HÁ 20 ANOS: Portugal teve um Campeão do Mundo de F1…Histórico

Por a 26 Junho 2024 11:20

Em 2004, Rodrigo Gallego sagrou-se Campeão do Mundo FIA de Fórmula 1 Históricos (FIA Historic Formula One), com as cores do Sporting Clube de Portugal, ao volante de um March 761 da Classe B (carros pós 1971 – sem efeito de solo).

É verdade, já lá vão 20 anos desde que Rodrigo Gallego fez história para Portugal. Na altura com 39 anos, e a disputar a sua segunda temporada na F1 “histórica”, Rodrigo Gallego conquistou a coroa de Campeão do Mundo.

O seu sonho na altura era chegar ao Mónaco e, durante a cerimónia de entrega dos prémios da FIA, estar lado a lado com Michael Schumacher: “Os dois únicos Campeões do Mundo de F1. Ele,

dos atuais; eu, dos históricos! Nunca irei esquecer” , disse-nos na altura, como não esqueceu a corrida que lhe deu o título, uma tarde com sol e nuvens: “Estava bastante ansioso, antes da corrida.” – confessou, adiantando a “pena” que teve por ter tão pouca gente a apoiá-lo: “Sinceramente, esperava ter muito mais, alguns milhares, mas isso não aconteceu.” Por isso, depressa se concentrou na corrida da sua vida: “Pensei em ganhar alguns lugares no arranque, passando junto ao muro das boxes, mas um Tyrrell arrancou e encostou logo desse lado e furou-me os planos. Perdi então um lugar mas, depois, ganhei dois ou três e passei a controlar as coisas” com a caixa de velocidades, a três voltas do fim: “Tinha que fazer a Variante com toques de embraiagem, pois a quarta não tinha força.” Tudo correu bem felizmente, “mas só percebi que tinha ganho quando vi a bandeira de xadrez. Perdi totalmente a noção das voltas e, além disso, não havia informação de quantas faltavam para o fim da corrida.”

Na altura, sem palavras para explicar a sua emoção, pois “não encontrou, no vocabulário português, palavras para exprimir aquilo que sinto”, é altura de pensar no futuro: Estou muito confuso! Isto foi

tudo inesperado e agora os meus amigos e a minha família querem que cumpra a promessa que lhes fiz, de deixar de correr, caso vencesse o campeonato. Mas não sei: estes carros apaixonam-me.”

Mesmo assim, apesar de todos os receios e das pressões, Gallego não tem dúvidas: “Não quero deixar de correr!”

Já agora, recordamos o texto da corrida que deu o título ao português

Duncan Dayton dominou última prova do FIA TGP

GALLEGO É CAMPEÃO DO MUNDO

O Estoril Historic Festival foi um sucesso, pelo menos, em termos desportivos, já que o

público virou costas ao Estoril. Nesta jornada de memórias e de saudade, o português

Rodrigo Gallego sagrou-se Campeão do Mundo de F1 Históricos e os entusiastas puderam

assistir a uma mão cheia de grandes corridas, entre elas o Troféu Datsun

A última prova do campeonato FIA TGP, designado este ano pela entidade federativa internacional como “World Championship”, foi um feudo do norte-americano. Duncan Dayton, um homem experiente em muitas categorias no seu país e que dominou desde os treinos a prova portuguesa. Contudo, esta valeu pela conquista do título mundial pelo português Rodrigo Gallego.

O piloto da equipa belga MEC Auto chegou ao Estoril na frente do Campeonato, bastando-lhe controlar o seu principal rival, Mike Wrigley, classificado cinco pontos atrás de si no “ranking” de Pilotos. E fêlo da melhor forma, mesmo se não foi fácil – e quase ia sendo

atraiçoado pela mecânica, a três voltas do final da prova: “Fiquei apenas com 4ª e 5ª velocidades. Percebi que, se reduzisse, teria problemas, mas que se utilizasse só essas duas relações da caixa conseguiria chegar ao fim. Mesmo sabendo que iria perder lugares, nunca seria além do terceiro da classe e isso era suficiente.”

Dito e feito: Gallego terminou em segundo da sua classe, a de carros sem efeito de solo e, como o seu rival acabou em terceiro, embora na “D”, era sua a coroa de Campeão do Mundo. Tudo porque a peculiar regulamentação do TGP potencia as classificações à classe, em detrimento da classificação à geral…

PROVA MUITO ANIMADA

Ver uma prova de F1 com estes carros, alguns deles com quase três décadas de vida, mas sempre parecendo acabados de construir, é impressionante. Pela velocidade com que todos enfrentam as travagens para as curvas, em monolugares longe das actuais especificações de segurança, e quase todos de uma época que foi mortífera na F1. Basta referir que a corrida teve 11 voltas e durou pouco mais de um quarto de hora… Em termos desportivos, logo na volta de formação (alinharam todos os 27 carros inscritos, mesmo aqueles que ficaram nos treinos além da regra dos 107 por cento sobre a “pole” em cada classe) ficou parado o magnífico Cooper T86/Alfa que foi pilotado pelo malogrado belga Lucien Bianchi. E, no arranque, ficou o Arrows A4 de Hubertus Balsen, “encostando” antes da primeira curva o Tyrrell 011/6 de John Wilson. A idade tem destas coisas! Portanto, a prova resumiu-se a uma contenda, ombro a ombro, entre os 24 carros restantes. E que contenda! Basta dizer, para concluir, que os três primeiros rodaram

sempre colados, embora sem alterarem as posições relativas – por isso, o pódio ficou definido logo na primeira volta, com Dayton a controlar Folch e Glasel. Sobre o resto do pelotão, o interesse foi para a prova de Rodrigo Gallego, como corolário de uma época perfeita.

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