco fica no lugar mais desejado. E a permanência na F1 faz sentido para a Mercedes.
A operação não implica grandes custos para a casa mãe, olhando aos prémios que recebe, aos contratos publicitários e aposta na Fórmula E não é tão exigente ao nível financeiro que obrigue a optar por apenas uma das categorias.
Mantendo-se na F1, mantém-se naquela que, para todos os efeitos, é ainda a competição rainha do automobilismo, com a exposição que isso traz. O investimento está feito, a equipa consolidada e com um nível de eficácia tremendo. Seria um erro desperdiçar uma máquina tão bem oleada, agora que entrou em velocidade de cruzeiro.
E com esta fórmula de sucesso a ser mantida, as probabilidades de manter Lewis Hamilton são maiores. O piloto quer continuar a bater recordes e a porta da Ferrari não estará tão aberta quanto se pensa, olhando à aposta forte em Charles Leclerc. Com a certeza que a Mercedes irá continuar a trabalhar como até agora, Hamilton poderá preferir ficar, com a garantia que fica mais perto de poder bater todos os recordes. E não podemos esquecer que a Liberty também estaria disposta a fazer um esforço para manter a Mercedes no Grande Circo.
Não nos podemos esquecer da famosa frase que diz “vence ao domingo, vende à segunda” e que a questão do marketing é fundamental neste exercício. A Mercedes tem mostrado toda a sua capacidade e os seis títulos consecutivos são a melhor publicidade que a marca poderia ter.
Há também o fator Hamilton, o maior nome da sua geração, e um dos maiores de sempre. Associar o seu nome ao da Mercedes em exclusivo é muito apelativo e deixaria uma marca ainda mais vincada no desporto . Mais ainda, Hamilton é o piloto com mais exposição nos media e cada vez que ele aparece, a Mercedes está inevitavelmente associada ao britânico.
Por fim, não podemos esquecer que a indústria automóvel está a mudar muito rapidamente. Os elétricos parecem o caminho do futuro, mas a solução apresentada pela F1, com combustíveis sintéticos e motores a dois tempos repensados e refinados, poderão ser caminhos interessantes, pois os motores de combustão interna não estão ainda mortos e as interrogações os elétricos mantêm-se.
Para a Mercedes, apostar nesta nova tecnologia, com uma estrutura completamente solidificada e preparada, pode ser interessante e sem adicionar custos em demasia. Se já assim está no topo das duas tecnologias de ponta (híbridos e elétricos), ficando na F1, esta dupla aposta pode fazer ainda mais sentido no futuro.
O cenário mais provável deverá ser mesmo a manutenção da Mercedes na F1 por mais alguns anos e, mantendo-se a saúde financeira do grupo e da estrutura desportiva, os Flechas de Prata continuarão a dar cartas no topo do automobilismo.