Fenómenos da Fórmula 1: Alfa Romeo, a primeira a ter sucesso
Hoje em dia, a Ferrari é a única grande marca italiana ligada à F1. No passado, quase todos os grandes construtores italianos estavam envolvidos na modalidade, e a primeira a ter sucesso foi a Alfa Romeo, que correu em 1950 e 1951, regressando depois entre 1979 e 1985 sem sucesso, voltando em 2019 e ‘despedindo-se, de novo, em 2023, nunca alcançando sucesso sequer semelhante aos anos 50.
Quando as corridas de automóveis regressaram após a Segunda Guerra Mundial, as voiturettes de 1,5 litros com sobrealimentação foram escolhidas como base para a nova categoria de Grandes Prémios que em 1947 foi chamada de Fórmula 1, as duas marcas italianas tradicionais, Alfa Romeo e Maserati, tinham carros prontos a avançar. Logo juntou-se-lhes a neófita Ferrari.
Os Alfetta 158 e 159 sagraram-se campeões do mundo em 1950 e 51 com Nino Farina e Juan Manuel Fangio, mas no final da época era evidente que os Alfetta estavam desatualizados e a Ferrari logo seria a melhor equipa. Sem fundos para desenvolver um carro novo, a Alfa Romeo deixou a F1, obrigando a FIA a fazer correr o Mundial de Pilotos de 1952 com carros de Fórmula 2, por falta de equipas. A Alfa tinha planos para voltar em 1954 com o 160, que devia ter quatro rodas motrizes (com o piloto sentado atrás do eixo traseiro), mas o projeto não saiu do papel.
Durante os anos seguintes, a Alfa teve alguns regressos encapuzados. A Conrero chegou a desenvolver um motor Alfa Romeo, derivado de série, para a nova Fórmula 1 de 1,5 litros de 1961, mas o motor apenas foi usado pela De Tomaso uma vez, no GP de Itália, onde os dois carros abandonaram. Estranhamente, este motor acabou por ter uma longa vida, mas apenas fora da Europa. A Alfa Romeo tinha uma fábrica na África do Sul, e o motor Giulietta serviu de base para uma grande variedade de viaturas artesanais, inclusive dando a Syd van de Vyver (1960 e 61) e Ernie Pieterse (1962) títulos nacionais de F1.
Os Alfa Romeo specials continuaram a fazer parte do campeonato durante vários anos e participavam sempre no GP da África do Sul.
A Alfa Romeo tinha um sport-protótipo de 3 litros para o Mundial de Marcas, o Tipo 33/3, cujo motor V8 seria teoricamente capaz de enfrentar o CosworthDFV. Andrea de Adamich levou o motor com ele para a McLaren em 1970 e para a March em 1971, mas na prática, com 400 cv revelou-se fraco demais e pouco fiável, não marcando qualquer ponto.
Foi preciso esperar apenas até 1976 para o regresso da marca italiana, quando Bernie Ecclestone foi à procura de uma alternativa ao Cosworth. A Alfa continuava no Mundial de Sport, onde tinha substituído o V8 por um propulsor de 12 cilindros em configuração boxer, tal como o Ferrari que foi campeão com Niki Lauda. Graças ao patrocínio da Martini& Rossi, conseguiu com que os motores lhe fossem fornecidos sem qualquer custo. Mesmo assim, só em 1977 os Brabham-Alfa começaram a ir ao pódio (com o segundo lugar de Carlos Pace na Argentina e de John Watson em Dijon) e só em 1978 surgiram as vitórias, já com Niki Lauda na equipa, com a Brabham a terminar o campeonato de construtores no terceiro lugar.
Nessa altura, o motor Alfa tinha 520 cv e era mais potente que o DFV.
Agora que o motor já ganhava, a Alfa Romeo achou que já não precisava de Brabham. Com o fim do Mundial de Sport, Carlo Chiti, que geria a Autodelta (departamento de competição da marca) achou que a Alfa estava pronta para voltar com a sua própria equipa. Chititinha trabalhado para a Ferrari e ATS na F1. Só que os chassis nunca foram tão bons como os motores e apesar de conseguirem ser ocasionalmente competitivos, avariavam constantemente. Bruno Giacomelli conseguiu um terceiro lugar em Las Vegas em 1981, e Andrea de Cesaris foi autor de um fantástico segundo lugar em Kyalami em 1983.
Em 1984, com graves problemas financeiros e a perda do patrocínio da Marlboro, a Alfa Romeo entregou o comando da equipa a Giampaolo Pavanello, cuja Euroracing usava motores Alfa na Fórmula 3. A equipa tinha o avultado patrocínio da Benetton e conseguiu um início promissor em 1984, com mais um terceiro lugar de Riccardo Patrese, mas depois os Alfa Romeo 185T não marcaram qualquer ponto em 1985. No ano seguinte, a Alfa seria apenas fornecedora de motores à Osella, e depois o Grupo Fiat comprou a marca. Como a Fiat já controlava a Ferrari, não havia necessidade de ter dois projetos concorrentes na F1, mas em 1988 ainda conseguiu autorização para correr na Indycar com os restos do projeto falhado do Ferrari 637, mas sem sucesso.
A história continuou em 2019, com o regresso à F1 com uma parceria com a Sauber e depois de ter dado um enorme salto qualitativo de nona classificada em 2021 para o sexto lugar de 2022, a Alfa Romeo não conseguiu continuar a crescer e no final de 2023 decidiu voltar a sair da F1.
Este regresso da Alfa Romeo após parceria com a Sauber em 2019 começou com o 8º lugar no campeonato de construtores, não houve melhoria de desempenho em 2020, com mesmo 8º lugar no campeonato de construtores. As coisas pioraram em 2021, mas com a mudança de era e a chegada de Valtteri Bottas, substituindo Räikkönen, em 2022, as coisas melhoraram com o sexto posto nos construtores, mas a temporada de 2023 foi pobre, e foi mesmo a última da Alfa Romeo na F1 antes da entrada da Audi.