GP do Mónaco F1: Ferrari entregou a vitória a Sergio Pérez

Por a 29 Maio 2022 17:02

Numa altura em que muito se fala da saída do Mónaco do calendário da F1, os deuses das corridas deram-nos uma prova com um pouco de tudo nas ruas do Principado. Com a meteorologia a pregar partidas e com um acidente que motivou uma interrupção a meio da corrida, os fãs tiveram um espetáculo variado. Mas o vencedor acabou por ser surpreendente. Sergio Pérez, que foi o melhor piloto Red Bull deste fim de semana, aproveitou a melhor estratégia da Red Bull e o erro da Ferrari para alcançar a vitória no Mónaco. Carlos Sainz foi o homem mais lúcido ao nível da estratégia na Scuderia, mas conseguiu apenas o segundo lugar, à frente de Max Verstappen, um furo abaixo do que faz habitualmente. A maldição do Mónaco voltou a abater-se sobre Charles Leclerc que passou de líder indiscutível da corrida, para quarto, num erro da equipa que custou caro. Foi um final de cortar a respiração, com os quatro pilotos a lutarem entre si, separados por apenas um par de metros, num grande espetáculo de F1.

Os destaques da corrida

Sergio Pérez alcançou a sua terceira vitória na F1, mas num local especial, o mais desejado de todos. A vitória no Mónaco chega depois de ter sido relegado ao papel de nº2 em Barcelona. Uma resposta em grande de Pérez, que esteve melhor que Verstappen durante todo o fim de semana. Carlos Sainz conseguiu um bom resultado e uma boa prestação para afastar fantasmas antigos. A gestão da corrida e a visão estratégica do espanhol merecem destaque. Ainda não é a vitória que tanto deseja, mas conseguiu um fim de semana sem grandes percalços o que é bom para ele e para a equipa. Charles Leclerc continua a ter azar na sua terra natal. Não cometeu erros desta vez e a culpa tem de ser atribuída à Ferrari que calculou mal as paragens e errou ao chamar Leclerc, para o último segundo retroceder, quando já era tarde. Felizmente o tempo perdido não foi muito, mas foi o suficiente para atirar o líder da corrida, que dominava sem problema, para o quarto posto. A Ferrari terá de rever bem esta corrida e evitar erros comprometedores no futuro, numa altura em que a Red Bull está por cima.

George Russell foi uma das estrelas do dia, mesmo que não tenha aparecido muito. Conseguiu passar Lando Norris e apresentou um ritmo muito bom. Não o suficiente para chegar ao quarteto da frente mas o ideal para selar o quinto lugar, à frente de Norris, que fez o melhor que podia e conseguiu pontos importantes.

Fernando Alonso acabou por ser pragmático e sabendo que não tinha hipóteses de chegar ao top 5, aguentou o sétimo lugar, prendendo Hamilton, Bottas e Vettel atrás de si. Hamilton voltou a ter um fim de semana algo cinzento, Bottas conseguiu compensar o mau sábado na qualificação e Vettel deu um ponto à equipa, numa boa corrida do alemão. Gasly foi um dos que mais posições recuperou, aproveitando a boa jogada estratégica da Alpha Tauri, Ocon ficou fora dos pontos depois da penalização, Daniel Ricciardo voltou a desiludir, Stroll e Latifi não tiveram boas corridas, Zhou teve algumas dificuldades e Tsunoda perdeu várias posições no final. O azar abateu-se sobre a Haas, com uma desistência por falha mecânica no carro de Kevin Magnussen e um acidente violento de Schumacher, mais um num citadino.

O filme da corrida

A direção de corrida decidiu suspender o procedimento de corrida uma vez que a chuva começou a cair pouco antes da hora marcada para o início. As voltas de formação foram feitas atrás do Safety Car o que foi considerado um exagero para alguns, mas a chuva começou a cair com muito mais intensidade o que deu razão a Eduardo Freitas e à sua equipa, que colocou a segurança acima de tudo e revelou-se uma decisão acertada.

A direção de corrida brilhou nesta decisão de começar a corrida sob Safety Car. Eduardo Freitas, que está ao leme da operação, colocou a segurança acima de tudo e a aposta revelou-se correta. Com os pilotos sem experiência na pista molhada, a direção de corrida achou por bem fazer várias voltas atrás do Safety Car. O arranque foi adiado para dar tempo às equipas para se prepararem para o arranque em condições diferentes. Com tudo pronto, as voltas de lançamento começaram a ser feitas sob Safety Car e nessa altura começou a chover com muita intensidade, o que obrigou a corrida a ser interrompida. Mick Schumacher referiu que nunca viu uma pista tão molhada. Apesar da confusão inicial, a decisão parece-nos correta. Não perdemos tempo de corrida, ninguém foi colocado em perigo desnecessário e as equipas fizeram as alterações necessárias para a corrida. Não foi o arranque mais emocionante, mas parece-nos o mais indicado do lado da segurança, onde Freitas não brinca. 

Uma hora depois da hora inicial do arranque da prova, os pilotos começaram a entrar nos carros para começarem a prova, atrás do Safety Car. Seis minutos depois das 15, os carros entraram em pista, já com o cronómetro da corrida a contar as duas horas. A primeira volta sob SC foi algo caótica com Nicholas Latifi a ir em frente no Gancho e Lance Stroll a bater nas barreiras, o que motivou um furo. As condições de aderência eram nulas e os pilotos começaram a corrida em bicos de pés. Lance Stroll e Nicholas Latifi quase chocaram na via das boxes ainda na segunda volta da corrida, quando entraram para colocar os pneus intermédios, numa aposta para tentar ganhar algum tempo.

Charles Leclerc começava a afastar-se de Carlos Sainz, com Sergio Perez e Max Verstappen a perder também algum tempo. Seguiam-se Lando Norris, George Russell, Fernando Alonso, Lewis Hamilton, Sebastian Vettel e Esteban Ocon. Gasly, Mick Schumacher e Nicholas Latifi não estavam a ser mais rápidos com os pneus intermédios, o que mostrava que os pneus de chuva eram a melhor solução nesta primeira fase da corrida. Vettel foi chamado para as boxes para colocar os pneus intermédios, na volta 7, quando Gasly começava a mostrar mais andamento, servindo de referência para o resto do pelotão.

Na volta 10, a distância de Charles Leclerc era de quatro segundos para Carlos Sainz, mostrando um ritmo superior ao do resto da competição. Pierre Gasly mostrava bom andamento, mas estava preso por Zhou Guanyu, sem conseguir passar o Alfa Romeo, numa altura em que Alex Albon teve de recorrer à escapatória da curva 1 para evitar problemas.

O ritmo de Gasly ia melhorando cada vez mais e já era 12º na volta 13, evidência da maior aderência dos intermédios. Mas muitos aguardavam pacientemente a pista secar mais para poderem passar diretamente para os pneus slicks e assim poupar uma paragem. Hamilton recebeu ordem para parar e colocou os pneus intermédios na volta 16. Na volta seguinte, foi Pérez a colocar também os pneus intermédios.

A luta entre Ocon e Hamilton aqueceu na curva 1 na luta pelo oitavo lugar, com o francês a defender a sua posição (com um toque), numa luta que se arrastou durante algumas voltas, com Hamilton frustrado atrás do Alpine. Charles Leclerc entrou para as boxes e calçou os intermédios, numa altura em que ninguém queria arriscar. Sainz mantinha-se na frente e queria apenas os pneus slicks, pelo que teria de esperar mais um pouco.

Na volta 21, Sainz entrou para colocar os pneus duros, tal como Leclerc, que entrou a segunda vez para colocar os pneus duros também, numa decisão surpreendente. Acabou por ser um erro da Ferrari, a chamar Leclerc para a troca, anulando essa decisão quando o #16 já estava na via das boxes. Sainz parecia ter acertado na estratégia e Leclerc parecia ter entregue a liderança ao seu colega. Na frente nesta fase tínhamos Pérez e Verstappen na frente com intermédios, Sainz com duros, Norris com intermédios e Leclerc com duros.

A Red Bull parou uma volta depois e Pérez entrou em pista na frente de Carlos Sainz e Max Verstappen entrou na pista à frente de Charles Leclerc. A Red Bull, apostou no “overcut” que resultou na perfeição e parecia agora na frente das operações.

Carlos Sainz ia perdendo o carro na reta da meta depois de ter entrado na zona molhada da pista, na tentativa de passar Pérez, que agora liderava a corrida. Os Red Bull e Ferrari lutavam entre si, enquanto George Russell era quinto e com grande ritmo, melhor que os líderes.

Mas na volta 27, um acidente violento com Mick Schumacher, motivou a interrupção da corrida. O alemão perdeu o controlo do carro na chicane da piscina. O carro ficou muito danificado, mas o piloto saiu sem problemas. O eixo traseiro do carro separou-se do resto do carro, pelo que o impacto foi severo. O Safety Car voltou a entrar em pista para permitir que os comissários tirassem os destroços da pista. O acidente de Schumacher aconteceu depois de Kevin Magnussen ter desistido com problemas na sua unidade motriz.

A corrida teve de ser interrompida para recolocar as barreiras Tecpro, com as bandeiras vermelhas a serem mostradas, o que nos daria mais motivos de interesse para a corrida. 

Na volta 30, com o Safety Car em pista, tínhamos Pérez, Sainz, Verstappen, Leclerc, Russell, Norris, Alonso, Hamilton, Ocon e Bottas. Vettel era 11º, à frente de Gasly, Ricciardo, Stroll e Tsunoda. Havia o risco de não conseguirmos chegar às 77 voltas e a corrida poderia acabar mais cedo com o relógio a esgotar o tempo máximo permitido. A direção de corrida abdicou de recomeçar a corrida com um arranque estacionário, o que beneficiava Pérez e a Red Bull. Pérez começava com os pneus médios, Sainz com os duros, Verstappen com os médios, Leclerc com os duros, Russell com os médios e Norris com os duros. 

Depois de duas voltas atrás do Safety Car, a corrida recomeçou, estávamos na volta 32 e tínhamos apenas 40 minutos de corrida pela frente.

Pérez bloqueou a roda dianteira direita na primeira volta, o que o poderia prejudicar, mas mantinha-se na frente. O Top 4 afastou-se  do resto da concorrência, com Russell a aproximar-se do quarteto da frente, mantendo o bom ritmo evidenciado durante a corrida. Lando Norris estava em terra de ninguém e pensava em tentar algo diferente, pois atrás Fernando Alonso levantou o pé e começou a rodar à volta de 3 segundos mais lento que os líderes. Alonso segurava Hamilton e começava a formar-se o comboio atrás do espanhol. Esteban Ocon foi penalizado em cinco segundos, o que significava que iria ficar fora dos pontos, penalização motivada pelo toque na luta com Hamilton. 

Na frente, Pérez ia gerindo a corrida como queria, Sainz esperava que os pneus do mexicano começassem a sucumbir ao esforço para atacar, Verstappen parecia resignado com o terceiro lugar e Leclerc estava cada vez mais longe do trio da frente. 

A 15 minutos do fim, Lando Norris entrou para as boxes mais uma vez colocando os pneus médios, tendo grande vantagem para Alonso, ainda a segurar o resto do pelotão. 

Nos minutos finais,  Sainz começou a pressionar Pérez e Verstappen começava também a aproximar-se, tal como Leclerc. Depois de 10 minutos de acalmia, os últimos dez minutos prometiam mais. As lutas aqueciam e Sainz atacava com tudo, mas Pérez defendia-se. Verstappen estava perto do Ferrari do espanhol, mas Leclerc tentava um lugar no pódio. 

Apesar da tensão e dos ataques constantes, os lugares na frente mantiveram-se inalterados até ao fim da corrida. Pérez venceu, seguido de Sainz e Verstappen no pódio. Leclerc e Russell completaram o top 5, seguidos de Norris, Alonso, Hamilton, Bottas e Vettel, contando com a penalização de Ocon.

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72 Comentários
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fbrazao
fbrazao
2 anos atrás

Bem como a esperança é a última a morrer, talvez o nível da incompetência da Scuderia tenha batido no fundo e daqui em diante seja sempre a melhorar…

ricfil
ricfil
2 anos atrás

Diz o “Checo” no final da corrida: “adoro trabalhar com esta equipa” ou algo nestas linhas.

Tivesse o Sainz não estado naquela posição na corrida e o mexicano ia cantar uma cantiga bem diferente no final da corrida – e semelhante à de barcelona.

Tenho pena que o moço ainda não tenha percebido o seu lugar naquela equipa e ainda por lá ande a sonhar com únicornios…

Quanto às regras, continuam a ser para não se cumprir. Fixe. O circo regressou à cidade. 👍

Last edited 2 anos atrás by Ricfil
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