Fórmula 1: Seis motivos de interesse para 2021

Por a 4 Fevereiro 2021 18:38

Estamos ainda a algumas semanas do início do Campeonato do Mundo de Fórmula 1 de 2021, mas é já possível antecipar alguns motivos de interesse que marcarão a temporada. O AutoSport aponta seis…

Que Vettel em 2021?

O piloto alemão teve uma temporada de 2020 dececionante, para ser simpático, sendo completamente esmagado pelo seu colega de equipa em todas as áreas – qualificação, corrida, erros não forçados, seja qual o prisma sobre o qual se pretenda analisar o ex-piloto da Ferrari.

Deixou a “Scuderia” humilhando por Leclerc, mas apesar disso encontrou guarida em Silverstone, passando a defender as cores da Aston Martin, que este ano toma o lugar da Racing Point, esperando, num novo ambiente, recuperar a forma que o levou a quatro títulos e reerguer o seu prestígio.

Espera-se que, depois de uma época numa equipa que já não o queria, Vettel se sinta acarinhado pelos homens da formação de Silverstone, que para arranjar espaço para si tiveram de despedir o piloto que foi responsável por quase 60% dos pontos da equipa, apesar de ter realizado menos uma corrida que o seu colega, e autor de dois pódios, um deles uma vitória.

Se dúvidas tivesse de quão querido é pela Aston Martin, isto dissipa-as, mas Vettel terá de preencher o vazio deixado por Sérgio Pérez e, para isso, terá de, pelo menos, mostrar-se a um nível semelhante ao do agora piloto da Red Bull por oposição a Stroll.

Em 2020 o canadiano marcou apenas 60% dos pontos de Pérez e viu-se batido por onze vezes em qualificação, em catorze confrontos.

Em média, ao longo da época passada, o piloto de vinte e dois anos perdeu em qualificação 0,036% para o seu colega de equipa, mas se não levarmos em consideração as qualificações á chuva – em que Stroll é reconhecidamente muito forte, mas que acrescentam factores que turvam a comparação – a diferença entre os dois sobe para os 0,356%.

Estes são os valores mínimo que Vettel terá de apresentar no seu confronto com o Stroll, se quiser começar a recuperar a sua imagem, mas de um tetracampeão do mundo espera-se mais…

A Ferrari recupera?

Um dos motivos de interesse da próxima temporada será perceber como poderá a Ferrari recuperar, depois da temporada deprimente que protagonizou em 2020, podendo o sucesso ou insucesso da resolução dos problemas ter um impacto na gestão de Mattia Binotto.

O principal problema do monolugar de Maranello do ano passado centrava-se na unidade de potência que, depois da clarificação regulamentar promovida pela FIA durante o defeso, ficou na indesejável posição de ser a pior em pista.

Para a próxima temporada Charles Leclerc e Carlos Sainz terão à sua disposição um novo V6 turbohíbrido, que se espera mais performante e, muito embora seja difícil que fique a par da Mercedes, fuja ao duvidoso título de pior da Fórmula 1, mas só isso não chega, já que o SF1000 transportava também erros de conceção.

Ninguém espera que a Ferrari, de um ano para o outro, possa lutar pelo título com a Mercedes, mas exige-se uma subida de forma significativa, dadas os largos recursos que a equipa italiana tem à sua disposição.

Cabe a Binotto gerir toda a estrutura de modo a que tenha identificado corretamente os problemas do seu monolugar de 2020 e encontrado as soluções para os debelar e, assim, oferecer a Leclerc e a Sainz um carro que lhes permita, no mínimo, perseguir os homens das duas equipas da frente.

Para tal, terá ainda de afinar a capacidade estratégica da equipa e tornar as paragens nas boxes em exercícios mais fiáveis, dois aspecos em que os homens de Maranello falharam amiúde o ano passado.

Se não se verificar uma evolução em todas estas áreas, então a liderança de Binotto poderá ficar debilitada, muito embora o seu verdadeiro julgamento seja realizado em 2022, quando entra em vigor o novo regulamento técnico.

Mais um recorde para Lewis Hamilton?

Neste momento, Lewis Hamilton não tem sequer um contrato válido para este ano, mas serão muito poucos aqueles que apostarão numa derrota do inglês na luta pelo cetro de 2021.

O piloto de Stevanage tem sido um rolo compressor desde o início da atual “Era Turbohíbrida” e só em 2016 se viu batido, tendo Nico Rosberg sido o autor da proeza, mas dificilmente poder-se-á assistir a uma repetição, tendo por base o comportamento de Valtteri Bottas, que nunca se mostrou capaz de contrariar consistentemente o seu colega de equipa.

Será, portanto, difícil que os problemas de Hamilton surjam de dentro da equipa, podendo ter em Max Verstappen como o seu principal adversário, caso a Red Bull e a Honda consigam oferecer-lhe um carro capaz de lutar pelo título.

Caso o holandês tenha o material que o seu talento merece, assistiremos a um dos maiores duelos desde os tempos de Fernando Alonso e Michael Schumacher, se Hamilton voltar a gozar da vantagem técnica dos últimos anos realizará, seguramente, mais um passeio rumo ao impressionante recorde de oito título mundiais.

Mas para já, o inglês terá de assinar um novo contrato com a Mercedes.

Bottas vs Russell

A temporada de 2020 dificilmente poderia correr pior a Valtteri Bottas. Uma vez mais, mostrou-se incapaz de bater-se de igual para igual com Lewis Hamilton, terminando a temporada com pouco mais de 60% dos pontos conquistados pelo seu colega de equipa e com Max Verstappen a apenas nove pontos.

Porém, pior ainda foi a chegada de George Russell no Grande Prémio de Sakhir para substituir Hamilton, que tinha contraído COVID-19.

O jovem inglês dominou completamente o finlandês, que se mostrou amorfo e propenso a erros, revelando-se pronto para ocupar o lugar do piloto de 31 anos de Nastola, assim que este terminar o seu contrato, que se conclui no final do presente ano.

Em 2021, dificilmente Bottas encontrará Russell em pista para além dos momentos em que terá de o dobrar, mas se ao longo da próxima temporada continuar a evidenciar uma performance distante da de Hamilton e o piloto da Williams mantiver as boas prestações dos últimos anos, será complicado que o finlandês não perc o seu lugar a favor do piloto que o bateu em Sakhir.

O que esperar de Pérez?

Quando começou a preparar a temporada de 2020, Sérgio Pérez estava longe de esperar tudo o que lhe aconteceria ao longo do ano.

O mexicano contraiu a COVID-19, perdeu o seu lugar na Racing Point, apesar de ter um contrato válido até ao final de 2022, estreou-se a vencer na Fórmula 1, com uma prestação notável em Sakhir, e assegurou um volante na Red Bull para 2021.

No entanto, se o lugar na formação de Milton Keynes é um dos mais desejados da categoria máxima, é também um dos mais complicados do paddock, visto que do outro lado da boxe está Max Verstappen que, desde Daniel Ricciardo, triturou Pierre Gasly e Alex Albon.

Depois de dez temporadas na Fórmula 1, esta é a oportunidade de o mexicano mostrar o que vale verdadeiramente e se tem a capacidade para estar numa verdadeira equipa de ponta.

Dificilmente a Red Bull esperará que Pérez jogue de igual para igual com Verstappen, mas se quiser vingar, o mexicano terá de obrigatoriamente fazer mais e melhor que o seu antecessor e aproximar-se do holandês de modo a ser um fator estratégico na luta com os Mercedes.

Tudo o que for para além disto, fará o valor de mercado de Pérez disparar, podendo-se abrir portas interessantes para o seu futuro, uma vez que tem apenas um ano de contrato com a Red Bull.

O regresso de Fernando Alonso

O regresso de Fernando Alonso é um dos mais aguardados dos últimos anos, talvez desde o de Michael Schumacher, em 2010.

O do alemão não foi o mais bem-sucedido, mas o heptacampeão mundial esteve três anos afastados das pistas, praticamente inativo, ao passo que o espanhol se embrenhou em diversos projetos, sendo difícil encontrá-lo fora de um carro de corridas ao longo das duas temporadas em que esteve afastado da Fórmula 1, sempre em competições de alto nível.

O bicampeão não volta à categoria máxima do desporto automóvel com falta de ritmo e os testes que realizou com os monolugares da Renault durante o final do ano passado permitiram-lhe perceber os aspetos que precisa melhorar para voltar estar ao impressionante nível a que nos habituou desde que chegou ao mundo dos Grandes Prémios.

Dificilmente o espanhol poderá regressar às vitórias já este ano, quanto mais lutar por títulos, sendo as suas prestações frente a Esteban Ocon a melhor medida para perceber se as suas performances aos 40 anos são aquelas a que estamos habituados.

Ao longo de 2020, o jovem francês foi amplamente batido por Daniel Ricciardo, que realizou uma das suas melhores temporadas depois de um ano de adaptação à sua nova equipa, mas no último terço da época o gaulês, mais adaptado às exigências da Fórmula 1 depois de um interregno de um ano, recuperou, mostrando-se mais competitivo face ao australiano.

No final do ano, Ocon perdera em qualificação 0,251% em média ao longo da época para o seu colega de equipa, registando pouco mais de 52% dos pontos deste no Campeonato de Pilotos.

Tudo o que for abaixo destes valores dificilmente não será vista com uma derrota para Alonso, mas em 2021 será o espanhol a ter-se de adaptar a um novo ambiente, ao passo que Ocon conta já com uma temporada de experiência.

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