Fórmula 1: Está, ou não, melhor?
Por José Manuel Costa
Admito que a resposta a esta pergunta seja mais difícil que responder à velha questão quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha. Mais complicada se torna quando entram na discussão a paixão por este ou aquele piloto ou esta ou aquela equipa e os adeptos acreditam, piamente, nos seus ‘wishfull thinkings’. Porém, a Fórmula 1 é muito mais densa que isso e alguém conseguir dizer que a F1 está melhor agora que antes será de génio. Como não sou nenhum génio, vou-me limitar aos factos e tentar encontrar uma resposta factual e não pessoal sobre a atual Fórmula 1.
O Grande Prémio do Azerbaijão foi emocionante! Do principio ao fim tivemos sempre motivos de interesse, entre os primeiros, no meio do pelotão e na fuga à lanterna vermelha. Aconteceu de tudo e ainda tivemos o bónus do incidente entre os dois pilotos da RedBull para acicatar, ainda mais, o jogo de opiniões entre os dois lados da barricada, os defensores de Ricciardo e os detratores de Verstappen e vice-versa.
Mas já antes, os GP da China e do Bahrein e até o da Austrália, tinham mostrado uma face interessante com muitos motivos de interesse e análise. De tal forma que alguns, levados pelo entusiasmo vieram a terreiro dizer que a Fórmula 1 estava no bom caminho e que os problemas das ultrapassagens não eram graves.
Bom, se a entrada em cena do Safety Car, a utilização do Safety Car Virtual e a discussão roda com roda entre pilotos da mesma equipa que acaba num despiste coletivo, são bons motivos para dizer isso, tenho de concordar. Estes ingredientes foram, de facto, o bastante para quatro corridas muito interessantes e onde a tática mereceu destaque. Não há dúvida nenhuma que a Fórmula 1 está muito mais dinâmica e interessante após estas quatro primeiras jornadas. Mas… será isto a panaceia duradoura para os problemas da Fórmula 1? Não me parece…
As alterações feitas para este ano trouxeram mais equilíbrio e os pneus continuam a ser determinantes em algumas situações. Mas a Pirelli continua a não arriscar e apesar de todas as misturas serem, hoje, mais macias a casa italiana não conseguiu, ainda, ser ousada com as escolhas de borrachas. Isso foi visível no Azerbaijão.
Os pneus supermacios conseguiram fazer mais de 2/3 da corrida e os macios seriam capazes de a fazer toda, sem o mínimo problema. É verdade que os pilotos se queixam que é difícil colocar temperatura nos pneus – a janela de funcionamento anda entre os 110 e os 150 graus – mas ninguém viu as borrachas da Pirelli a exibirem bolhas ou desgaste acentuado. O que se espera é que os Pirelli PZero se destruam antes de se chegar a meio da corrida, gerando escolhas mais ou menos ousadas.
Claro que as estratégias podem ajudar a colmatar esta falta de risco da Pirelli. No GP do Azerbaijão, a tática certa era manter os supermacios durante 37 a 40 voltas e, depois, montar os ultramacios para um “sprint” de 14 a 10 voltas, suficientes para recuperar uma diferença inferior a 12 segundos (a diferença entre os Ultramacios e os Macios era de 0,9 segundos por volta). O Safety Car devido ao incidente entre os RedBull acabou por não deixar validar a estratégia. Mas acredito que fosse a ganhadora.
Veremos se as novidades que se avizinham para os regulamentos de 2021 ajudam a melhorar a Fórmula 1 sem que tenhamos de recorrer a colisões, Safety Car e Safety Car Virtual e se a Pirelli arrisca um pouco mais na segunda metade da temporada.
Agora, dizer-lhe se a Fórmula 1 está melhor, ou não… é risco que não quero correr. Mas que estou a gostar muito deste início de temporada, lá isso estou!
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