Michael Schumacher foi desqualificado, depois de ter estabelecido o melhor tempo na qualificação do GP do Mónaco de 2006, caindo para a
última posição da grelha de partida. O alemão foi considerado culpado duma manobra anti-desportiva, depois de ter parado o seu carro na
saída de Rascasse, a poucos segundos do final da sessão, impedindo Alonso, Webber, Raikkonen e Fisichella de melhorarem os seus tempos
anteriores, quando todos eles estavam em voltas rápidas.
Schumacher tinha cometido um erro no primeiro Esse das Piscinas e já sabia que não poderia melhorar a marca estabelecida na volta anterior, acabando por simular uma ligeira saída de pista duas curvas mais tarde, para garantir a pole position.
Logo no momento em que se deu o incidente as suspeitas gerais foram evidentes, pois a saída aconteceu a velocidade muito reduzida e, depois, o alemão deixou o motor morrer, quando tinha o 248 F1 em perfeitas condições para continuar em ação.
Schumacher defendeu-se, afirmando que «só posso ser acusado de ter andado no limite, pois saí de pista por estar a tentar melhorar o meu tempo. Ainda tentei fazer marcha-atrás mas o motor parou e não pude sair daquela posição.»
Depois de seis horas de deliberações, em que analisaram toda a telemetria e as conversas por rádio, os Comissários decidiram pela culpa de Schumacher. Segundo os homens da FIA «tendo comparado os dados de todas as suas voltas damos como provado que o piloto travou com força inusual e excessiva naquela parte da pista e, por isso, somos forçados a concluir que o piloto parou deliberadamente o seu carro na pista.» Por força do Artigo 116 do Regulamento Desportivo os tempos de Schumacher foram cancelados, atirando-o da “pole position” para a última
posição na grelha de partida. Para piorar as coisas Felipe Massa tinha batido no Casino na sua primeira volta lançada da qualificação, não marcando qualquer tempo, pelo que os dois Ferrari, pela primeira vez na história, ficaram nas duas últimas posições da grelha.
Condenação foi unânime
Só os homens da Ferrari defenderam a inocência de Michael Schumacher no incidente que marcou a qualificação. De resto, a condenação
foi unânime e houve quem fosse mesmo muito cáustico com o alemão. Coulthard optou por afirmar, «que surpresa o que o Michael
fez…», enquanto Briatore estava mesmo furioso: «Ele quer-nos fazer acreditar num conto de fadas, mas nem eu sou a Branca de Neve, nem vocês são os Sete Anões…» Kimi Raikkonen limitou-se a dizer que «da próxima vez que ele quiser fazer uma coisa daquelas o melhor é tapar a câmara de televisão do seu carro», enquanto Villeneuve foi, sem surpresa, dos mais duros com o alemão: «É claro que ele sabia o que estava a fazer, porque nos meus dez anos de Fórmula 1 ele foi sempre o mais incorreto. Mas se ele insiste que foi um erro de pilotagem, então têm de
tirar-lhe a super-licença, porque um disparate daquele tamanho nem o Ide teria feito!»
Nesse momento, a credibilidade de Schumacher, no que respeita a desportivismo, nunca esteve tão baixa, com todo o paddock a condená-lo de forma concludente. Há dias assim, a quase todos nós, pelo menos uma vez na vida, nos ‘para o cérebro’. A Schumacher foi naquele dia…