Fórmula 1: As estratégias também devem mudar este ano
O novo regulamento técnico tinha como objectivo aumentar a possibilidade de haver lutas roda com roda e as primeira impressões parecem ser positivas, com maior facilidade dos carros de rodarem mais próximos sem que sejam penalizados pela turbulência, o que poderá ter um impacto decisivo nas estratégias de corrida das equipas.
Até este ano, quando um piloto chegava a dois segundos do seu adversário começava imediatamente a sentir o “ar sujo” do carro que o precedia, o que tinha um impacto na durabilidade dos frágeis pneus da Pirelli, que começavam imediatamente a aquecer, implicando uma perda de performance e de durabilidade.
Normalmente, os pilotos eram aconselhados pelas suas equipas a rodar a cerca de dois segundos e meio do seu perseguido para proteger as borrachas, esperando pelos momentos das trocas de pneus para poderem realizarem um ataque, ao forçarem o andamento imediatamente antes da sua paragem e ultrapassar o seu adversário, aquilo que ficou conhecido por “undercut”, ou lançar uma ofensiva depois da passagem pelas boxes do piloto que o precedia, o “overcut”.
Muitas corridas foram perdidas e ganhas com estas estratégias, mas com o novo regulamento, os cenários tácticos poderão alterar-se substancialmente.
As novas máquinas, com o apoio aerodinâmico a ser gerado maioritariamente pelo fundo, têm como objectivo não gerar turbulência à sua passagem para permitir que possam rodar mais juntos e, assim, facilitar as ultrapassagens.
Para além disso, os novos pneus da Pirelli, apesar manterem alguma sensibilidade térmica, mostram-se mais resistentes ao sobreaquecimento, permitindo que os pilotos rodem mais juntos sem que destruam os pneumáticos.
Estes dois factores juntos poderão ter como impacto uma mudança de abordagem quando um piloto chegar à traseira de um adversário, dado que o preço de se manter atrás deste para proteger os pneus e perder a possibilidade de avançar mais no pelotão, pode custar mais que lançar um ataque de imediato e tentar ir buscar outro piloto ou cavar uma vantagem confortável que lhe permita depois gerir a corrida.
O novo regulamento poderá também ter um impacto na quantidade de gasolina que cada equipa colocará nos seus carros.
Até aqui, quando um piloto chegava a dois segundos do seu adversário, imediatamente entrava em modo de poupança de combustível – não valia a pena rodar no máximo e estragar os pneus, logo era preferível poupar as borrachas e conter a voracidade dos motores.
Contudo, se for possível, como ao que tudo indica, que os carros rodem mais próximos uns dos outros, promovendo assim as ultrapassagens, haverá a motivação da parte dos pilotos para ganharem posições e tentarem ir o mais longe possível, ao invés de rodarem calmamente no encalço do seu adversário, como acontecia até ao final do ano passado.
Isso exigirá mais combustível, obrigando a que os carros formem na grelha de partida mais pesados, beneficiando as unidades de potência capazes de produzir mais performance por unidade de energia.
Percebe-se, portanto, que o novo regulamento, para além de produzir carros radicalmente diferentes relativamente ao passado, poderá igualmente ter um forte impacto na forma como as corridas se desenvolverão, começando a perceber-se que tipo de provas teremos este ano já a partir do próximo fim-de-semana.