Fórmula 1 regista perdas de 100 milhões no 3º trimestre
Como era expectável a F1 está a registar constantes perdas em 2020, devido aos efeitos da pandemia de Covid-19. Apesar de alguns altos e baixos, no final as contas estão a ficar cada vez mais negativas…
O que está a acontecer com a gestão da Fórmula 1 não será muito diferente do que sucede a milhões de empresas por todo o mundo, neste ano de 2020, que estão a ser afetadas pela pandemia de coronavírus. Fazendo uma comparação de 2020 para o período homólogo de 2020 a Fórmula 1 reporta perdas de 104 milhões de dólares relativas ao terceiro trimestre de 2020. O ano passado, entre julho e setembro a Fórmula 1 registou receitas totais de 633 milhões de dólares, sendo que retirando as despesas, teve um lucro de 32 milhões de dólares.
No mesmo período deste ano, as coisas inverteram-se fortemente. Este ano a Fórmula 1 obteve ‘apenas’ 597 milhões de dólares de receitas, mas teve muito mais despesas do que o habitual, devido aos efeitos da pandemia, o que resultou nas tais perdas de 104 milhões de dólares: “Os resultados do terceiro trimestre de 2020 foram afetados pela ausência de adeptos, pela localização das corridas, bem como pelo calendário revisto de corridas”, revelou a Liberty Media, em comunicado.
“As receitas primárias da F1 diminuíram principalmente devido às mais limitadas receitas de promoção das corridas, uma vez que os adeptos não puderam assistir ao vivo às corridas, com exceção de uma (ndr, Grande Prémio da Rússia de Fórmula 1, no final de setembro), durante o terceiro trimestre. Isto foi parcialmente compensado pelo crescimento das taxas de radiodifusão e publicidade, e de patrocínio, devido ao impacto de uma maior proporcionalidade das receitas baseadas num período com três corridas adicionais face ao que era habitual, mas também afetado pelo impacto da proporcionalidade de menos receitas resultantes de menos corridas em 2020 (ndr, o calendário inicial contemplava 21 corridas, o calendário final ficou-se pelas 17). Tanto as receitas de radiodifusão como as de publicidade e patrocínio foram inferiores às inicialmente contratadas.
“A alteração da programação desencadeou taxas de radiodifusão mais baixas nos termos contratuais dentro de certos acordos de radiodifusão, e também levou a outras alterações pontuais, uma vez que certas taxas de radiodifusão tiveram que ser renegociadas para este ano”.
Relativamente a este assunto a Liberty explicou que a F1 foi afetada pelo cancelamento de corridas às quais o inventário de patrocínio contratado estava especificamente relacionado. O Grande Prémio do Mónaco de Fórmula 1 é o melhor exemplo que pode ser dado, pois é um evento muito forte nesta componente, e certamente para os patrocinadores mais fortes ter um Mundial com ou sem Grande Prémio do Mónaco de Fórmula 1, faz uma grande diferença. E este é apenas e só um exemplo. Há muitos mais.
Por outro lado, as atividades do Paddock Club foram bastante mais limitadas, incluindo a ‘hospitalidade’, levando a fortes alterações nos contratos de patrocínio: “Outras receitas da Fórmula 1 diminuíram no terceiro trimestre devido à não operação do Paddock Club e a menores receitas da logística”, confirmou a Liberty, empresa que também revelou maiores pagamentos às equipas, que subiram de 335 milhões de dólares em 2019 para 440 milhões de dólares em 2020 “devido a taxas únicas pagas às equipas aquando da assinatura do novo Acordo da Concórdia”.
Curiosamente, só aqui se justifica uma diferença de 105 milhões face a 2019. Significativo. Mas é um valor que só é pago uma vez.
Para o quarto trimestre, a Liberty pode contar com mais do mesmo, sendo que Portugal, nesse aspeto pode ser um pequeno oásis, pois não só teve cerca de 30.000 público pagante, como teve um Paddock Club a trabalhar a 100%. Seja como for, as corridas na Turquia, Bahrein (duas vezes) e Abu Dhabi não estão previstas ter adeptos, pelo que os números do quarto trimestre não deverão variar muito face ao resto do ano. Como se percebe este vai ser um ano muito complicado para a Liberty e consequentemente para as equipas, o significa que o teto orçamental que entra em vigor em 2021 será um bom balão de oxigénio, ainda que tenha que entrar também em linha de conta os custos acrescidos de uma mudança de regulamentos prevista para 2022.