GP dos Países Baixos F1: As decisões estratégicas da Red Bull

Por a 28 Agosto 2023 16:46

Max Verstappen venceu todas as contrariedades que o Grande Prémio dos Países Baixos lhe pôs para triunfar pela décima primeira vez esta temporada, nona consecutiva. As decisões da sua equipa nem sempre o favoreceram, mas nem isso o impediu de levar ao êxtase os fãs que forravam as bancadas de Zandvoort.

Desde o Grande Prémio de Miami, a prova neerlandesa talvez tenha sido a que mais dificuldades lançou ao Bicampeão Mundial, mas este superou todas as contrariedades, conquistando um triunfo merecido e talvez um dos seus mais extraordinários sucessos desde que chegou à Fórmula 1.

Verstappen conquistou a pole-position em condições difíceis, tendo até sido ameaçado pelos dois pilotos da McLaren, mas enquanto Sergio Pérez não ia além de sétimo, perdendo 1,3s para o seu colega de equipa, o líder do Campeonato de Pilotos estampava a sua autoridade.

Na corrida arrancou bem, mantendo o comando, mas a chuva caiu no momento errado para o chefe de fila da Red Bull, no final da primeira volta, perdendo muito tempo para o mexicano que, com uma paragem nas boxes no timing perfeito, assumiu a liderança.

Um piloto com menos fome de vencer teria baixado os braços, mas esse não foi o caso de Verstappen, que recuperou rapidamente o tempo perdido, ganhou sete segundos em três voltas, colocando-se em posição de assumir a liderança aquando das paragens nas boxes para passar para slicks e, assim que alcançou o comando, dificilmente poderia ser batido.

Só depois da bandeira vermelha – causada pela bátega de água que caiu na sexagésima volta – o neerlandês teve o seu comando exposto, neste caso a Alonso.

O Red Bull tem como principal problema, e mesmo esse é algo muito relativo, a dificuldade em aquecer os pneus e, com a pista fria, o Aston Martin do espanhol poderia ter alguma vantagem.

No entanto, Verstappen colocou-se ao abrigo de qualquer ataque de Alonso e assegurou o triunfo num dia em que Pérez nem sequer ficou no pódio, assinando uma saída de pista, que lhe fez perder o segundo posto para o espanhol, para depois ser penalizado com cinco segundos por ter ultrapassado o limite de velocidade máxima na via das boxes.

O mexicano talvez tenha sido prejudicado pelas decisões estratégicas da Red Bull, mas os seus erros uma vez mais justificaram que Verstappen tenha sido beneficiado pela equipa de Milton Keynes.

A primeira chuvada

A corrida teve o seu início ainda com a pista seca, mas já com a chuva a cair. No final da primeira volta começava a ficar claro que o asfalto iria ficar bastante molhado, exigindo a montagem de pneus intermédios.

Os seis primeiros não tiveram tempo para reagir, mas Pérez, em sétimo, foi o primeiro a entrar nas boxes para montar borrachas marcadas a verde.

Ainda durante a volta de abertura, o engenheiro de Verstappen avisou-o que teria de ser ele a tomar uma decisão, de acordo com a sua percepção da pista.

Já o mexicano, apesar do seu engenheiro o avisar que deveria ficar em pista, assumiu o risco de entrar nas boxes para trocar slicks por intermédios, avisando o ‘pit-wall’ na entrada para a última curva.

Este momento, foi importante, dado que deu tempo para a equipa para preparar os pneus, ao contrário do que aconteceu com Charles Leclerc, que só comunicou ao seu engenheiro que iria entrar nas boxes quando já estava na entrada do ‘pit-lane’, o que levou a que a Ferrari não tivesse os pneumáticos prontos para o monegasco.

Ainda com slicks, mas com a pista muito molhada, a Red Bull decidiu ainda no início da segunda volta, que Verstappen deveria parar.

Neste cenário, o neerlandês caía para décimo primeiros a 10,8s de Pérez, estando entre os dois diversos pilotos que continuaram com slicks – mas que na verdade estavam com os pneus errados e, por isso, eram desprezáveis – e Guanyu Zhou e Pierre Gasly, que tinham parado no final da primeira volta para equipar os respectivos carros com borrachas marcadas a verde.

Pérez parecia bem encaminhado para obter a sua terceira vitória da temporada, mas Verstappen tinha outras ideias.

O líder do Campeonato de Pilotos rapidamente subiu a segundo e recuperou muito tempo ao seu colega de equipa e na décima primeira volta estava a apenas três segundos do comandante da corrida.

O regresso aos slicks

Então, os pilotos que não deixaram os pneus slicks começavam a mostrar maior rapidez que aqueles que tinham parado para montar intermédios, tendo Alonso, que estava a dez segundos de Verstappen, visitado as boxes na décima volta para equipar o seu Aston Martin com borrachas marcadas a vermelho.

Na décima primeira, Pérez era avisado que agora os slicks eram mais rápidos que os intermédios que tinha no seu carro, mas sem que houvesse qualquer decisão.

Já Verstappen, praticamente no mesmo momento, era ordenado a passar pelas boxes para montar pneus macios para seco.

Pérez era chamado na volta seguinte, a décima segunda, mas isso não o impediu de sofrer o ‘undercut’ do seu colega de equipa, perdendo o comando, para seu espanto, tendo questionado a equipa sobre o facto.

No final, Christian Horner afirmou que ao contrário do habitual, em que o piloto mais bem classificado tem prioridade na paragem nas boxes, foi Verstappen o primeiro devido à ameaça de ‘undercut’ de Alonso, que poderia suplantar o neerlandês.

Mas esta teoria é discutível – seria muito difícil que o espanhol conseguisse recuperar oito segundos face a Verstappen em duas voltas.

Ainda assim, tendo como referência os diversos pilotos que se mantiveram sempre até então com slicks, a Red Bull tomou a decisão de chamar os seus pilotos às boxes demasiado tarde e se tivesse parado Pérez na mesma volta que Alonso, quando era evidente que os intermédios já não eram os pneus a ter, poderia manter o ‘status quo’ sem que houvesse qualquer risco para os seus pilotos.

A partir daí, Verstappen, no comando, estava a caminho do seu décimo primeiro triunfo da temporada, nono consecutivo, igualando o recorde de Alberto Ascari e Sebastian Vettel.

A última chuvada

Contudo, o neerlandês teria de passar por novas contrariedades, quando na sexagésima volta o céu se abateu sobre Zandvoort, alagando a pista.

Então, Pérez seguia a dez segundos do seu colega de equipa, espreitando uma oportunidade para o colocar sob pressão.

Com a chuva a fazer-se sentir, o mexicano tomou a decisão de entrar nas boxes para montar intermédios, mas só avisou o ‘pit-wall’ quando já estava na via das boxes, tal como Leclerc fizera no início da corrida, o que o levou a perder cerca de oito segundos.

Qualquer vantagem que poderia ganhar face a Verstappen esfumava-se, tendo este sido ordenado na volta seguinte a passar pelo ‘pit-lane’, apesar de não estar muito convencido da necessidade.

Já com ambos os pilotos equipados com pneus marcados a verde, a chuva intensificou-se e foi então que Pérez justificou qualquer decisão da parte da Red Bull que possa favorecer Verstappen.

No início da sexagésima terceira volta seguiu em frente na Curva 1, danificando ligeiramente a asa traseira do seu monolugar e perdendo o segundo posto para Alonso.

Com a pista completamente alagada, a Red Bull chamou os seus dois pilotos às boxes para montar pneumáticos de chuva. Verstappen realizou a operação sem dramas, mantendo o comando.

Já Pérez, bateu nos muros na entrada nas boxes, tendo a sorte de não danificar o seu carro, mas no processo suplantou o limite máximo de velocidade permitido no ‘pit-lane’, ganhando uma penalização de cinco segundos.

No final, o mexicano, enquanto o seu colega de equipa vencia autoritariamente em condições difíceis, não ia sequer ao pódio, sendo suplantado por Pierre Gasly devido à sua indiscrição na via das boxes.

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