GP do Bahrein de Fórmula 1: Hamilton e Mercedes batem os favoritos
Max Verstappen foi o mais rápido em todas as sessões de treinos-livres, garantiu a pole-position, mas a corrida não lhe correu de feição e viu Lewis Hamilton vencer o Grande Prémio do Bahrein, que assim começou a defesa do seu título da melhor forma.
Depois dos testes de pré-temporada, a ideia dominante era de que a Red Bull estava ligeiramente mais competitiva que a Mercedes e desde os treinos-livres da prova de Sakhir que se foi verificando um ascendente da formação de Milton Keynes, sobretudo através das mãos do holandês, uma vez que Sérgio Pérez não estava ainda completamente adaptado ao seu novo ambiente.
No entanto, só na qualificação se poderia começar a confirmar, ou não, as expectativas geradas durante o defeso e Max Verstappen não as defraudou, conquistando uma pole-position autoritária, apesar de uma batalha intensa com Lewis Hamilton, que deu tudo para colocar o seu Mercedes no topo da tabela de tempos.
Contudo, o comportamento nervoso da traseira do W12 não está ao nível do míssil da Red Bull, o RB16B Honda, e o holandês não deixou escapar a oportunidade.
No final da qualificação, porém, a formação de Milton Keynes acabava a qualificação com um certo sabor a fel por entre o champanhe da vitória na primeira batalha de 2021, uma vez que Sérgio Pérez não ia além de décimo primeiro, depois de falhar a passagem à Q3 ao insistir em manter pneus médios para o efeito.
Uma vez mais, a Red Bull tinha apenas um carro para lutar contra dois Mercedes, o que viria a ter um impacto estratégico na prova.
Para agravar ainda mais a situação do mexicano e da equipa de Milton Keynes, na volta de aquecimento, o seu carro desligou-se, obrigando-o a parar em pista. Sem nunca baixar os braços e com cabeça fria, Pérez conseguiu voltar a colocar o seu monolugar em funcionamento, mas teria de arrancar da via das boxes, o que o deixava, definitivamente, fora da luta pelos lugares do pódio.
Verstappen estava sozinho na luta com os Mercedes, mas fez o que tinha a fazer no arranque, mantendo o comando com autoridade seguido de Hamilton, ao passo que Bottas se via ultrapassado por Charles Leclerc.
No entanto, a corrida seria interrompida devido ao despiste de Nikita Mazepin logo na terceira curva, obrigando à entrada em pista do Safety-Car.
No comando, Verstappen começou a sentir alguns problemas na traseira do seu monolugar, suspeitando de diferencial, mas apesar das dificuldades, manteve o comando no recomeço e ao longo das voltas seguintes conseguiu abrir uma vantagem que impedia que o seu perseguidor pudesse usar o DRS.
Entrou-se numa fase de expectativa em que era evidente que Verstappen estava a gerir o seu andamento para poder responder a qualquer ataque que lhe pudesse ser desferido pelos homens da Mercedes.
O regressado Alonso acabaria por espoletar uma jogada tática da formação de Brackey. O espanhol entrou nas boxes para a sua primeira troca de pneus na décima primeira passagem pela linha de meta, obrigando a que os pilotos à sua volta reagissem para evitar um “undercut” do espanhol.
Isto ofereceu à Mercedes espaço em pista para atacar estrategicamente e chamou Hamilton na décima terceira volta, abrindo a possibilidade de realizar uma táctica de três paragens.
Segura de uma estratégia de duas paragens e com Bottas já em terceiro e sem parar, a Red Bull mantinha Verstappen em pista, ficando exposto ao “undercut” do inglês, mas olhando para o final da corrida.
No entanto, pouco depois, na décima sexta volta, também o finlandês entrava nas boxes, o que permitiu que a Red Bull reagisse de seguida.
Na décima oitava volta, Hamilton era então o líder com 6,6s de vantagem para Verstappen, ao passo que Bottas era terceiro a dez segundos do seu colega de equipa.
Pérez estava no quarto posto, mas tinha ainda de passar pelas boxes para trocar de pneus, o que na prática o deixava fora da luta pelo pódio.
Verstappen, com pneus médios contra duros do líder, aproximou-se do Mercedes número quarenta e quatro e na vigésima sétima volta estava já a apenas 2 segundos do comando. Antes que se assistisse a um ataque do holandês, a formação de Brackley, a meio da corrida, chamou o seu piloto às boxes para a sua segunda paragem, o que era consistente com uma estratégia de três paragens.
A Red Bull mantinha o seu piloto em pista, com 20s de vantagem para Hamilton, mas Bottas parava duas voltas depois, perdendo qualquer veleidade de melhorar a sua posição, após uma paragem desastradas em que esteve 10s parado nas boxes devido a um problema na roda dianteira/direita.
Entretanto, ia ficando claro que a Mercedes não pretendia realizar mais nenhuma paragem com os seus pilotos, o que obrigava a que Verstappen, ainda com uma troca de pneus por realizar, ultrapasse Hamilton em pista, caso quisesse vencer a primeira corrida da temporada.
A questão da Red Bull passava por atrasar o máximo possível a paragem do holandês, para que pudesse ter pneus o mais frescos possível para a parte final da prova, e garantir que o seu piloto tinha as voltas suficientes para recuperar a sua desvantagem e ultrapassar Hamilton.
A equipa de Milton Keynes considerou que esse equilíbrio foi alcançado na trigésima nona volta, saindo Verstappen das boxes a menos de 8 segundos do inglês e com dezassete voltas para chegar ao comando.
Ambos com borrachas duras, mas as do holandês onze voltas mais novas, este foi-se aproximando paulatinamente do seu rival, entrando na zona de DRS na quinquagésima primeira, a cinco da bandeira de xadrez.
Na quinquagésima terceira Verstappen lançou o seu ataque à liderança – preparou-o na recta da meta para discutir a travagem na Curva 4.
No entanto, Hamilton não é um piloto inexperiente e por algum motivo é heptacampeão mundial, e deu o lado exterior ao seu rival. Para além disso, deixou a travagem para bastante tarde, o que obrigou o holandês a recorrer à escapatória para concluir a ultrapassagem.
O piloto da Red Bull tinha chegado ao comando, mas ao abandonar a pista para tal, teve de passar pela frustração de ceder a posição ao seu rival.
Com os seus pneus a deteriorarem-se e com a corrida a chegar ao seu fim, Verstappen não voltou a ter outra oportunidade para lançar um ataque, tendo Lewis Hamilton vencido o primeiro Grande Prémio da temporada, 96º triunfo na sua carreira, cruzando a linha de meta com 0,7s de vantagem para o seu perseguidor.
Bottas terminou num distante terceiro lugar, assinando a volta mais rápida da corrida, depois de ter passado pelas boxes para montar pneus médios a duas voltas do final da prova.
Por seu lado, após todas as suas desventuras e azares, Sérgio Pérez, com uma boa recuperação, viu a bandeira de xadrez no quinto posto, a menos de seis segundos do quarto posto de Lando Norris.
No final, os homens da Red Bull não conseguiam esconder a desilusão por não terem vencido a primeira prova da temporada, mas ficou claro que o RB16B é, no mínimo, tão competitivo como o Mercedes, o que dá garantias de uma época emocionante e de um grande duelo entre Max Verstappen e Lewis Hamilton – desta feita, foi o inglês que levou a melhor… esperemos pelas próximas corridas.
FIGURA: Lewis Hamilton
Vencer com melhor carro em pista dá muito trabalho, imagine-se então com um que não é o melhor. Foi o que o aconteceu no passado domingo. O Red Bull Honda era o mais forte em pista, mas com uma boa estratégia da Mercedes bem executada por Hamilton foi possível bater Max Verstappen e garantir o triunfo no primeiro Grande Prémio da temporada.
Se dúvidas houvesse quanto à motivação do inglês, este domingo foram desfeitas.
MOMENTO: 53º volta
Parecia inevitável que a cavalgada protagonizada por Verstappen após a sua segunda paragem nas boxes terminasse com uma ultrapassagem a Hamilton. E na verdade até culminou, mas ao recorrer à escapatória da Curva 4 para suplantar o inglês, o holandês foi obrigado a ceder a posição, não voltando a ter qualquer possibilidade de ataque. Numa primeira análise parece que foi o piloto da Red Bull a errar, mas a forma como o heptacampeão mundial colocou o seu Mercedes foi determinante para que o seu rival fosse para fora de pista…