Fórmula 1 de 2021: As notas das equipas

Por a 23 Dezembro 2021 16:48

Com o final de época avaliamos as prestações de cada uma das equipas presentes no Campeonato do Mundo de Fórmula 1 deste ano. Apontamos quem esteve bem e quem esteve mal, quem deveria ter feito melhor, e porquê.

Mercedes 9 pontos

A formação de Brackley conquistou este ano o seu oitavo título de construtores consecutivo, algo nunca feito anteriormente, um novo recorde.

Voltou a produzir um carro competitivo, muito embora tenha sentido que o novo regulamento aerodinâmico, que incidiu sobre o fundo plano na zona das rodas traseiras, a tenha prejudicado.

Apesar disso, os homens da Mercedes conseguiram dar a volta ao texto e desenvolver um carro que na ponta final da época era o mais competitivo em pista.

No entanto, começam a verificar-se algumas rachas na armadura da equipa dos “Flechas de Prata (negras nas últimas duas temporadas)”, com erros ao nível de estratégia que foram determinantes para o desfecho do Campeonato de Pilotos.

Passou ainda pela situação embaraçante de não conseguir remover uma roda do carro de Valtteri Bottas durante uma paragem nas boxes no Mónaco e por alguns problemas de fiabilidade na sua unidade de potência.

Continua num elevado nível, mas a pressão a que foi sujeita mostrou falhas que estavam bem escondidas até então.

Red Bull 9 pontos

A formação de Milton Keynes conseguiu, finalmente, produzir um carro capaz de poder ombrear com a Mercedes pelos títulos.

Os homens da equipa de bandeira austríaca não deixaram fugir a oportunidade e trabalharam para que Max Verstappen pudesse alcançar o seu primeiro ceptro no último momento da temporada.

A Red Bull pareceu mais ágil nas decisões estratégicas e menos propensa a errar neste aspecto, o que foi determinante para o sucesso do seu piloto.

O Campeonato de Construtores acabou por lhe fugir, em parte por Sérgio Pérez, no seu primeiro ano com a equipa, não conseguir ser tão constante como Valtteri Bottas, mas também por que toda a estrutura está muito centrada em Verstappen, tendo Pérez, por diversas vezes, condicionado o seu resultado para maximizar a corrida do seu colega de equipa.

Ferrari 8,5

Depois de um ano horrível, a ‘Scuderia’ conseguiu inverter a tendência e apresentar-se de uma forma mais de acordo com os seus pergaminhos esta temporada.

Pode parecer uma tarefa simples dadas as infraestruturas da formação transalpina, mas depois de um ano em que tudo estava errado no seu carro, conseguir a partir deste, sem grande liberdade regulamentar, produzir um monolugar que era o terceiro ou quarto mais rápido em pista é um feito.

Para lá disso, as operações em pista melhoraram consideravelmente ao longo do ano, parecendo que a equipa está a ficar dimensionada e pronta para lutar por títulos já a partir de 2022.

Boas perspectivas para os homens de vermelho são o facto de todas as evoluções técnicas realizadas ao longo da temporada terem sido consistentes com os resultados das ferramentas de simulação.

Vamos esperar para ver que Ferrari teremos no próximo ano.

McLaren 7

A estrutura de Woking tinha uma tarefa difícil para este ano, uma vez que era obrigada a transformar um chassis feito para a unidade de potência Renault num em que a da Mercedes pudesse funcionar.

A McLaren conseguiu realizar essa transformação com sucesso e, durante a maior parte do ano, teve o terceiro carro mais competitivo em pista.

Porém, nem sempre conseguiu aproveitar as oportunidades e Daniel Ricciardo não foi capaz de dar o mesmo contributo que Lando Norris, e quando a Ferrari montou nos seus carros o sistema híbrido de 2022, a equipa inglesa raramente conseguiu bater-se de igual para igual com a sua rival.

Fica ainda a ideia de que a competitividade do McLaren MCL35M Mercedes era bastante dependente dos circuitos e, numa equipa que pretende alcançar as grandes, essa é uma questão a resolver.

Alpine 7

A equipa de Enstone fez o máximo a que poderia aspirar. Com um chassis de 2019 – para 2020 a Renault optou por não construir um novo chassis para concentrar-se no novo regulamento, que seria adiado em um ano por causa da pandemia – e o motor também do mesmo ano – pelo exacto motivo – dificilmente a Alpine, pela primeira vez na Fórmula 1, poderia ir além do que conseguiu, muito embora os homens da equipa tenham falado no início do ano em lutar pelo terceiro lugar do Campeonato de Construtores.

Com uma boa dupla de pilotos, a equipa do construtor gaulês foi maximizando as oportunidades, conseguindo uma vitória através de Esteban Ocon e um terceiro lugar por Fernando Alonso, e foi esta capacidade de execução que lhe garantiu o quinto lugar no Campeonato de Construtores.

AlphaTauri 6

A formação de Faenza teve um dos carros mais competitivos da sua longa história, que remonta aos tempos da Minardi.

Em média tinha o quinto monolugar mais rápido em pista, o que deixa bem claro que não aproveitou o potencial do material que tinha à sua disposição.

O facto de ter Yuki Tsunoda ao lado de Pierre Gasly foi determinante, uma vez que o estreante cometeu muitos erros e marcou menos de um terço dos pontos do seu colega de equipa.

Mas para além disso, os homens da Alpha Tauri cometeram alguns erros estratégicos, demonstrando ainda algumas dificuldades em lidar com a gestão dos pneus Pirelli.

Ainda assim, foi uma época para a equipa-B da Red Bull recordar.

Williams 5

Finalmente a Williams conseguiu fugir ao papel de “lanterna vermelha” da Fórmula 1.

A formação de Grove aproximou-se do “Segundo Pelotão”, dando um passo competitivo significativo e isso foi determinante para que fugisse ao último lugar do Campeonato de Construtores, dado que ofereceu a George Russell as ferramentas necessárias para poder aspirar aos lugares pontuáveis quando as oportunidades aparecessem, e apareceram.

No final da temporada a equipa teve um abaixamento de forma, mas os pontos conquistados até então garantiram-lhe o oitavo lugar no seu campeonato, batendo a Alfa Romeo e a Haas.

A Dorilton está a investir na equipa e isso verifica-se em pista, esperando-se quem em 2022 continue a sua progressão, beneficiando do “reset” regulamentar que se fará este Inverno.

Aston Martin 4

A Aston Martin foi a grande decepção da temporada. Em 2020 tinha o terceiro carro mais rápido em pista e com os regulamentos a manterem quase imutáveis, esperava-se que este ano pudesse voltar a estar na luta pelo terceiro lugar no Campeonato de Construtores.

É verdade que as alterações regulamentares penalizaram os carros com a filosofia “low-rake” – o Aston Martin e o Mercedes – mas a equipa de Silverstone nunca conseguiu suplantar esse problema, ao contrário da estrutura de Brackley, que tem outros meios.

Porém, os homens da equipa do construtor inglês pareceram mais preocupados em se queixarem da alteração do regulamento que em resolver as debilidades do seu carro.

A troca de Sérgio Pérez por Sebastian Vettel também não parece ter surtido os efeitos desejados em pista, o que poderá ter custado alguns pontos à Aston Martin.

Alfa Romeo 3

A equipa de Hinwil deu um salto competitivo do ano passado para este ano, em parte devido a melhoria da unidade de potência da Ferrari, mas não só, dado que também o chassis helvético se mostrou mais performante.

No entanto, esta melhoria não se traduziu em resultados e a equipa que ostenta as cores da marca de Arese caiu na classificação, de oitava para nona, com a subida de forma da Williams.

Em parte, devido a erros de pilotos e a performances menos conseguidas destes – Kimi Raikkonen mais em qualificação e António Giovinazzi mais em corrida – mas também, os estrategas da Alfa Romeo não estiveram no seu melhor, com falhas que prejudicaram, sobretudo, o italiano.

Com uma nova dupla de pilotos no próximo ano, espera-se que a equipa suíça possa ostentar uma subida de forma.

Haas 2

A Haas apostou tudo em 2022, fazendo da temporada passada um ano de transição e de aprendizagem para os seus novos pilotos, dois “rookies” – Mick Schumacher e Nikita Mazepin.

Foi, portanto, com naturalidade que tenha terminado a época sem qualquer ponto, dado, na prática, ter em pista o seu carro de 2020 com o fundo plano “cortado” de modo a caber no regulamento deste ano.

Teve ainda que pagar uma elevada factura por ter estreantes nos seus monolugares, com inúmeros acidentes a impactar os cofres da formação norte-americana.

O único caminho é para cima, esperando-se que a Haas em 2022 possa, pelo menos, fazer parte da luta no Segundo Pelotão.

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