GP Cidade do México de F1: Mercedes branda e Verstappen ‘esmaga’
No sábado parecia que a Mercedes poderia vencer o Grande Prémio do México, mas no domingo, em pouco metros, a Red Bull deu a volta por cima e Max Verstappen protagonizou a sua prestação mais dominante da temporada, triunfando pela nona vez este ano.
A teoria dominante para a prova da Cidade do México era que a formação de Milton Keynes, no Circuit Hermanos Rodriguez, teria vantagem face à sua rival, dada a elevada altitude da pista, 2 285 metros, a mais elevada do calendário.
Isto tinha reflexo nos motores, obrigando os turbos a funcionar mais intensamente, o que coloca problemas ao V6 turbo híbrido alemão que tem um turbocompressor de maiores dimensões que o da Honda, causando maior sobreaquecimento.
Para além disso, o ar rarefeito, obriga ao uso dos pacotes aerodinâmicos de maior carga, os do Mónaco, muito embora as velocidades atingidas sejam semelhantes às de Monza.
É sabido que o Red Bull RB16B Honda gera mais apoio aerodinâmico que o Mercedes W12, que cria o seu apoio de uma forma mais eficiente, logo sem tanto arrasto, mas sem chegar aos valores absolutos do seu rival, mas no México a vantagem estava do lado do carro azul.
Ainda assim, surpreendentemente, os homens da Mercedes conseguiram monopolizar a primeira linha da grelha de partida para a prova mexicana, com Valtteri Bottas a liderar Lewis Hamilton.
A equipa de Brackley melhorou significativamente os seus carros de sexta-feira para sábado, mas mais determinante do que isso foi a péssima performance da Red Bull na qualificação, ampliada pelo fracasso da forma como orquestrou um cone de aspiração de Sérgio Pérez a Max Verstappen.
Na saída dos ‘esses’, nas costas do circuito, o mexicano distraiu-se com Yuki Tsunoda, que passava pela escapatória para não importunar Pérez, e saiu de pista. Com bandeiras amarelas, Verstappen, que vinha no encalço do seu colega de equipa, teve de levantar o pé, ficando com o terceiro lugar na grelha de partida, com o mexicano ao seu lado.
A Red Bull sofria uma derrota inesperada e tinha muito em que pensar, até porque os Mercedes mostravam que poderiam ser muito mais ameaçadores.
Mas tal como no sábado a Red Bull ficou aquém do esperado, também a sua rival não aproveitou a oportunidade no domingo.
Bottas e Hamilton arrancaram bem para a corrida de setenta e uma voltas, mas com uma longa recta até à primeira travagem, o cone de aspiração era poderoso e permitia aos pilotos que o conseguissem usar uma grande vantagem.
Verstappen não arrancou melhor que os dois da frente, mas usou o vácuo criado pelo Mercedes de Bottas para recuperar e, sem que este esboçasse qualquer intenção de lhe fechar o lado de fora, criticamente, o mais limpo, o holandês foi o último a travar e quando saiu da primeira curva estava já em primeiro.
Para agravar ainda mais a situação da Mercedes, Bottas travava cedo, de modo a deixar passar Hamilton, acabando por sofrer um toque ligeiro de Daniel Ricciardo, que foi muito agressivo na travagem, sofrendo um pião.
O Safety-Car entrou em pista – para recuperar os carros de Mick Schumacher e Yuki Tsunoda que se envolveram num toque com Esteban Ocon para evitar o Mercedes – permitindo que Valtteri Bottas entrasse nas boxes para montar pneus duros, mas este nunca recuperaria, ficando fora dos pontos.
Subitamente, a Mercedes via uma situação de vantagem transformar-se numa de grande desvantagem, uma vez que Hamilton ficava em segundo lugar entre os dois Red Bull, e com Verstappen no comando, ficando numa situação estratégica difícil.
Para agravar a situação do inglês, rapidamente ficou evidente que não conseguia acompanhar o ritmo avassalador do holandês, que ganhava tempo consistentemente ao seu perseguidor, detendo uma vantagem de mais de nove segundos, quando estavam cumpridas vinte e oito voltas e isto com as primeiras quatro realizadas com Safety-Car.
Por outro lado, tinha Pérez a apenas um segundo e meio e, num circuito em que o ‘undercut’ é poderoso, era uma verdadeira ameaça ao seu segundo posto, razão pela qual, assim que se abriu uma janela para realizar a sua paragem nas boxes, a Mercedes chamou o seu piloto de modo a defender o segundo lugar.
Com uma margem muito confortável, Verstappen dava-se ao luxo de parar quatro voltas depois, mantendo facilmente o comando e ficando com pneus mais frescos que o seu rival.
Dificilmente algo poderia impedir o holandês de vencer o Grande Prémio do México, o que fez sem sobressaltos, cruzando a linha de meta com mais de dezasseis segundos para o seu adversário na luta pelo Campeonato de Pilotos.
Hamilton por seu lado tinha ainda a ameaça de Sérgio Pérez, que a correr perante um público que só tinha olhos para ele, estava determinado em lhe dar algo para celebrar.
Se a possibilidade de realizar o ‘undercut’, com a defesa da Mercedes, a Red Bull decidiu estender o “stint” do mexicano com o intuito de ter pneus mais frescos e poder realizar um ataque ao segundo lugar do inglês nas voltas finais da prova.
Pérez parou na quadragésima volta, onze depois de Hamilton, saindo das boxes a pouco mais de dez segundos deste e com trinta voltas para realizar a sua recuperação.
O piloto da Red Bull foi-se aproximando consistentemente do seu adversário e na quinquagésima nona volta começou a ficar em zona de DRS.
Porém, a superior velocidade de ponta do Mercedes foi determinante para que Hamilton não sofresse um verdadeiro ataque, assim como a intervenção de alguns retardatários, e o inglês conseguiu manter o segundo posto numa limitação de danos que não impediu que Verstappen disparasse no comando do Campeonato de Pilotos, tendo agora uma vantagem de dezanove pontos – o equivalente a um segundo lugar e a uma volta mais rápida.
Apesar de não ter conseguido desfeitear o inglês, Pérez terminou em terceiro, tendo sido o primeiro mexicano a subir ao pódio de um Grande Prémio do seu país, levando o público, e o seu pai, ao delírio.
Valtteri Bottas, ironicamente, passou a corrida toda na traseira de Ricciardo, tendo sido chamado às boxes na ponta final da prova para montar um jogo de pneus macios e, assim, roubar a volta mais rápida a Verstappen.
A primeira tentativa falhou, a Mercedes colocou-o no caminho do holandês e apanhou bandeiras azuis, tendo voltado a chamá-lo para nova tentativa, que desta feita deu frutos, negando o ponto pelo exercício ao piloto da Red Bull.
Acho que o ponto extra para a melhor volta deveria ser de quem foi a melhor volta entre os dez primeiros, isso evitaria jogadas da mercedes (em minúsculas mesmo) que se não me engano foram mais de 5 esse ano. Outra hipótese, após decorrido 75 % da corrida não vale trocar o pneu só para conseguir o ponto extra.