GP do Mónaco F1: 5 histórias que prometem passar pelo paddock
A Fórmula 1 regressa no próximo fim-de-semana com o Grande Prémio do Mónaco e serão muitos os temas que alimentarão as conversas no paddock, que vão desde o circuito monegasco até aos rumores que colocam no centro das conversas Lewis Hamilton.
Mónaco e os habituais detratores
Todos os anos adeptos menos pacientes colocam em causa o Grande Prémio do Mónaco, dado considerarem que o circuito de Monte Carlo, por não propiciar as ultrapassagens, não é apropriado a uma corrida de Fórmula 1 da atualidade.
Na verdade, dificilmente o traçado monegasco seria aceite no calendário se hoje se candidatasse a uma prova da principal categoria do desporto automóvel mundial, mas é por isso que é diferente e único.
O Grande Prémio do Mónaco é um resquício do passado, de uma outra era em que tudo era feito de forma diferente.
Não se trata de ultrapassagens a cada instante, trata-se de observar aqueles que sãos considerados os melhores pilotos do mundo a dançarem com as barreiras ao longo de um fim-de-semana.
Trata-se de voltas de qualificação no limite em que a diferença entre a genialidade e bestidade se definem por diferenças quase incomensuráveis – um milímetro a mais pode deixar de ser um ‘beijo’ no rails para ser uma pancada de frustração.
Trata-se da expectativa em redor das trocas de pneus para perceber quem acerta no momento certo… Trata-se de seguir as setenta e oito voltas de prova para perceber quem comete um erro implacavelmente castigado pelas barreiras e coloca um bom resultado em causa…
Claro que, na próxima semana, veremos muitos críticos da prova monegasca, sobretudo se nada de anormal acontecer, mas o Mónaco é uma prova para conhecedores, de alta cozinha, ao passo que algumas dos novos eventos, como Miami, por exemplo, são fast-food.
Ambas são necessárias para a saúde do Campeonato do Mundo de Fórmula 1, contribuindo para o rodízio de emoções que se espera de um calendário.
Alonso e Leclerc – ameaças à Red Bull?
A Red Bull tem vindo a dominar completamente a temporada deste ano do Campeonato do Mundo de Fórmula 1, tendo vencido todas as corridas sustentadas ainda por três dobradinhas, mas no Mónaco pode ser diferente.
O exercício em que o carro de Milton Keynes é menos potente é na qualificação e Charles Leclerc já conseguiu este ano uma pole-position, para além de se ter imposto também numa qualificação para uma corrida sprint, e na sua prova mostra-se ainda mais forte nas tardes de sábado, tendo conseguido a pole-position para as duas últimas corridas monegascas.
Sabendo-se da quase impossibilidade de ultrapassar, se arrancar da primeira posição da grelha de partida, Leclerc poderá conseguir mesmo o seu primeiro triunfo nas ruas do principado.
Para além do monegasco, também Fernando Alonso já apontou por mais que uma vez que o Mónaco poderá representar a sua primeira oportunidade para bater os Red Bull.
Um dos grandes problemas do Aston Martin face ao carro de Milton Keynes é o arrasto para o mesmo nível de apoio aerodinâmico, mas no Mónaco isso não é um problema, o que poderá colocar o espanhol em pé de igualdade com Max Verstappen e Sérgio Pérez.
Este será um dos grandes motivos de interesse do fim-de-semana, mas claro que não se pode descurar uma resposta específica para os desafios monegascos…
Os upgrades da Mercedes
Finalmente, a Mercedes vai estrear o pacote aerodinâmico com o qual espera poder dar um passo em frente no desenvolvimento do W14.
Os novos componentes deveriam ser avaliados em Imola, mas a não realização da prova italiana adiou o seu baptismo de pista.
O traçado de Monte Carlo não é o mais apropriado para realizar uma avaliação mais correcta, uma vez que a pista está em constante evolução, por ser uma pista aberta ao público, mas os carros foram montados na sua mais recente configuração ainda na fábrica antes de rumarem a Imola e reverter para a especificação anterior não era exequível, uma vez que foram directamente do circuito transalpino para o monegasco.
Dificilmente haverá conclusões claras quanto à validade do novo pacote técnico da Mercedes, mas os pilotos poderão começar a sentir se é de facto um passo em frente relativamente ao carro que tinham anteriormente.
Hamilton, Leclerc, Sainz e Ferrari
É tradição alguns dos rumores sobre contratações de pilotos para anos seguintes começarem durante o fim-de-semana do Grande Prémio Mónaco – os iates e os apartamentos de diversos pilotos são propensos a encontros que seriam facilmente notados num paddock de um circuito normal.
Estes encontros acabam por transpirar para os media devido ao interesse de uma das partes envolvidas, mas desta vez, os boatos começaram uns dias antes, com a notícia de que Lewis Hamilton poderia rumar à Ferrari com um contrato que valeria mais de quarenta e seis milhões de euros por ano.
No entanto, tanto Charles Leclerc como Carlos Sainz têm contracto para o próximo ano, o que não deixa antever facilidades para que heptacampeão mundial possa encontrar um volante na formação de Maranello, muito embora o monegasco seja dado como certo na Mercedes no lugar do heptacampeão mundial.
Os rumores parece ter tido origem no lado de Hamilton, que poderá estar a usar a hipotética oferta da Ferrari como alavanca para as suas negociações com Toto Wolff, mas este será seguramente um tema ao longo do fim-de-semana monegasco, sendo os Leclerc e Sainz confrontados com a notícia.
Um casamento esperado
Já existiam rumores sobre a possibilidade de Aston Martin e Honda darem as mãos em 2026, quando entrará em vigor o novo regulamento de motores, o que foi confirmado esta semana, assegurando o regresso dos japoneses e dando à formação de Silverstone um parceiro oficial, uma situação que os seus responsáveis consideram ser determinante para chegarem ao seu objectivo de se baterem por vitórias e títulos.
Esta união alimentará bastantes conversas no paddock, questionando-se a decisão inicial da Honda em abandonar, perdendo a sua presença na Red Bull, equipa que está ainda a ajudar a vencer, para ter de encontrar refúgio na Aston Martin, que por muito que tenha dado um grande salto competitivo este ano, é ainda uma incógnita quanto à sua capacidade para lutar por títulos.
Existe também a questão dos pilotos, havendo quem assegure que a Honda pretende ter na formação de Silverstone Yuki Tsunoda, isto em 2026, o que significaria a saída de Alonso para que o japonês pudesse fazer equipa com Lance Stroll – talvez uma dupla que não ofereça as garantias desejadas.
Por outro lado, estará Alonso disposto a ficar na Fórmula 1 em 2026, quando completará quarenta e cinco anos? E a Honda, estará disposta a trabalhar com o espanhol depois do passado que têm?
Koji Watanabe, presidente da Honda Racing Corporation, já afirmou que não há problema, mas a mais de dois anos de distância e num horizonte de um piloto que já tem quarenta um anos essa é uma questão para resolver, caso a situação se apresente.