GP Mónaco F1: Jogos de fortuna e azar e o recorde que Senna ainda tem

Por a 24 Maio 2024 14:10

Desde o triunfo de Juan Manuel Fangio em 1950, ao volante do Alfa Romeo 158, até à recente vitória de Max Verstappen em 2023, decorreram 70 edições do Grande Prémio do Mónaco. Oitenta, se contarmos com as pré-guerra.

Oito dezenas de corridas num circuito que, para muitos, é parte integrante e inalienável da Fórmula 1.

Contudo, à parte da componente mística e do glamour, o traçado tem vindo regularmente a ser contestado devido às suas características peculiares, que representam um desafio acrescido para os pilotos e para sua segurança, não proporcionando, em contrapartida e por norma, Grandes Prémios muito aliciantes.

No principado os jogos de fortuna e azar são uma das principais atrações, mas a roleta não roda apenas sobre o pano verde dos casinos, mas também ao longo do fim de semana no asfalto das ruas. Ao longo de tantos anos foram muitos os que levaram a banca à glória neste traçado citadino, mas também houve quem perdesse tudo, até a própria vida.

Juan Manuel Fangio teve o privilégio de ser o primeiro piloto a vencer o GP do Mónaco, a contar para o Mundial de F1, em 1950, tripulando o Alfa Romeo 158. O grande Campeão precisou de quase três e um quarto (3h 13m 18,7s mais precisamente) para cumprir as 100 voltas ao traçado e não será difícil imaginar o cansaço que ostentava no final da corrida.

O contraponto está na edição mais curta do Grande Prémio até hoje realizada, em 1984, quando decorridas apenas 31 voltas e pouco mais de uma hora de prova sob forte intempérie, o diretor de corrida, Jacky Ickx, decidiu aceder aos insistentes pedidos de Alain Prost e baixar a bandeira de xadrez, consagrando o piloto do McLaren/TAG e colocando um ponto final na extraordinária recuperação do jovem Ayrton Senna que, com esta decisão pouco consensual, perdeu a possibilidade de alcançar o seu primeiro triunfo na F1.

Mas como a vingança é um prato que se come frio, Ayrton tornou-se o ‘Rei do Mónaco’, conseguindo seis brilhantes vitórias até 1994, não sem antes, em 1988, ter falhado de forma clamorosa um triunfo incontestável, quando se despistou na curva do Portier, sendo forçado a abandonar depois de uma liderança incontestável da corrida.

Tradicionalmente o Grande Prémio mais lento da temporada foi cumprido em 1950 à média de 98,7 km/h, enquanto em 2021, Max Verstappen, no Red Bull estabeleceu o recorde que perdura, à média de 157,834 km/h.

Entre as múltiplas ‘receitas’ para ganhar no Mónaco, uma delas tem consolidado o seu estatuto de mito: partir da primeira fila da grelha de partida. E, de facto, esta é uma inegável mais-valia, já que o vencedor do GP saiu dos lugares da frente na grande maioria das vezes. Quem contrariou as estatísticas, com algum gozo pessoal, foi Olivier Panis (Ligier/Mugen-Honda), que em 1996 arrancou de um modesto 14º lugar para terminar em primeiro.

As histórias do Grande Prémio do Mónaco são intermináveis. Histórias de glória e paixão, de dor e sofrimento. No entanto e pese embora a sua ‘respeitabilidade’, esta carismática corrida vai aos poucos, forçosamente, perdendo o seu lugar de destaque na Fórmula 1.

Continua, obviamente a ser um ex-libris da competição motorizada, mas face ao que é atualmente exigível em termos de segurança e condições globais de trabalho para pilotos, equipas e comunicação social, entre outros, o traçado do Mónaco vai revelando, ano a ano, uma faceta que começa a ter dificuldades em ser compaginável com a expressão maior do desporto automóvel.

Mas a verdade é que por lá continua, pois o Mónaco é o Mónaco e a visão dos carros de Fórmula 1 a correr nas ruas do Mónaco continua a ser uma das mais incríveis do desporto. Todos os anos há um burburinho especial a partir do momento em que os carros saem para a pista no início do TL1, à medida que se vê os pilotos a ganharem confiança e ritmo e a aproximarem-se lentamente das barreiras. Ou, nalguns casos, um pouco perto demais…

Este fim de semana, mais um…

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Pmera
Pmera
3 meses atrás

Mas o Alain Prost provou do próprio veneno em 1984. Como a corrida teve apenas 31 voltas, somente foram atribuídos metade dos pontos, ou seja, 4,5 pontos ao vencedor. No final do ano o Prost perde o campeonato por meio ponto para o Lauda. Se tivessem prolongado a corrida no Mónaco mais meia dúzia de voltas, ainda que o Senna tivesse ganho, o Prost faria 6 pontos e era campeão! É o que é!

Pity
Pity
3 meses atrás

Há um pequeno erro neste texto. Senna venceu seis vezes até 1993, em 94 já cá não estava.

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