Fórmula 1: Quem ganhou e quem perdeu face a 2019?
Estão disputados os três primeiros Grandes Prémios da temporada e preparamos-nos para mais três já de seguida e, muito embora seja ainda difícil tirar conclusões definitivas, podemos apercebermos-nos das tendências. O AutoSport analisou os números.
Para podermos comparar as performances de cada uma das equipas em cada um dos circuitos já visitados este ano – Red Bull Ring e Hungaroring – transformamos o tempo da melhor volta do fim-de-semana de cada uma delas em percentagens para poder realizar comparações directas.
Após o primeiro trio de corridas a primeira conclusão que poderemos tirar é que o pelotão está mais próximo entre si.
O ano passado, na média percentual dos dois circuito já visitados em 2020, a diferença entre a mais rápida, a Mercedes, e a mais lenta, a Williams, foi de 3,733 pontos percentuais, ao passo que esta temporada a diferença foi de 3,331, mantendo-se a equipa de Brackley no topo, ao passo que a Alfa Romeo passou a ser a formação menos performante da grelha de partida.
Outra tendência que se pode verificar é que o segundo pelotão, este ano liderado pela Racing Point, aproximou-se da Mercedes em 0,470 pontos percentuais, o que é um valor considerável. A McLaren, no ano passo era a mais competitiva atrás das Três Grandes, protagonizou também uma aproximação à formação dos Flechas de Prata – em quase de 0,1 pontos percentuais.
Esta evolução acabou por colocar a Ferrari no meio do Segundo Pelotão, actualmente tem o quinto carro mais performante, ao passo que a Red Bull, apesar de à frente, estão no raio de alcance da Racing Point, tendo de se bater com esta na luta pela perseguição à Mercedes.
Para esta situação contribui também a falta de evolução destas duas equipas, com a “Scuderia” a perder mais de 1,3 pontos percentuais de performance do ano passado para este, enquanto que a Red Bull perdeu 0,575 pontos percentuais.
Mas vamos analisar equipa a equipa.
Mercedes
Cada regulamento tem um potencial máximo de performance e quanto melhor é o carro, mais perto está deste potencial máximo.
A Mercedes tem sido imbatível nos últimos anos, mas ainda assim continua a conseguir evoluir e a apresentar um monolugar ainda mais eficaz.
Este ano, nestas três primeiras corridas, o W11 apresentou uma evolução de 0,183 pontos percentuais, o valor mais baixo entre todas os que progrediram, mas compreensível, dado estar mais próxima de optimizar o actual regulamento. Seja num circuito rápido – Red Bull Ring – seja num lento – Hungaroring – está consideravelmente melhor que as suas rivais, parecendo ter um carro que se dá bem em qualquer cenário.
Aparentemente, a única debilidade do W11 continua a ser o calor, tendo sido batido na segunda sessão de treinos-livres do Grande Prémio da Estíria – quando foram alcançados os melhores tempos do fim-de-semana – devido à canícula que se abateu sobre Spielberg.
Ferrari
A “Scuderia” está longe de onde gostaria de estar – perdeu 1,355 pontos percentuais do ano passado para este. É evidente que grande parte desta perda passa pela unidade de potência de Maranello, que terá visto desaparecer cerca de cinquenta cavalos de potência, em modo de qualificação. Isso é perceptível ao longo da qualificação – na Q1, quando as equipas da frente andam com modos de potência menos performantes, está mais perto da Mercedes, perdendo à medida que esta vai aumentando a performance – e apoiado pela eficácia dos carros da Haas e da Alfa Romeo, que perderam, respectivamente, 1,456 e 1,533 pontos percentuais de performance, que também usam V6 turbohíbridos italianos.
Curiosamente, em Hungaroring a prestação da Ferrari foi pior que no Red Bull Ring, o que poderia ser contra a lógica da falta de potência do motor transalpino. Mas isto poderá ter acontecido por a equipa de Maranello ter introduzido novos componentes cujo funcionamento ainda não conhece.
Red Bull
A formação de Milton Keynes esperava este ano estar na luta pelos títulos, mas após três corridas verifica-se uma perda de 0,575 pontos percentuais de performance. No entanto, no segundo fim-de-semana do Red Bull Ring a Red Bull assinou, através de Max Verstappen, a volta mais rápida do evento.
Parece evidente que o RB16 Honda tem alguns problemas para resolver, mas a conclusão mais clara parece ser que a equipa não entende ainda o seu monolugar e, enquanto isso não acontecer, terá de se preocupar mais em conter a Racing Point que em atacar a Mercedes.
McLaren
A equipa de Woking continua a sua progressão depois de ter batido no fundo nos anos em que teve unidades de potência da Honda.
Este ano regista para já uma evolução de 0,288 pontos percentuais, o que ainda assim é um valor pouco impressionante, uma vez que a Mercedes apresenta uma progressão de 0,195 pontos percentuais (um ganho real de 0,093). O parco crescimento da McLaren acabou por permitir que a Racing Point saltasse para o topo do segundo pelotão.
Renault
Curiosamente, a formação de Enstone está numa situação muito semelhante à da sua cliente – evoluiu 0,275 pontos percentuais – aproximando-se ligeiramente da Mercedes, mas não deu o salto que esperava, pelo menos para já. Mais preocupante para os homens liderados por Cyril Abiteboul passa pelo facto de ter perdido ligeiramente para a McLaren, estando agora mais longe, para além de ter sido ultrapassada de forma clara pela Racing Point.
AlphaTauri / Toro Rosso
Curiosamente, a formação da Faenza quase recuperou o que a Red Bull perdeu (0,496 pontos percentuais). A AlphaTauri ganhou uma quantidade considerável de performance à Mercedes, mas continua longe da equipa de Brackley – a 2,233 pontos percentuais – tendo ainda muita margem de progressão.
Racing Point
A equipa de Silverstone deu um salto gigantesco de 2019 para 2020 – 1,367 pontos percentuais – o que lhe permite hoje ser a líder confortável do segundo pelotão e esgrimir-se com a Red Bull. A cópia do Mercedes do ano passado deu resultados e a Racing Point foi quem mais evoluiu. A questão agora é saber se conseguirá evoluir ao longo da temporada, mas para já parece estar a crescer, como se percebe com a subida de forma entre o Red Bull Ring e Hungaroring.
Alfa Romeo
A equipa de Hinwill foi a que mais perdeu do ano passado para este – uns massivos 1,533 pontos percentuais. Grande parte desta perda deve-se à unidade de potência da Ferrari, mas também o chassis da Alfa Romeo está aquém do que era esperado. Juntando os dois factores, Kimi Raikkonen e António Giovinazzi têm presentemente o carro menos performante de todo o plantel.
Haas
A Haas está numa situação muito semelhante à da Alfa Romeo, mesmo não piorou tanto como a sua rival, que também usa unidades de potência da Ferrari. Apesar de tudo, já conseguiu passar à Q2, algo que a sua adversária ainda não alcançou, estando o seu destino intimamente ligado à eventual melhoria dos V6 turbohíbridos italianos.
Williams
A formação fundada por Frank Williams foi a segunda que mais evoluiu, mas a sua progressão foi quase metade da da Racing Point, o que acaba por ser algo frustrante, dado o baixo ponto em que estava em 2019.
Ainda assim, beneficiando bastante dos problemas da Haas e da Alfa Romeo, a Williams fugiu ao último lugar no que diz respeito à performance, tem o oitavo carro mais rápido do pelotão.
Apesar disso, ainda não conseguiu converter o potencial do seu monolugar em pontos, sendo presentemente, a única equipa em branco.