GP Austrália de F1/2º pelotão: Desaire de Alpine beneficia McLaren

Por a 3 Abril 2023 13:38

A Alpine teve no Grande Prémio da Austrália a sua melhor performance do ano, mas um incidente entre os seus dois pilotos colocou um fim numa prova notável, cuja maior beneficiária foi a sua grande rival do ano passado, que em 2023 não tinha ainda sequer pontuado.

Na verdade, colocar a equipa da marca francesa na batalha do Segundo Pelotão de Melbourne é de profunda injustiça, uma vez que esteve muito mais perto de poder lutar com a Ferrari, Aston Martin e Mercedes, que de ser incomodado pelas suas perseguidoras.

Pierre Gasly foi o ponta de lança da Alpine em Albert Park, assegurando o nono lugar da grelha de partida, atrás do surpreendente Alex Albon, que colocou o seu Williams na oitava posição da tabela de tempos da qualificação.

Esteban Ocon não entrava na Q3, ficando no décimo primeiro posto, não concretizando a potencial do seu monolugar.

Pode-se até apontar que os pilotos da Alpine ficaram aquém do esperado na qualificação, uma vez que era esperado que os pilotos franceses pudessem ser uma ameaça para as três equipas que perseguem a Red Bull, o que acabou por não se verificar para seu desapontamento.

A McLaren mostrou um pouco mais de consistência que nas provas anteriores, com Lando Norris a ficar o décimo terceiro. Oscar Piastri, que disputava o Grande Prémio de sua casa, não conseguiu repetir o brilharete da Arábia Saudita e foi eliminado na Q1, ficando em décimo sexto.

Apesar da pouca informação reunida durante os treinos-livres, devido a bandeiras vermelhas, chuva e a uma pista cuja temperatura estava mais baixa que o esperado, na Alpine havia a expectativa de conseguir um bom resultado, ao passo que na McLaren esperava-se tentar ao máximo limitar danos, mas conseguir a estreia nos pontos já seria um feito.

No dia da corrida, a pista estava ligeiramente mais quente, mas ainda assim esperava-se uma estratégia que passava por uma paragem para trocar pneus médios por duros. Contudo, num circuito com os muros por perto, o Safety-Car poderia entrar decisivamente na equação e transformar a prova de cinquenta e oito voltas.

O arranque correu melhor aos pilotos da McLaren que aos da Alpine, muito embora estes tenha alinhado com pneus macios, com Norris a subir a décimo primeiro e Piastri a décimo terceiro, ao passo que Ocon caía para décimo quinto. Gasly subia a oitavo graças ao abandono de Charles Leclerc, que se tinha envolvido num toque com Lance Stroll.

O novo recruta da equipa de bandeira francesa tinha à sua frente o canadiano da Aston Martin, condicionado por Albon, até que este saiu de pista na sétima volta, precipitando a primeira situação em que Niels Wittich foi desde uma situação de Safety-Car justificável até um novo arranque clássico provocado por uma bandeira vermelha.

E foi a partir daqui que se percebeu o verdadeiro potencial do Alpine. Gasly alinhou na quinta posição da grelha de partida, beneficiando das paragens de George Russell e Carlos Sainz durante a situação de Safety-Car, e subiu ao quarto posto após o semáforo ao suplantar Stroll.

O francês manteve Fernando Alonso, que seguia em terceiro, no seu horizonte, mas acabou por ter de ceder uma posição a Russell, o primeiro líder da corrida.

No entanto, quando se encontrou à frente de Gasly, não se conseguiu afastar, mantendo-se o francês na zona de DRS do seu perseguido ao exibir um ritmo de corrida que em nada perdia para os carros que seguiam à sua frente, excepto para o Red Bull de Max Verstappen.

O gaulês chegou mesmo a estar entre o Mercedes e o Ferrari de Sainz, não tendo problemas em seguir o inglês e manter o espanhol atrás de si, até que no final da décima sexta volta o piloto da ‘Flecha Negra’ reduzia o seu andamento substancialmente com problemas na sua unidade de potência, o que levou ao seu abandono, promovendo Gasly a quarto.

Poder-se-ia esperar que, com quatro zonas de DRS e sem um carro à sua frente para accionar este dispositivo, o francês seria uma presa fácil para o recruta da Ferrari, mas não foi o que se verificou e, sintomaticamente, Alonso estava a apenas um segundo e meio, o que demonstra o forte andamento do Alpine.

Sainz levou oito voltas a suplantar o Gasly e, quando o passou não abriu uma vantagem para o seu adversário, levando-o na sua esteia.

A gestão dos pneus era um factor a ter em conta, mas apesar do espanhol atacar para se aproximar de Alonso, chegando a rodar na zona de DRS deste, o francês conseguia manter o ritmo do piloto da Ferrari.

Apenas a partir da quinquagésima volta se começou a sentir uma degradação do andamento do Alpine face aos pilotos que rodavam à sua frente, tendo perdido três segundos para Sainz em quatro voltas. Ainda assim, Gasly parecia em condições de poder suster os ataques de Stroll, para quem tinha uma vantagem de quase dois segundos.

No entanto, na quinquagésima quarta volta tudo mudaria.

Kevin Magnussen bateu na saída da Curva 2, deixando o seu pneu traseiro direito em pista e arrumando o seu Haas alguns metros mais à frente. Parecia ser possível resolver a questão com um Safety-Car rápido, mas Wittich resolveu mostrar novamente bandeiras vermelhas para parar a corrida, o que implicava uma nova partida segundo o método clássico, com os carros parados na grelha.

Gasly alinhou no quinto posto e Ocon, que realizou uma excelente corrida de recuperação, no décimo, mas no arranque, o novo recruta da Alpine, foi pela escapatória da primeira curva e, quando regressou à pista, desavisadamente, chegou-se para a direita, colhendo o seu colega de equipa e acabando com a corrida dos dois.

Num dia em que o Alpine se mostrava capaz de bater com Mercedes, Ferrari e Aston Martin, um erro de pilotagem de um dos seus pilotos atirava por terra um resultado significativo, saindo a equipa de Melbourne com uma mão cheia de nada, para além de saber que o potencial do A523 chega, pelo menos em algumas situações, para se bater com algumas das equipas da frente.

A McLaren, sem ter o mesmo nível competitivo, foi aproveitando as contingências da corrida para subir na classificação tendo Norris ultrapassado Hulkenberg para ver a bandeira de xadrez no sexto posto, ao passo que Piastri levou o seu McLaren até oitavo.

Numa corrida em que se mostrou mais competitiva que em qualquer outra prova deste ano, a Alpine viu a sua rival do ano passado, a McLaren, somar pontos pela primeira vez este ano e logo doze pontos de uma vez, o que lhe permitiu ascender à quinta posição do Campeonato de Construtores, imediatamente à frente da equipa do construtor gaulês.

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