Fenómenos da Fórmula 1: Reutemann, de piloto a político

Por a 5 Março 2024 17:47

Um dos pilotos mais carismáticos da sua época, Carlos Reutemann correu na Fórmula 1 durante dez anos. Venceu 12 corridas, mas o máximo que conseguiu foi ser vice-campeão. Desde então, tornou-se uma figura de proa na política da Argentina. Nasceu a 12 de abril de 1942, em Santa Fé, na Argentina, faleceu a 7 de julho de 2021. Deixa a mulher, Verónica Ghio (desde 2006), e duas filhas Cora e Mariana Reutemann.

Quando Carlos Reutemann fez as suas primeiras corridas, em 1965, a Argentina tinha deixado de ser uma potência no desporto automóvel, o seu país tinha perdido as duas grandes provas de Fórmula 1 e do Mundial de Marcas, e o seu ídolo Juan Manuel Fangio tinha-se retirado da competição havia sete anos. Mesmo sem F1, Lole, como era conhecido, queria ser piloto e começou a correr em turismos com um Fiat modificado, com o qual foi campeão entre 1966 e 1968.

Mas Reutemann queria ser piloto internacional em monolugares, e importou um chassis BWA de Fórmula 2, equipado com motor Fiat. Este chassis italiano nunca foi muito competitivo na Europa mas o piloto pareceu ser capaz de descobrir-lhe os segredos, já que foi praticamente imbatível ao conquistar o título de Mecânica Argentina F2 em 1969. Resolveu então emigrar e juntou-se a Hector Staffa para ressuscitar a equipa de competição do Automovil Club Argentino, com Reutemann como primeiro piloto. No seu primeirao ano no Europeu de F2 ficou mais conhecido por atirar Jochen Rindt para fora de pista, mas no segundo ano já conseguiu ganhar corridas, perdendo o título de 1971 para Ronnie Peterson. Pelo caminho, disputou também a sua primeira corrida de F1 com um velhinho McLaren M7C da Ecurie Bonnier: o novo GP da Argentina, que como mandavam as regras era uma prova extra antes de passar para o calendário um ano depois.

A primeira vitória

Os carros de F2 do Automovil Club Argentino eram construídos pela Brabham, e Bernie Ecclestone, no seu papel de olheiro, contratou Reutemann para secundar Graham Hill, em 1972. Ecclestone estava tão interessado no patrocínio da gasolineira YPF como no talento do piloto, mas Reutemann tratou de mostrar a toda a gente que não foi para a F1 para ser um mero figurante: logo na sua corrida de estreia, por sinal na Argentina, conseguiu a pole position. Dois meses depois, venceu o GP do Brasil no circuito de Interlagos.

Foi preciso esperar, no entanto, até 1974 para a sua primeira vitória no Mundial. Foi no GP da África do Sul, aproveitando o abandono de Niki Lauda. No final do ano, esteve imbatível em Watkins Glen, liderando toda a prova depois de sair da pole position.

Mas a relação com a Brabham acabou por azedar quando a equipa começou a usar motores Alfa Romeo em vez dos mais potentes Cosworth DFV e Reutemann deixou a equipa a meio da época em 1976. Enzo Ferrari resolveu ir buscá-lo para substituir temporariamente Niki Lauda, e depois deixou-o como reserva até ao final do ano. Em 1977, Ferrari pagou a lealdade do argentino colocando-o a tempo inteiro na equipa como colega do austríaco, tanto que até ao final da época Reutemann passou a ser o piloto preferido dentro da estrutura da equipa, para em 1978 montar um ataque ao título, mas o Ferrari não foi tão rápido como o inovador Lotus com efeito de solo, e Reutemann teve que se contar com o terceiro lugar.

Reutemann queria ganhar e mudou de ares para a Lotus, recuperando o apoio da Martini (antes patrocinadora da Brabham), mas foi para a equipa de Colin Chapman na altura errada. Em 1980, aceitou o convite para apoiar a candidatura de Alan Jones na equipa Williams, mas Reutemann esperava ser recompensado com uma hipótese de lutar pelo título no ano seguinte. O argentino sentiu-se sempre desapoiado pela equipa britânica, mesmo quando era ele que estava mais perto do título, que perdeu por um ponto para Nelson Piquet. Desiludido, deixou a F1 na primavera de 1982.

Novos desafios

Durante a sua carreira na F1, Reutemann fez algumas corridas ocasionais de sport-protótipos, conseguindo mesmo o segundo lugar em algumas provas, como os 1000 km de Monza (na altura com a Ferrari). Em 1980, correu no troféu Procar, onde venceu uma prova, mas depois de deixar a F1 fez algumas provas ocasionais em ralis.

Nos anos 90, prestes a entrar na casa dos 50 anos, Reutemann reciclou a sua personalidade magnética e a sua vontade de vencer e lançou uma carreira política na sua terra natal, Santa Fé. Foi governador da sua província em duas ocasiões (de 1991 a 1995 e novamente de 1999 a 2003), onde tentou impedir as derrapagens orçamentais que tinham levado o seu país à recessão. Após declinar várias vezes, aceitou finalmente o convite para se candidatar à presidência em 2003. Não conseguir vencer, foi novamente convidado para se candidato em 2011, mas desta feita declinou, permanecendo Senador, o que acontece já desde 2003.

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breno_mascarenhas2020_hotmail_com
8 meses atrás

Sobre Piquet e Reutemann, 1974 – corrida extra oficial em Brasília. Curiosamente, 10 anos antes, quando ainda corrida de kart, Piquet fora escolhido para limpar o capacete justamente de Reutemann, quando o argentino veio correr no Brasil. Descontente com o serviço, Reutemann disse a Piquet que ele nem para limpar capacetes servia. Após o título, o brasileiro rebateu. “Eu não sirvo para limpar o teu capacete mas talvez tu possa limpar o meu que é de campeão do mundo!” 1974 > No fim de semana deste GP, vocês sabem quem ficou no box da Brabham cuidando do carro do Carlos… Ler mais »

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