GP de Itália de F1: Bottas e Verstappen desaproveitam ‘crises’ de Hamilton

Por a 7 Setembro 2020 09:11

A Red Bull chegou a Monza esperançada em conseguir estar mais próxima da Mercedes e Valtteri Bottas esperava ganhar terreno face ao seu colega de equipa na luta pelo título, mas no final, e apesar de Lewis Hamilton ter terminado apenas em sétimo, ninguém conseguiu impactar a campanha do inglês rumo ao seu sétimo título.

Resumo da Corrida – CLIQUE AQUI PARA VER O VÍDEO

O Grande Prémio de Itália era aguardado com elevada expectativa, uma vez que era na oitava prova da temporada deste ano que entrava em vigor a directiva técnica que proíbe a utilização de modos de potência mais agressivos – os famosos “party-modes”.

A Mercedes era quem mais poderia perder com esta medida da FIA, dado ter um modo de qualificação extremamente eficaz, e a Red Bull assumiu que tinha trabalhado para que a entidade federativa obrigasse à utilização de um único modo de potência desde a qualificação até ao final da corrida, havendo excepções muito especificas para que isso não aconteça.

Porém, se excluirmos a Ferrari, que tem inúmeros problemas com as suas unidades de potência, pareceu que foi a Honda quem mais perdeu com a introdução da mais recente directiva técnica e na qualificação Max Verstappen não conseguiu melhor que o quinto lugar, sendo batido pelos dois Mercedes, com Hamilton a conquistar a sua nonagésima quarta pole-position, por Carlos Sainz e por Sérgio Pérez.

No final da qualificação, o holandês estava quase a um segundo para o inglês e queixava-se do comportamento do seu Red Bull RB16 Honda, que sem o nível de potência dos Mercedes, também não era capaz de o acompanhar nas poucas curvas de Monza.

Bottas, por seu lado, vendia cara a derrota a Hamilton, os dois ficaram separados por menos de um décimo de segundo, mas no final era obrigado a vergar-se mais uma vez perante o seu colega de equipa, continuando sem conseguir contrariar o ascendente do Campeão do Mundo.

As esperanças tanto de Bottas como de Verstappen passavam por um bom arranque, que permitisse ao finlandês bater o seu colega de equipa e ao holandês colocar-se em contenção por um lugar no pódio.

Contudo, ainda antes da do semáforo, na verdade ainda antes da grelha estar formada, já Bottas mostrava alguma intranquilidade, falhando a travagem para Variante della Roggia na sua volta de saída das boxes, o que o obrigou a passar violentamente pelos correctores da chicane.

O Mercedes W11 pode ter passado incólume aos maus tratos do seu piloto, mas a confiança deste pareceu ficar comprometida e isso poderá ter-se reflectido no seu arranque para a corrida.

Quando as cinco luzes dos semáforos se apagaram, Hamilton saiu como uma bala direito a Variante del Rettifilo, mas o finlandês teve um arranque muito fraco, ficando imediatamente na linha de mira de Carlos Sainz, que o ultrapassou ainda antes da primeira travagem.

Mas o pesadelo de Bottas não ficava por aqui, sendo acossado por Lando Norris na primeira curva. O piloto da Mercedes conseguiu repelir o ataque do jovem piloto da McLaren, mas voltou a estar sob pressão na Variante della Roggia.

O inglês, por fora, colocou-se lado a lado com o amorfo Bottas e, na saída, conseguiu relegá-lo para quarto.

Na tentativa de sair bem da segunda de Lesmo e tentar reconquistar o terceiro posto, o piloto da Mercedes saiu largo e perdeu imediatamente um lugar para Sérgio Pérez e outro para Daniel Ricciardo, que relegou o finlandês para sexto.

No espaço de menos de uma volta, Bottas perdia quatro lugares e qualquer expectativa de lutar pela vitória em circunstâncias normais.

O arranque de Verstappen era também penoso, vendo-se remetido para sétimo por Norris e Ricciardo ainda antes de chegar à Variante del Rettifilo, em aceleração pura, sendo ainda obrigado a ter muita atenção a Lance Stroll, que se mostrou muito ameaçador.

No final da primeira volta tudo parecia correr de feição a Hamilton que estava no primeiro lugar, perseguido por um McLaren e tendo entre ele e o seu colega de equipa quatro carros, ao passo que o segundo classificado no Campeonato de Pilotos estava ainda mais atrás.

Para se sentir mais confortável, nem Bottas nem Verstappen conseguiam recuperar qualquer posição ao longo das primeiras voltas.

Num dia de muito calor – 27ºC no ar e 35ºC na pista – o arrefecimento dos Mercedes estava dimensionado para rodar no ar fresco e, para além disso, tinha demasiada asa para poder ter a velocidade de ponta suficiente para permitir ultrapassagens – quando se arranca da frente, não é preciso ultrapassar.

Isto deixou Bottas na situação de não conseguir pressionar Ricciardo e ter ainda de enjeitar o cone de aspiração do Renault para poder arrefecer a sua unidade de potência.

Verstappen encontrava-se num comboio de carros todos com acesso a DRS e, nestas condições, as ultrapassagens eram quase impossíveis.

Perante este cenário, Hamilton rodava num ritmo capaz de proteger os componentes do seu monolugar e construir uma vantagem para Sainz, que não tinha qualquer possibilidade de acompanhar o inglês.

Na décima nona volta tinha já mais de treze segundos de vantagem para o espanhol da McLaren, mas a queda do inglês tinha já começado na volta anterior.

Kevin Magnussen tinha parado na zona interior da Parabólica com problemas na unidade de potência no seu Haas, a curta distância da entrada na via das boxes.

Michael Masi, o director de corrida, decidiu enviar o Safety-Car para a pista e fechar a via das boxes para que o carro da formação de Kannapolis pudesse ser deslocado para o interior do circuito.

As equipas foram informadas da decisão através dos monitores de tempos, na página quatro, e os pilotos através de dois sinais luminosos colocados na saída da Parabólica, indicando que a via das boxes estava fechada.

No entanto, Lewis Hamilton foi chamado pela sua equipa às boxes, com o intuito de aproveitar a situação de Safety-Car, o que o deixou nas mãos dos comissários, tendo sido imitado por Antonio Giovinazzi.

A corrida foi retomada na vigésima quinta volta e Hamilton tinha agora no seu encalço Stroll, Gasly, Raikkonen e Giovinazzi, mas a penalização que pendia sobre si era preocupante, uma vez que o pelotão estava compacto devido ao Safety-Car.

A acção rapidamente seria neutralizada novamente na vigésima sexta volta, desta feita, devido ao violento despiste de Charles Leclerc na Parabólica, que na tentativa de espremer todo potencial do seu lento Ferrari, viu a traseira fugir-lhe e, ao tentar corrigir, o seu SF1000 saiu disparado contra as barreiras.

Os danos nos muros de pneus eram extensos e Masi decidida parar a corrida com bandeiras vermelhas, seguindo todos os carros para a via das boxes. Então, já era conhecida a penalização de Hamilton e de Giovinazzi – um “stop & go” de dez segundo.

Com um novo arranque a partir da grelha de partida e com a penalização a ter de ser cumprida no espaço de três voltas, Hamilton cairia, seguramente, para último e bastante distante dos lugares do pódio.

A corrida esteve interrompida durante vinte e seis minutos e, no arranque, o inglês manteve a liderança, mas quando cumpriu a paragem de dez segundos na boxe, caiu para décimo sétimo e último, a mais de vinte segundos de Alex Albon e a quase trinta de Pierre Gasly, o líder.

Entre aqueles que são apontados normalmente como seus adversários directos, Verstappen abandonava na trigésima primeira volta com problemas na unidade de potência do seu Red Bull, ao passo que Bottas, em sexto, continuava sem conseguir encontrar uma forma de ganhar lugares, mantendo-se no encalço de Norris.

Hamilton por seu lado, ia cavalgando, mostrando o verdadeiro potencial do seu Mercedes – assinou a volta mais rápida da corrida, que deixou a segunda, assinada por Carlos Sainz, a mais de um segundo – e foi despachando sucessivamente Albon, George Russell, Romain Grosjean, Nicholas Latifi e Kimi Raikkonen, até chegar ao escape de Sérgio Pérez.

Os monolugares com unidades de potência Ferrari sofriam com a falta de performance desta e eram presas fáceis para inglês, assim como os Williams, que tinham muito arrasto, sendo o Racing Point o primeiro carro com o qual se esperava ter as dificuldades pelas quais passava Bottas.

No entanto, enquanto o seu colega de equipa se via e desejava para tentar colocar Norris sob pressão, Hamilton passava sem grandes dificuldades o mexicano e, logo de seguida, Kvyat e Ocon na penúltima volta, terminando no sétimo lugar, uma posição atrás do finlandês.

Numa tarde em que tudo lhe parecia correr de feição, Campeão do Mundo teve de se aplicar a fundo para chegar a sétimo, mas face à falta de agressividade de Bottas e aos problemas do Red Bull de Verstappen, manteve a vantagem de quarenta e sete pontos para o segundo classificado no campeonato, que agora é o seu colega de equipa.

Se os seus adversários não aproveitam as oportunidades quando tudo corre mal a Hamilton, então será difícil, para não dizer impossível, que alguém lhe trave a caminhada rumo ao seu sétimo título mundial.

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