GP Azerbaijão F1: O ‘programa sprint’ e o que esperar da corrida a ‘sério’
Este sábado, durante o evento do Grande Prémio do Azerbaijão, estrearam-se as modificações aos fins-de-semana sprint, mas será que acrescentam alguma coisa? E poderá Charles Leclerc lutar com os Red Bull pela vitória na corrida a ‘sério’?
A forma como decorria anteriormente os eventos sprint não acrescentava muito ao programa, uma vez que, na maioria dos casos, os pilotos, para não arriscarem perderem muitas posições na grelha de partida para o Grande Prémio, aquilo que verdadeiramente interessa, mantinham uma postura mais defensiva, o que criava poucos motivos de interesse nas corridas de sábado.
Os responsáveis comerciais pela Fórmula 1 consideraram que, tornando a ‘Sprint Race’ completamente independente do Grande Prémio, criando uma qualificação dedicada, denominada de ‘Sprint Shootout’, poderia apimentar o seu ‘bebé’.
No entanto, olhando para o sucedido este sábado em Baku, pouco mudou, e o que mudou foi para pior.
Num circuito em que os acidentes podem ter proporções épicas – que o digam Nyck de Vries e Pierre Gasly – a generalidade dos pilotos contentou-se com as suas posições após a primeira volta depois da situação de Safety-Car provocada por Yuki Tsunoda, assistindo-se a uma corrida sem grandes motivos de interesse.
Na verdade, nenhum quer correr o risco de danificar seriamente o seu carro e comprometer o resultado do Grande Prémio e isso impede que os planos da FOM, de emoções a rodo concentradas em meia hora, sejam alcançados.
A nova ‘Sprint Shootout’ nada mais é que uma cópia da verdadeira qualificação, que se disputou na sexta-feira, mas sem a carga dramática desta.
Foi quase um não evento, uma espécie de repetição que não se destaca por si só, criando confusão nos novos adeptos que veem um piloto ser o mais rápido numa qualificação e ser detentor da pole-position e outro, que neste caso foi o mesmo, a impor-se num exercício semelhante, mas sem muito para mostrar.
O mesmo se pode dizer da corrida sprint, que não tem pódio, mas para surpresa dos três primeiros tinham desta vez uma placa como troféu, que as receberam quase com indiferença… Não há a pompa do final de um Grande Prémio…
No fundo, estes eventos apenas desvalorizam a qualificação e o Grande Prémio sem dar muito, ou nada, em troca.
O formato clássico tem o condão de criar antecipação entre todos os envolvidos na Fórmula 1, desde os pilotos até ao público, havendo um crescimento gradual da importância de cada dia.
Talvez se possa criar alguma coisa para tornar as sextas-feiras mais interessantes, mas os atuais eventos Sprint não estão a ajudar, parecendo apenas um subterfúgio artificial para criar emoção desprovida de sentido.
O maior contributo da prova de sábado para o evento do Grande Prémio da Azerbaijão foi dar uma ideia do que poderá acontecer domingo, o que, em si mesmo, não propriamente positivo, uma vez desfaz um pouco o efeito surpresa do momento.
A primeira conclusão mais evidente que se pode tirar é que, em circunstâncias normais, os pneus macios dificilmente serão usados na corrida de amanhã.
Lando Norris e Valtteri Bottas montaram as borrachas marcadas a vermelho para a corrida sprint e não conseguiram fazer durar os pneus para as dezassete voltas, isto apesar de uma situação de Virtual Safety Car / Safety-Car de três voltas.
Se levarmos em consideração que a estratégia ideal será a de apenas uma paragem nas boxes – entre a décima terceira e décima oitava voltas para substituir médios por duros – dificilmente alguém colocará os macios na equação.
No entanto, dadas as características do circuito de Baku, que promove incidentes, a entrada do Safety-Car em pista será quase uma inevitabilidade, o que poderá abrir oportunidades estratégicas e virar a corrida do avesso.
Ainda assim, a Red Bull parte para a corrida azeri como a grande favorita, muito embora seja Charles Leclerc quem vai arrancar da pole-position.
A Ferrari está mais competitiva em Baku do que em qualquer outro fim-de-semana deste ano, mostrando-se mais próxima da equipa que venceu todos os Grandes Prémios desta temporada, mas, ainda assim, ficou evidente na corrida sprint que o SF-23 perde para o RB19 no que diz respeito à gestão dos pneus.
Leclerc conseguiu manter-se na esteia da Sérgio Pérez consistentemente até três quartos da prova, mas nas últimas voltas perdeu muito tempo e só os danos que Max Verstappen carregava no seu carro – um buraco de dimensões generosas no flanco esquerdo – o impediu de ascender a segundo.
Porém, o piloto da Ferrari está em situação de ser um incómodo para os dois pilotos da Red Bull, sobretudo se os estrategas de Maranello conseguirem aproveitar as oportunidades estratégicas que eventualmente surgirão na prova, até porque cada um deles vai ‘jogar’ para si sem pensar em garantir uma vitória para a equipa em detrimento da sua.
Pérez vai arrancar de terceiro, logo ao lado do seu colega de equipa, mas hoje, com uma performance sólida, mostrou que não está em Baku para ser escudeiro de Verstappen, o que poderá criar alguma pressão no ‘pit-wall’ da Red Bull no seguimento dos episódios recentes…
Os pilotos da equipa de Milton Keynes são os favoritos, mas muito pode acontecer na corrida de cinquenta e uma voltas.
Considero que as Sprint não acrescentam nada à F1, mas já que existem, não precisavam de inventar tanto. Uma única qualificação seria suficiente, por exemplo, o resultado do Q1 ordenava a grelha da Sprint. E acima de tudo, não pôr sprints em circuitos citadinos, entre muros. Parafraseando Carlos Sainz, “stop inventing”
Meu caro Jorge Girão, não se preocupe com a emoção para a corrida de Domingo, assim que houver oportunidade é só levantar a bandeira vermelha. Depois vamos é ter equipas lá mais para o fim do campeonato sem dinheiro para peças sobresselentes, estou para ver como estes senhores da Liberty irão resolver o problema.