GP de Portugal de Fórmula 1: Como tudo começou
Este processo que agora culminou com a confirmação da Fórmula 1 em Portugal teve um início. A pouco e pouco, as peças do xadrez foram-se junto e a determinada altura, os astros estavam todos alinhados. Uma coisa é certa, se Eduardo Freitas, Paulo Pinheiro e Ni Amorim tivessem ficado quietos, nada disto teria acontecido. Mas o melhor mesmo é explicar através das palavras dos principais intervenientes: “Nós, há três anos já andávamos a falar com a Liberty Media, na altura com o Sean Brachhes (ex-Diretor Comercial da F1) e fomos tentando sensibilizá-los para as vantagens do nosso País, sabendo que no modelo de negócio anterior não poderíamos competir, com os ‘fees’ que havia, portanto teria de ser uma situação excecional. Depois tentámos ficar com os testes oficiais, por isso fizemos homologação de Grau 1, ainda com o Charlie Whiting, e quando tivemos a última inspeção de pista pelo Charlie Whiting (ex-diretor de corrida da FIA, falecido em março de 2019), no relatório de pista foi feito algo que nunca tinha visto nos anos que tenho disto, que é haver um elogio à pista feito pelo Charlie Whiting a dizer que nós merecíamos ter uma corrida de Fórmula 1.
O descritivo da inspeção, muito favorável, foi muito bom para nós, e eu acho que mudou um bocadinho a maneira como olhavam para nós, as equipas e depois a própria Liberty.
Obviamente que quando há esta situação, com o cancelamento do GP da China, logo no início, em fevereiro, foi logo cancelado, o Eduardo Freitas (ndr, Diretor de Corrida do WEC e Head of Competitor Safety da FIA), diz-me: Paulo, foi cancelado o GP da China, talvez haja aqui uma oportunidade” começou por dizer Paulo Pinheiro, que em ligação com Ni Amorim e com a FPAK, deram passos decisivos: “Eu falei com a Chloe (ndr, diretora de relações de negócios e promoções da Liberty Media, Chloe Targett-Adams) e nós fomos tentando sensibilizar as diversas entidades para as vantagens de correr em Portugal. Fui sendo um bocadinho chato, acho eu que se calhar chato demais, mas depois finalmente em junho a Liberty contatou connosco relativamente à possibilidade de termos uma corrida em Portugal. A partir daí foi um processo muito rápido, num mês conseguimos fechar aquilo que era o modelo básico e geral do que era ter aqui uma corrida em Portimão”, disse Paulo Pinheiro.
Do lado da FPAK, Ni Amorim, enviou uma carta ao Presidente da FIA e ao Secretário Geral, manifestando a disponibilidade do AIA acolher um dos Grandes Prémios em 2020: “Em finais de março, quando verificámos que as fronteiras estavam fechadas, quer as da Europa, quer a intercontinentais, vimos logo que ia haver muitos problemas para se realizarem provas internacionais, e à medida que fomos vendo provas a ser canceladas, decidimos fazer uma carta ao presidente da FIA, Jean Todt, e ao Secretário Geral da FIA, Peter Bayer, a dizer que tínhamos circuitos em Portugal (ndr, Estoril e Portimão) homologados em grau 1, nomeadamente Portimão que é um circuito muito mais recente. Se fosse preciso por consideração do promotor (ndr, a Formula One Management), de que se fosse necessário haver provas de substituição, Portugal estava aqui para se ver o que se poderia fazer. Isto naturalmente articulei com o Paulo Pinheiro (ndr, CEO do AIA), dei conta da diligência que a FPAK fez, e decidimos esperar para ver o que poderia surgir. Em finais de de maio troquei impressões com o Paulo Pinheiro, e apercebemos-nos que a carta tinha surtido efeito porque as equipas de F1 falavam da hipótese Portimão e o promotor passou a olhar para Portimão como uma possibilidade forte…” disse Ni Amorim. O resto é história, com o anúncio feito agora do regresso da F1 a Portugal.