GP Mónaco F1: Notas Autosport (Parte I)
A F1 assentou arraiais no principado do Mónaco, a jóia do calendário. Uma pista exigente, impiedosa, onde apenas os melhores conseguem evidenciar-se. No Mónaco, dois anos depois de ter sido o melhor e a vitória lhe ter sido injustamente arrancada das mãos, Daniel Ricciardo voltou a provar que é um dos melhores do mundo e fez uma prestação brilhante. E quem achou a corrida aborrecida, pode ter alguma razão do seu lado (pouca), no entanto a indefinição da situação do australiano e a forma como se aguentou estoicamente no primeiro lugar deixou os fãs mais fervorosos agarrados ao ecrã. Esta tendência de achar a F1 aborrecida por tudo e por nada torna-se também aborrecida.
Red Bull – Touros indomáveis nas ruas do principado e um sorriso contagiante no final da prova
2016 foi um ano de injustiças na F1. Os fãs de Hamilton relembrarão o motor em chamas na Malásia, mas os fãs do australiano sorridente lembram certamente o episódio do Mónaco, onde um paragem nas boxes desastrosa roubou o que parecia ser uma vitória fácil. 2 anos depois, o destino parecia estar com vontade de pregar outra partida a Ricciardo, mas no final apenas engrandeceu mais ainda o seu feito. Ainda antes do meio da corrida, o MGU-K do seu RB14 resolveu deixar de colaborar, o que deixou Ricciardo com menos 160 Cv e ainda pior, praticamente sem travões no eixo traseiro, que usa os geradores de energia eléctrica para parar o movimento das rodas. O piloto foi obrigado a mudar a distribuição de travagem 7% para a frente, quando normalmente em corrida esse valor raramente ultrapassa os 2%. Ricciardo teve de cuidar do seu carro, cuidar dos travões, cuidar dos pneus, estar atento a Vettel, tudo isto com uma calma nórdica. Nunca se desconcentrou nem perdeu o norte. Venceu uma corrida supostamente fácil, mas que se tornou muito difícil. A forma como Horner o abraçou é sintomática… o feito de Ricciardo é digno de nota. Não havia dúvidas que Ricciardo é um dos melhores, mas depois do Mónaco, o seu valor de mercado aumentou e de que maneira! Já Verstappen podia ter sido também uma das estrelas do fim de semana, mas voltou a errar (6 erros em 6 corridas, uma colecção notável e pouco recomendável) e mais uma vez ficou apeado nas ruas do Mónaco, desta vez no TL3, um incidente que o impediu de participar na qualificação e que por conseguinte arruinou o resto do fim de semana. Foi um dos poucos que animou a corrida, com a recuperação do último lugar para nono, mas tem definitivamente de dosear mais a forma como arrisca. A F1 precisa de um Verstappen arrojado e destemido na hora de arriscar, mas a Red Bull precisa de um Verstappen mais ponderado e menos errático. Será que o holandês consegue encontrar o meio termo ideal? A Red Bull esteve perfeita, apresentou um carro imbatível e não facilitou em corrida, Uma exibição a lembrar os tempos pré-2014.
Daniel Ricciardo – Nota 10
Max Verstappen – Nota 7
Red Bull – Nota 10
Ferrari – Sem capacidade para intimidar a Red Bull
A Mercedes cedo atribuiu o favoritismo à Ferrari e à Red Bull e foi mesmo a Scuderia a única a tentar questionar o domínio dos Bull´s no Mónaco. Em qualificação, chegaram até mostrar mais do que se esperava e deixaram algumas interrogações no ar quanto ao detentor da pole, mas sem materializar a ameaça, e em corrida, Vettel jogou com a paciência, sabendo que Ricciardo estava com problemas. Guardou alguma vida nos seus pneus para o final da prova, mas quando começava o ataque final, o Virtual Safety Car estragou-lhe os planos. No recomeço da corrida, não teve confiança para atacar e deixou escapar Ricciardo. Não foi uma prestação sublime, mas foi o suficiente para encurtar ligeiramente a distância na tabela classificativa para Hamilton. Kimi Raikkonen teve uma corrida algo solitária, sem grandes motivos de registo. Aguentou Bottas, que estava mais rápido mas que não encontrou uma solução para encontrar o compatriota. Uma exibição sólida, discreta e sem grande exuberância… à imagem do finlandês.
Sebastian Vettel – Nota 8
Kimi Raikkonen – Nota 7
Ferrari – Nota 8
Mercedes- Contentaram-se com o terceiro lugar
Remediado. Se tivéssemos de usar apenas um adjectivo para descrever o fim de semana dos Flechas de Parta, provavelmente seria este o termo usado. A Mercedes, desde o início desta era de domínio, que apresentou carros muito fortes na maioria das pistas, mas que nos traçados mais sinuosos, especialmente nos citadinos, não mostravam o mesmo nível de desempenho. O Mónaco não era o traçado onde o poderio dos Mercedes se evidenciava mais, conseguindo no entanto vencer 4 anos seguidos, mostrando que a equipa sabia como dar a volta a cenários menos favoráveis. Nos últimos dois anos essa tendência esfumou-se e se em 2017 não tiveram resposta para a Ferrari (já em 2016, em condições normais teria sido a Red Bull a vencer) e em 2018 encararam a corrida em modo de segurança, minimizando ao máximo os estragos. Em qualificação, ficaram atrás dos adversários e em corrida contentaram-se com o resultado possível sem arriscar mais. Se Hamilton tem usado uma estratégia de duas paragens, Ricciardo teria a vida ainda mais dificultada, mas com o terceiro posto assegurado e com a posição de pista a ser tão valiosa, a equipa não quis correr riscos desnecessários e impôs um ritmo quase letárgico ao campeão britânico, talvez olhando para Bottas que com uma estratégia ligeiramente superior, não conseguiu suplantar Raikkonen. A expressão dos pilotos era de descontentamento e de alguma frustração até, mas no computo geral, foi uma boa operação para a equipa. Nem sempre é possivel vencer ou executar corridas com brilhantismo. Reconhecer as fraquezas é também uma virtude.
Lewis Hamilton – Nota 7
Valtteri Bottas – Nota 6
Mercedes – Nota 7
Force India – Finalmente Ocon
Pérez estava a roubar o protagonismo ao francês com as últimas exibições, mas Ocon tratou de responder na pista que mais protagonismo tem. A Force India poderia ter feito no Mónaco uma boa prova, mas infelizmente Pérez ficou arredado dos pontos devido a uma paragem mais lenta. Mais uma vez a Force teve problemas na troca de pneus (segunda corrida consecutiva) e estragou a corrida ao mexicano. Já Ocon esteve muito bem e só foi pena não ter segurado mais os Mercedes. As teorias da conspiração começaram logo a surgir, mas o mais certo é que Ocon tenha facilitado a tarefa para não prejudicar a sua própria corrida. O francês precisava de pontos como de pão para a boca e alcançou o objectivo. Na luta do meio da tabela, no Mónaco, a Force pareceu ligeiramente acima das restantes.
Esteban Ocon – Nota 8
Sergio Pérez – Nota 7
Force India – Nota 8
Toro Rosso – Gasly cada vez mais forte
O jovem francês foi visto desde cedo como um dos mais talentoso a chegar à F1 na senda de Vettel, Ricciardo e Verstppen. O programa de jovens pilotos da Red Bull parece ter dado uma nova estrela ao Grande Circo. Mais uma vez Gasly teve uma prestação muito boa, tendo conseguido uma vaga na Q3, que depois conseguiu capitalizar em corrida com um excelente sétimo lugar. O piloto apresentou um ritmo muito bom, e o sétimo posto é um prémio mais que merecido pela sua prestação. Ocupa agora o 11º lugar na classificação, com 18 pontos e mais que isso, com cada vez mais respeito por parte de todos. Já Hartley… tem acumulado azares que não permitem ambicionar muito mais. Desta vez foi um Leclerc destravado (literalmente) que o atirou para fora de prova. O campeão de endurance tem demorado em justificar a aposta mas não tem tido a sorte do seu lado. Os rumores da sua substituição acumulam-se mas seria novamente injusto se tal acontecesse tão cedo.
Pierre Gasly – Nota 9
Brendon Hartley – Sem nota
Toro Rosso – Nota 8
Continua…
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