Fórmula 1: e agora que fazer aos pilotos que sobram?

Por a 12 Setembro 2018 08:00

A análise que o AUTOSPORT fez ao mercado de pilotos acabou por se revelar certeira e se Carlos Sainz Jr,. foi, mesmo, parar à McLaren, Charles Leclerc troca de lugar com Kimi Raikkonen, Daniel Ricciardo deslizou para a Renault e Pierre Gasly encontrou o lugar do australiano na RedBull. Sem outras opções, a McLaren cumpriu o contrato com Lando Norris que, assim, é atirado ás feras. Veremos se não é cedo demais. Quanto a Esteban Ocon, continua sem saber o que vai fazer e a Mercedes começa a dar mostras de alguma irritação por não conseguir encontrar um lugar para o seu talentoso piloto. Com a chegada de Raikkonen à Sauber, Marcus Ericsson tem de se acautelar, até porque as relações entre a Sauber e Ferrari vão ficar ainda mais próximas e não espantaria que Antonio Giovinazzi ocupasse o lugar do sueco. Resta saber o que se vai passar com a Williams e com a Racing Point Force India.

As trocas que foram anunciadas antes do GP de Itália podem acontecer em Singapura, embora a oposição da Haas ao acordo feito pelas equipas para aceitarem a Racing Point Force India – a desclassificação de Romain Grosjean por algo que já estava no carro e que nunca tinha sido protestado ou analisado é um indício da pressão que se faz para que a Haas recue nas suas intenções – esteja a limitar alguns movimentos. Teremos de aguardar mais umas horas para se perceber quando sair a lista de inscritos na prova se há, ou não, alterações.

Mas, contas feitas a tudo o que sucedeu até agora no mercado de pilotos, temos dois pilotos de grande qualidade, para já, sem volante para 2019: Stoffel Vandoorne e Esteban Ocon. E digo de grande qualidade, porque o belga, por exemplo, não é tão mau piloto como o McLaren MCL33 faz pensar. Vandoorne é, realmente, um excelente piloto que não cede sob pressão – como se tem visto até agora – e

Mas que teve o azar de ter a seu lado um senhor chamado Fernando Alonso. E ao lado do espanhol contam-se pelos dedos de uma mão (e sobram muitos dedos) os pilotos que lhe conseguiram fazer frente.

Quanto a Ocon, é brilhante e até ao final da temporada se a Racing Point Force India trouxer para Singapura o pacote aerodinâmico que estava guardado por falta de recursos para o produzir, veremos como o francês vai provar que merece ficar na Fórmula 1. O problema é que tal como Vandoorne, não há espaço para todos.

E tudo piora quando os bilionários têm filhos que gostam de corridas e usam os seus abundantes recursos para os colocar a competir no escalão máximo do desporto automóvel mundial. Lawrence Stroll é um deles e vai colocar Lance Stroll ao lado de Sergio Perez (o mexicano não é burro de deixar a equipa que ajudou a salvar… a sua pele) mas há mais a encaminharem-se para a porta de entrada.

A Williams está a bater no fundo e precisa, desesperadamente, de fundos e se a manutenção de Sergey Sirotkin assegura parte do orçamento, há necessidade de outro piloto com dinheiro para ajudar. Falou-se de Dmitry Mazepin, mas o seu filho, Nikita Mazepin, não tem condições de garantir a super licença, o mesmo se passando com Michael Latiffi que “enterrou” largos milhões na McLaren – e que serviram para pagar a saída do contrato com a Honda – na expetatia que Nicolas Latiffi possa, dentro de algum tempo, receber a super licença. O canadiano diz que não foi isso que o levou a investir. Pois…

Portanto, neste momento há dois lugares vagos na Fórmula 1: um na Toro Rosso e outro na Williams, sendo que há uma boa mão cheia de pilotos com vontade de os agarrar. A Mercedes tem Esteban Ocon e George Russell para colocar, a Ferrari Antonio Giovinazzi, a RedBul o Dan Ticktum e, depois, há os filhos de bilionários que podem sempre acenar com chorudos cheques, como referimos, Nikita Mazepin e Nicolas Latiffi.

A realidade é que há apenas 20 carros na grelha de partida e não se vislumbra forma de ter mais equipas a chegar à Fórmula 1. A pergunta que se impõe é: o que se pode fazer para obstar a esta situação?

Uma das soluções foi aventada por Toto Wolff. Cada equipa ter mais um carro para pilotos juniores e, assim, conseguir “escoar” os que estão, para já, engarrafados no funil de acesso à Fórmula 1. A forma como Wolff esquematizou a questão é que parece algo confusa. De tal forma que um desses pilotos que fosse ao pódio, não o poderia fazer pois estaria a pilotar como convidado. Ou seja, o terceiro carro não iria pontuar, embora a pontuação devesse contemplar todos os pilotos classificados.

A única solução passa por um endurecer da posição da Liberty Media para fazer passar as suas ideias, assim à imagem do que Bernie Ecclestone sempre fez, pois conseguiu sempre o que desejava. Primeiro: implementar o teto orçamental, com sentido e responsabilidade, para aproximar as equipas e permitir que outras se sentissem seduzidas a entrar. Abrir a competição a mais duas a quatro equipas, aumentado o número de lugares disponíveis de 20 para 24 ou 28.

Curiosamente, as equipas estão contra a abertura de mais inscrições na Fórmula 1, alegando que isso iria depreciar o seu valor. Conversa de quem quer manter um “status quo” que não faz nenhum sentido! Como o provam outras competições, mais equipas, mais pilotos, mais competição, mais oportunidades para pilotos e engenheiros e, sobretudo, caso a competição se valorize, é gerado mais valor para cada um dos participantes. E, já agora, mais provas pois assim há mais oportunidades de negócio, aumento de exposição mediática e manutenção da competição na memória dos adeptos, reduzindo o tempo de espera entre temporadas.

O atual Acordo da Concórdia termina em 2021 e está ai a grande oportunidade da Liberty Media de se libertar dessa amarra, endurecer posições e fazer valer o seu ponto de vista em matérias como o teto orçamental, o número de provas e os regulamentos técnicos e desportivos. Não há que ter medo, pois a Ferrari não vai abandonar a F1 (sabe que não o pode fazer para seu próprio bem como já tinha percebido Sergio Marchionne e Louis Camileri também já percebeu), o risco de um campeonato rival está reduzido a quase nada e a FIA nunca vai dar á Fórmula E a primazia entre os monolugares. Além disso, como ficou provado com o cado das Force India, as equipas sozinhas não conseguem fazer rigorosamente nada. Portanto, a bola está do lado de Chase Carey, Sean Bratches e Ross Brawn e da Liberty Media, para tentarem encontrar formas de encontrar espaço para mais pilotos e mais equipas a preços aceitáveis.

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