GP Espanha de F1: Pérez e Vettel alcançam o ‘impossível’

Por a 17 Agosto 2020 14:38

Sérgio Pérez voltava à competição no Grande Prémio de Espanha, depois de falhar as duas corridas de Silverstone devido à COVID-19, ao passo que Sebastian Vettel tinha no Circuit de Barcelona – Catalunya um novo chassis, após os problemas nas provas britânicas. No final de domingo à tarde ambos tinham motivos para se mostrarem satisfeitos, mesmo se nem tudo tenha corrida da forma como esperavam.

Carlos Sainz, McLaren MCL35, leads Pierre Gasly, AlphaTauri AT01, Lando Norris, McLaren MCL35, Charles Leclerc, Ferrari SF1000, Daniel Ricciardo, Renault R.S.20, Sebastian Vettel, Ferrari SF1000, and the remainder of the field at the start

As performances de ambos os pilotos eram aguardadas com expectativa, ainda que por motivos distintos.

O mexicano falhara as corridas de Silverstone no seguimento do teste positivo ao novo coronavírus antes do Grande Prémio da Grã-Bretanha. Segundo a equipa, Pérez era assintomático e não esperava que sofresse problemas físicos, muito embora a corrida de Barcelona tenha sido disputada com temperaturas elevadíssimas, devendo ser o fim-de-semana mais quente de toda a temporada.

Para além disso, passar duas corridas do lado de fora pode ser determinante para o ritmo de um piloto, uma vez que o seu colega de equipa, Lance Stroll, continuava em pista, ao lado de Nico Hulkenberg, o que lhe poderia garantir algum ascendente face ao mexicano.

Por seu lado, Vettel vinha de duas corridas em Silverstone que foram pouco menos que um pesadelo, tendo o alemão afirmado que estava a ir contra uma parede, uma vez que não conseguia compreender o porquê de existir uma disparidade de performances tão evidente para o seu colega de equipa – Charles Leclerc – que levara o problemático Ferrari SF1000 até um terceiro e um quarto lugares.

A “Scuderia”, na tentativa de dar confiança ao seu ainda piloto, garantia-lhe um novo chassis para o Grande Prémio de Espanha, muito embora deixasse bem vincado que o problema que encontrara na antiga unidade do germânico não era significativo.

GP SPAGNA F1/2020 – DOMENICA 16/08/2020

credit: @Scuderia Ferrari Press Office

Na verdade, mesmo afirmando que tudo fazia mais sentido desde a primeira sessão de treinos-livres do evento espanhol, Vettel continuou a perder para Leclerc e na qualificação não conseguiu ir além da Q2, ficando com o décimo primeiro lugar na grelha de partida, ao passo que o seu jovem colega de equipa levava o recalcitrante SF1000 até ao derradeiro segmento, assinando um, ainda assim, desapontante nono posto.

Apesar dos resultados distintos dos dois pilotos, notou-se uma aproximação do alemão ao monegasco que nas provas inglesas perdera 1,068% (Grã-Bretanha) e 0,426% (70º Aniversário) para as marcas do seu colega de equipa, ao passo que em Espanha quedara-se a apenas 0,279%.

Contudo, a natureza ultra-competitiva do segundo pelotão resultou na eliminação de Vettel logo na Q2.

Já Pérez parecia não ter falhado qualquer corrida e, na qualificação, assegurou o quarto posto na grelha de partida, batendo o seu colega de equipa, que esteve em muito bom plano ao garantir o quinto crono, ficando os dois separados por menos de dois décimos de segundo.

Vettel e Pérez tinham aspirações bem distintas para o Grande Prémio de Espanha – o alemão ambicionava alcançar os pontos, depois de ter ficado fora dos dez primeiros na segunda corrida de Silverstone; o mexicano apostava em vencer o “Segundo Pelotão” e, quem sabe, assegurar o seu primeiro pódio da época.

Carlos Sainz, McLaren MCL35, turns into a corner

No entanto, o piloto da Racing Point partia do lado sujo da pista e no arranque perdeu um lugar para o seu colega de equipa, que partiu que nem um foguete para o terceiro posto à frente de Valtteri Bottas, que tinha um pesadelo nos primeiros metros de corrida.

As primeiras curvas foram bastante disputadas, só Hamilton não se viu envolvido em qualquer luta, mas Sebastian Vettel não ganhava qualquer posição na primeira volta, tendo os pneus médios novos que montara para o primeiro “stint” sido um factor nessa falta de progressão, dado que os dez primeiros tinham pneus macios usados, que ainda assim eram mais performantes no arranque.

Num circuito em que as ultrapassagens são difíceis, nenhum dos pilotos conseguiu ganhar posições, passando Pérez a rodar a cerca de dois segundos do seu colega de equipa, ao passo que Vettel mantinha uma distância semelhante para Lando Norris, o décimo classificado.

Na canícula mediterrânica que se fazia sentir no Circuit de Barcelona – Catalunya a gestão dos pneus era de capital importância e manter uma distância que permitisse os pneus respirar era a preocupação de ambos.

A gestão das borrachas da Pirelli assumia uma nova dimensão com a possibilidade de chuva a preocupar as equipas numa corrida em que a maioria dos pilotos adoptava uma estratégia de duas paragens.

Com esta possibilidade em mente, tanto Pérez como Vettel paravam apenas na vigésima nona volta, muito embora o alemão se mostrasse pouco satisfeito com o comportamento dos médios novos que montara para a primeira parte da corrida.

Este longo “stint” deixava ambos os pilotos na janela de uma estratégia de apenas uma passagem pelas boxes, dado que seria possível, ainda que marginal, realizar trinta e sete voltas com um jogo de pneus, beneficiando da maior leveza dos carros, sem quase metade da gasolina a bordo.

A vida de Vettel seria mais difícil, uma vez que teria de montar um jogo de pneus macios usados – os duros não eram uma opção competitiva como ficou demonstrado por Alex Albon que usou estas borrachas no seu segundo “stint”. Já Pérez, que usara macios usados na primeira parte da corrida, tinha médios para a segunda metade, facilitando ligeiramente a sua vida.

BARCELONA, SPAIN – AUGUST 16: Alexander Albon of Thailand driving the (23) Aston Martin Red Bull Racing RB16 on track during the F1 Grand Prix of Spain at Circuit de Barcelona-Catalunya on August 16, 2020 in Barcelona, Spain. (Photo by Bryn Lennon/Getty Images) // Getty Images / Red Bull Content Pool // SI202008160157 // Usage for editorial use only //

Com todas as trocas de pneus realizadas o mexicano rodava no quarto lugar e o alemão em quinto, tendo este beneficiado do abandono do seu colega de equipa, que viu o motor do seu carro desligar-se na trigésima oitava volta.

No entanto, sem que a ameaça de chuva se materializasse, esperava-se que ambos os pilotos sofressem com a aproximação dos seus adversários com pneus mais frescos.

O homem da Ferrari via-se batido por Lance Stroll e Carlos Sainz, caindo para sétimo e criando atrás de si um comboio composto por Alexander Albon, Pierre Gasly, Lando Norris e Daniel Ricciardo que viram a bandeira de xadrez por esta ordem e separados por 3,332s.

Apesar dos pneus que já tinham passado claramente o seu prazo de validade, Vettel mostrou a frieza necessária para manter a sua posição, assinando a sua melhor performance desde o Grande Prémio da Hungria, quando terminou no sexto lugar.

Sérgio Pérez, por seu lado, parecia capaz de gerir a aproximação do seu colega de equipa e vencer a luta do “Segundo Pelotão”, mas uma penalização de cinco segundos, por não ter respeitado as bandeiras azuis quando fora dobrado por Lewis Hamilton, acabou por o deixar à mercê de Stroll, que vencia a corrida atrás dos três primeiros.

Carlos Sainz tinha na sua corrida caseira um novo chassis e uma nova unidade de potência na tentativa de resolver os problemas de sobreaquecimento que sofrera nas provas anteriores, o que parece ter debelado a questão.

O espanhol não conseguiu chegar-se a Lance Stroll de modo a passar Pérez – que cortou a meta em quarto – mas o sexto lugar no seu país é um resultado que deixará o piloto da McLaren um sorriso nos lábios.

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