Haas F1 Team: Serão as vitórias a única medida ‘certa’?

Por a 9 Novembro 2017 12:30

Gene Haas é um homem habituado a superar desafios. O americano de 64 anos criou a empresa de fabrico de ferramentas e acessórios com o seu nome em 1983, os negócios cresceram e o patrão resolveu apostar no desporto motorizado em 2002, criando a sua própria equipa de NASCAR. Em 2008 juntou forças com Tony Stewart e dessa aliança nasceu a Stewart-Haas Racing. Em 2014 Gene deu o passo que a F1 desejava há muito tempo e resolveu fazer a sua equipa, aproveitando os restos da recém falida Manor. A estreia estava inicialmente agendada para 2015, mas a decisão de adiar a entrada na F1 para 2016 pareceu a mais sensata, para que houvesse tempo para afinar os pormenores.

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Para não dar passos em falso, a equipa recorreu ao conhecimento da Ferrari, que forneceu algumas peças importantes, nomeadamente o motor. Gene Haas foi elogiado pela postura realista, permitindo assim que a equipa não caísse no erro de outras, que tentaram entrar na F1 sem ajudas, o que na maioria das vezes se revelou penoso. Não tinha sido há muito tempo que a Caterham, que investiu muito dinheiro, sem resultados dignos desse nome, viu as portas fechar pela mão do seu dono Tony Fernandes.

Outra aposta acertada foi a escolha do piloto, que recaiu em Romain Grosjean, um piloto com experiência, provas dadas e com potencial para iniciar de forma positiva esta nova aventura. Como companheiro de equipa no primeiro ano teve Esteban Gutierrez, com a mão da Ferrari por detrás deste acordo. A estreia da equipa foi fantástica, com Grosejan a conquistar o 6º lugar na Austrália, resultado superado logo na prova seguinte, com o 5º lugar na prova do Bahrein, o melhor resultado de sempre da equipa.

Depois de um início de sonho, as dores de crescimento normais de uma equipa de F1 começaram a fazer-se sentir e a equipa pontuou em apenas mais três provas, com um total de 29 pontos marcados.

Para este ano, a equipa largou Gutierrez (justificadamente) e apostou noutro jovem talento. Magnussen trocou a Renault pela equipa americana, sendo a confirmação que a Haas prefere apostar em talento do que em pilotos pagantes. O ano não teve ainda uma corrida em que os americanos se destacassem, mas têm amealhado pontos com mais frequência e levam até agora 47, menos um que a Renault, o que não pode deixar de ser considerado positivo para uma equipa com apenas dois anos de competição.

O chassis da equipa tem-se mostrado minimamente competitivo nestes dois anos, mas o grande problema tem se sentido nos travões que no ano passado deram dores de cabeça aos engenheiros e mesmo este ano não foi o mais positivo neste aspeto. A equipa iniciou o projeto de 2018 bastante cedo neste ano, colocando de parte a evolução deste chassis, o que se tem notado nesta reta final. A equipa quer fazer mudanças fundamentais no carro de 2018 e a máquina atual não recebeu a mesma quantidade de atualizações que as restantes equipas.

O projeto de Gene Haas foi feito para render frutos a 10 anos. O americano defende que, se em 10 anos a Haas não tiver vencido na F1, será um fracasso e irá ponderar o futuro. Mas é um objetivo claramente ambicioso, tendo em conta que em 2021 haverá mudanças na F1. A Force India, que é uma das equipas que melhor cresceu nos últimos anos, irá celebrar uma década de corridas em 2018 com apenas 5 pódios no currículo. A Sauber (sem contar com o tempo em que foi BMW-Sauber, ou seja, sem o apoio forte de uma marca) nunca venceu na F1 e compete desde 1993. Em 11 anos de Toro Rosso a equipa apenas por uma vez venceu.

A ambição de Gene é compreensível, mas os números mostram que muito dificilmente uma equipa privada vence na F1, uma tendência que se acentuou significativamente nos últimos anos, dada a exigência e crescente complexidade da modalidade. Basta ver o exemplo da Williams, uma equipa já muito bem estabelecida que não vence desde 2012, a ‘tal’ de Pastor Maldonado em Barcelona, uma vitória isolada depois de um período de oito anos sem vencer.

A postura da equipa tem sido a mais eficiente e as escolhas parecem ter sido acertadas, mas para uma equipa de F1 vencer, é preciso investir muito. E para ser uma equipa de sucesso do meio da tabela não é preciso necessariamente vencer, mas sim ser regular, olhando para o exemplo da Force India. O sucesso é também uma medida relativa, que não pode ter apenas como barómetro as vitórias. A Haas fez bem à F1, pode ser a embaixadora do Grande Circo nos EUA que a Liberty Media quer. Falta também um piloto dos “States” dar o salto e a Haas é a melhor porta de entrada. O caminho faz-se caminhando e há ainda passos importantes a dar. Esperemos que a sede de vitórias não prejudique um projeto que pode dar certo… a seu tempo.

 

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rodríguezbrm
rodríguezbrm
7 anos atrás

Fábio Mendes, uma sugestão para si, e quem sabe, pode ser que abra o precedente de dialogar aqui com os foristas: Em vez de alinhar em rebaixar o piloto mexicano que nem o nome vocês escrevem corretamente, que tal também fazer um artigo sobre as declarações do Boss/ CEO … da Lotus a contar-nos a vantagem que o Grosjean teve em Spa / 2015 e que lhe valeu um pódio inesperado ? Eu fui um dos que desconfiou logo do que se passou e que vem repetindo que a Haas sacaneou o piloto que foi substituído, “justificadamente”, como você e… Ler mais »

rodríguezbrm
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7 anos atrás
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