GP do Bahrein de F1: Foi Max Verstappen beneficiado?

Por a 3 Março 2024 16:44

Como esperado desde que no ano passado venceu o Grande Prémio de Abu Dhabi de 2023, Max Verstappen venceu facilmente a primeira prova da temporada de 2024, o Grande Prémio do Bahrein, mas terá sido a performance do neerlandês sido facilitada pelas contrariedades dos seus adversários?

Depois da forma como o Verstappen esmagou a concorrência ao longo da temporada passada, não se esperava que as equipas perseguidoras da Red Bull pudessem apanhar a formação de Milton Keynes logo no início da época deste ano e quando o RB20 foi desvendado os alarmes soaram em toda a Fórmula 1, uma vez que a equipa de bandeira austríaca parecia ter dado um passo conceptual destemido, deixando a oposição com cópias do seu carro antigo.

No entanto, ao longo dos testes a nova máquina saída da mente de Adrian Newey não foi particularmente impressionante, muito embora todo o paddock considerasse que a Red Bull estivesse a esconder o jogo.

Ao longo dos treinos-livres do Grande Prémio do Bahrein também não foi evidente que o RB20 fosse capaz de envergonhar a concorrência, não tendo nenhum dos pilotos da formação ainda liderada por Christian Horner sido o mais rápido em qualquer uma das sessões.

Contudo, quando chegou a qualificação, foi Verstappen que se impôs, conquistando a sua trigésima terceira pole-position, igualando Alain Prost e Jackie Stewart.

Mas ainda assim, a melhor volta de toda a qualificação foi assinada por Charles Leclerc na Q2, falhando a pole-position ao perder dois décimos de segundo para o piloto da Red Bull, dado não conseguir melhorar o seu crono na sua segunda tentativa no derradeiro segmento decisivo da qualificação.

Mantinha-se então esperança de Verstappen poder ser pressionado durante a prova de cinquenta e sete voltas, apesar de ter ficado claro nos treinos-livres que em ritmo de corrida era o mais forte.

Porém, o circuito de Sakhir, de todos os que fazem parte do calendário, é o que exige maior condicionamento entre o ‘set-up’ de qualificação e o de corrida.

A pista do Bahrein é muito dura para os pneus traseiros, o que obriga as equipas a induzirem nos seus carros subviragem para manterem a temperatura das borrachas posteriores sob controlo. Porém, um monolugar subvirador é mais lento em qualificação, sendo este um equilíbrio que as equipas têm de encontrar para o fim-de-semana.

Aparentemente, Verstappen foi quem mais arriscou numa afinação de corrida, tendo até ficado surpreendido por ter conquistado a pole-position, mas na verdade, quando Leclerc não conseguiu extrair o potencial do material colocado à sua disposição, o piloto da Red Bull foi irrepreensível.

Era neste cenário que a temporada tinha o seu início, havendo ainda a esperança de que, sobretudo, o monegasco da Ferrari pudesse ser um desconforto para o Tricampeão Mundial.

O arranque correu bem a Verstappen, apesar de Leclerc ter lançado um ataque à liderança, que o neerlandês repeliu com autoridade e nas duas primeiras voltas não se verificou um andamento fulminante da parte do comandante, completando a segunda apenas com 1,5s de vantagem para o piloto da ‘Scuderia’.

No entanto, Leclerc começou a sentir problemas de travões, sentido uma diferença de 100ºC entre as rodas dianteiras, o que levou a que começasse a bloquear o eixo dianteiro nas travagens, impedindo-o de atacar, para além de estragar os pneus anteriores.

Isso levou a que George Russell ascendesse ao segundo posto e liderasse o pelotão de perseguição a Verstappen.

Porém, também o inglês da Mercedes tinha os seus problemas – uma configuração de arrefecimento demasiado agressiva no W15 levava a que a unidade de potência sobreaquecesse, obrigando Russell a fazer ‘lift and coast’, o que lhe custava cerca de 0,4s por volta.

Isto permitiu que Verstappen criasse uma vantagem de oito segundos até ao momento em que o piloto da Mercedes foi chamado para a sua primeira paragem nas boxes, na décima volta. Sergio Pérez pararia duas voltas depois, já a dez segundos e Carlos Sainz realizaria a sua primeira troca de pneus na décima quarta passagem pela linha de meta, com uma desvantagem de doze segundos.

O mexicano e o espanhol tiveram inícios agitados e até ao segundo ‘stint’ tiveram de rodar no pelotão para cimentarem a segunda e terceira posições, respetivamente, o que os obrigou a usar mais os pneus, através do sobreaquecimento, que Verstappen, que andou sempre no ar fresco, ampliando ainda mais a vantagem no ritmo deste.

A partir daqui, o neerlandês poderia gerir a corrida como quisesse, maximizando o uso dos pneus, uma vez que não tinha de responder ao ‘undercut’ dos seus perseguidores, tal a sua vantagem, ao passo que estes estavam envolvidos num duelo pelo segundo posto, sendo obrigados a reagir estrategicamente aos avanços um do outro.

Neste cenário, a vantagem que Verstappen tinha para os seus adversários foi ampliada, muito embora seja seguro que não tenha usado todo o potencial do seu Red Bull RB20 Honda para vencer o Grande Prémio do Bahrein.

Em jeito de conclusão, Verstappen continua com um ascendente significativo sobre os seus opositores, mas na primeira prova da temporada de 2024 parece ter sido beneficiado pelas contrariedades que os seus perseguidores sofreram.

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