Ferrari de mal a pior

Por a 13 Julho 2020 16:35

Já não bastava a fraca competitividade do Ferrari SF1000 neste arranque de Mundial de F1, ainda por cima os seus dois pilotos auto excluíram-se da corrida depois de Charles Leclerc ter abalroado Sebastian Vettel. Não há nada que não aconteça à Ferrari.

Charles Leclerc e Sebastian Vettel abandonaram o GP da Estíria depois do monegasco ter colidido no seu colega de equipa. A culpa foi de Laclerc, que foi demasiado otimista na manobra: “Peço desculpa, mas as desculpas não são suficientes em tempos como este e eu estou desiludido comigo próprio. Fiz um trabalho muito mau e desiludi a equipa. Só posso lamentar, apesar de saber que não é suficiente. Espero aprender com isto e voltarei mais forte para as próximas corridas. É um momento difícil para a equipa. Não precisamos mesmo nada disto. Coloquei todos os esforços da equipa no lixo. Lamento muito, fui demasiado optimista”, disse Leclerc. Sebastian Vettel foi comedido: “Fiquei muito surpreendido quando senti o toque. Não estava à espera que o Charles tentasse alguma coisa. Não creio que houvesse espaço. É uma grande pena e é também algo que devíamos evitar, mas eu não podia ter feito nada de muito de diferente.”, disse Vettel.

Mas este nem sequer é o principal problema da Ferrari, pois bastou o primeiro GP do ano para perceber que está em maus lençóis, e por muitas explicações que Mattia Binotto tente dar, falando por exemplo da má correlação dos dados do túnel de vento com a pista, a verdade é que a Ferrari caiu fortemente de desempenho a todos os níveis. E não há como não pensar no motor!

Em termos de performance pura, na qualificação, percebe-se que a Ferrari está em quinto lugar, atrás da Mercedes, Red Bull, McLaren e Racing Point. Comparando com 2019, a Ferrari piorou 0.9s em qualificação, enquanto a Mercedes melhorou mais de meio segundo, um enorme passo atrás e se pensarmos no que pode ter causado essa situação, é quase impossível não a atribuir a algo que a Ferrari tinha o ano passado e agora não tem.

E o que tinha que agora não tem? Na reta da meta de Spielberg, a Ferrari registou o ano passado 291.1 Km/h, este ano quedou-se pelo 286.3 Km/h. No ponto mais rápido do primeiro setor da pista austríaca, a Ferrari conseguiu o ano passado uma velocidade de 327.9 Km/h enquanto este ano se ficou pelos 323.8 Km/h.

As razões? A FIA acabou com os truques do fluxo de combustível e da queima de óleo. A Ferrari sempre insistiu que nunca fez nada de errado e os seus motores nunca estiveram ilegais mas a verdade é que fizeram um acordo com a FIA, e não aceitam que os detalhes desse acordo sejam tornados públicos, alegando propriedade intelectual. Logicamente que toda a gente, e não só os responsáveis das sete equipas que não usam motores Ferrari, entendem que “ali há gato”. A Ferrari defende-se com a aerodinâmica, alegando a ‘tal’ falta de correlação, e isso pode ser verdade, pois todos sabíamos que a aerodinâmica de 2019 não era o ponto forte da Ferrari. Para piorar tudo, os motores estão congelados até 2021…

já se percebeu que o novo ‘package’ não ajudou muito, mas também não ‘houve’ corrida para perceber melhor. Olhando para as duas qualificações de 2019 e 2020, veja-se a coincidência de todas as equipas com motores Ferrari terem piorado.

Nas duas últimas qualificações, a Ferrari viu um dos seu carros nem sequer chegar à Q3. Nesta última, um deles passou, Vettel, mas quedou-se pelo 10º lugar. Para Binotto, há que “mudar este estado de coisas”, pois entende ser “indigno” o desempenho atual da sua equipa: “É dececionante. Temos de aceitar que o cronómetro nunca mente. Em duas sessões de qualificação, embora em condições diferentes, não fomos competitivos, não só contra aqueles que têm sido os nossos rivais mais próximos nos últimos anos, mas também contra outros, que até aqui sempre estiveram atrás de nós. Trabalhámos muito para trazer atualizações mais cedo do que o planeado, mas as novas peças não mostraram o seu valor em pista. Temos que perceber porquê, e mudar este estado de coisas. Isto não é suficientemente bom para uma equipa chamada Ferrari. Não devemos ficar demasiado chateados com isso, mas não podemos ignorar os factos”.

A Ferrari trouxe para a Áustria atualizações para as asas dianteiras, difusores traseiros, um novo piso experimental, alegadamente testado no carro de Charles Leclerc, mas a falta de potência do motor parece ser o ponto central para as tristezas da Ferrari. Para juntar à ‘festa’, nenhuma das equipas de clientes da Ferrari, Haas ou Alfa Romeo sequer chegaram perto do top 10. A Scuderia tem muito trabalho pela frente.

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