GP Áustria F1, corrida Sprint deixa uma questão: poderá a Ferrari incomodar Verstappen?
O Red Bull Ring foi o palco do segundo fim-de-semana Sprint da temporada, tendo sido uma boa corrida, mas terá sido devido ao formato ou às circunstâncias? E o que esperar da corrida principal do Grande Prémio da Áustria de F1?
A pista situada em Spielberg foi o cenário do segundo evento Sprint da época, que tem um novo regulamento este ano na tentativa de tornar o dia de sábado mais animado, tendo a primeira experiência, em Baku, ficado aquém das expectativas.
Na Sprint austríaca verificou-se muito mais animação que em Baku, mas uma vez mais o que se passou em pista não teve uma ligação inerente ao formato, antes às condições climatéricas que se viveram durante todo o dia na pista da Red Bull.
Foi a temperatura da pista e o tráfego, sempre um problema no traçado de Spielberg, a impedir Lewis Hamilton de passar da SQ1 do Sprint Shootout, ao passo que George Russell foi uma questão técnica, ficando ambos os pilotos da Mercedes fora das suas posições naturais.
O mesmo se passando com Charles Leclerc, que viu uma penalização de três posições atrasá-los para o nono lugar.
Por seu lado, a capacidade do Haas em aquecer os pneus rapidamente, permitiu a Nico Hulkenberg qualificar-se em quarto, outro carro fora do seu posto normal.
Tudo isto, juntamente com uma pista molhada, mas com tendência a secar, levou a que o Sprint austríaco tenha sido mais emotivo que o de Baku, implicando que Esteban Ocon se tenha visto obrigado a defender dos carros mais rápidos que o perseguiam, o mesmo se passando com o alemão da equipa americana.
Porém, tudo isto poderia acontecer num Grande Prémio! Facilmente uma qualificação na sua hora habitual em Spielberg – com a pista molhada, mas a secar – teria produzido uma grelha de partida anormal, o que poderia criar a mesma situação numa corrida com a distância normal.
No entanto, o formato deste ano tem uma vantagem relativamente ao seu predecessor, que formava a grelha de partida para a prova de domingo.
Com a Sprint completamente isolado do Grande Prémio, os pilotos podem arriscar mais nas questões estratégicas e foi isso que hoje permitiu que alguns deles apostassem nos slicks, criando uma situação em que havia carros a recuperar a um ritmo muito mais elevado que outros, que estavam mais bem classificados, mas com intermédios –uma situação que empolga quem está a ver.
Se a corrida de sábado continuasse a formar a grelha de partida, havia mais a perder e, logo, haveria uma maior renitência em parar para montar slicks.
No entanto, é ainda difícil ver o que os fins-de-semana Sprint oferecem de especial relativamente ao formato clássico.
O que esperar da corrida que realmente interessa?
Com Max Verstappen na pole-position e sem Sergio Pérez por perto, dificilmente alguém apostará contra uma vitória do neerlandês, tal o seu domínio que vem evidenciando desde o Grande Prémio de Miami, mas existem outros motivos de interesse que poderão entusiasmar quem pretender seguir a corrida.
Mesmo que o neerlandês fuja para mais um triunfo, o sétimo da temporada e o quinto consecutivo, será interessante verificar a evolução da Ferrari, depois de no Canadá ter mostrado um ritmo de corrida bastante forte, tendo o resultado sido condicionado devido a uma má qualificação dos dois pilotos.
No entanto, o Red Bull Ring é mais exigente para os pneus, um dos problemas dos quais o SF-23 tem sofrido, que o Circuit Gilles Villeneuve, podendo o carro de Maranello ser derrotado na Áustria pelo desgaste dos Pirelli.
A Ferrari tem vindo a dar passos em frente com o seu monolugar, esperando na corrida austríaca poder permitir a Charles Leclerc e Carlos Sainz um carro mais consistente e capaz de gerir as borrachas de uma forma mais eficaz.
Se a ‘Scuderia’ tiver sido bem-sucedida com a actualização aerodinâmica que introduziu no Red Bull Ring e o SF-23 mostrar um ritmo de corrida tão consistente como no Canadá, então Leclerc e Sainz poderão ser uma ameaça ao domínio de Verstappen.
Numa prova em que a estratégia deverá ser de duas paragens – não sendo impossível três paragens, caso a temperatura seja mais elevada – o facto de a Ferrari ter dois carros no encalço do piloto da Red Bull confere-lhe uma vantagem estratégica que poderá colocar o neerlandês em dificuldades.
Não se espera que, subitamente, o carro de Maranello possa ser uma ameaça ao Red Bull em performance pura durante a corrida, mas nas condições certas, intervenções do Safety-Car ou do Virtual Safety-Car, o facto de a Ferrari ter dois carros contra um Max Verstappen pode ser uma vantagem estratégica que poderá trazer frutos à ‘Scuderia’.
Os médios e os duros deverão ser os pneus usados na corrida, tendo qualquer um dos pilotos entres os três primeiros jogos novos, portanto, isso não serão um problema ou uma vantagem para nenhum deles.
Verstappen arranca para o Grande Prémio da sua equipa como o grande favorito, mas caso a Ferrari tenha dado definitivamente um passo em frente, Leclerc e Sainz poderão incomodar o neerlandês, o que deixará a grande parte dos adeptos entusiasmados para a restante temporada.