F1, Williams: Olhar para o passado em busca do sucesso

Por a 8 Março 2021 08:15

Em semana de muitas novidades também a Williams apresentou as cores do seu novo carro para 2021, o FW43B, numa apresentação diferente do previsto. A Williams começa este ano um novo ciclo da sua história. Depois de ter sido controlada pela família Williams desde a sua criação até 2020, a equipa passou para as mãos da Dorilton, fundo de investimento que tem como missão fazer renascer a estrutura que nas últimas três épocas ficou no último lugar da tabela, sendo que em 2020 não marcou qualquer ponto.

Bater no fundo e reerguer

As quatro primeiras épocas da Williams na era híbrida foram positivas tendo sido terceira em 2014 e 2015, baixando para o quinto posto em 2016 e 2017. Mas em 2018 a equipa optou por um conceito diferente, deixando de parte a filosofia do baixo arrasto, focando-se em ganhar mais apoio aerodinâmico, numa altura em que Paddy Lowe deixou a Mercedes para entrar no desafio Williams. No papel tinha tudo para correr bem, mas na prática foi um desastre completo. Os problemas sucederam-se e os carros nunca foram minimamente competitivos. A corda estalou em 2020, com as dificuldades financeiras (que já se faziam sentir há algum tempo) a serem exacerbadas com a pandemia e Claire Williams viu como única saída aquilo que sempre defendeu que não faria… vender a equipa. Salvaram-se postos de trabalho e (para já) um nome mítico da F1.

2020 foi um ano de progressos e o redondo zero na tabela classificativa não mostra a evolução que a equipa fez, uma das que mais evoluiu de 2019 para 2020. Mas o fosso para o resto da concorrência era demasiado grande para ser anulado numa época apenas e a Williams continua o seu caminho rumo a um sucesso que foge desde 2015, sem falar nas vitórias que desde 2012 são uma miragem.

Novo ciclo, novas cores

Para este ano a equipa começa um novo ciclo com os novos investidores a começarem a época pela primeira vez. Não é um começo do zero e as regras ditam que o carro de 2020 seja na sua grande maioria reaproveitado para 2021. Assim o FW 43B é de facto uma versão B do FW 43 da época passada.

A equipa tem um novo visual, que resulta não só do espírito do passado da equipa, mas também a transformação presente e o seu impulso para as ambições futuras.

O carro de 2021 vai correr com uma nova identidade visual, com uma pintura inspirada nos monolugares da Williams dos anos 80 e 90, combinando tons azuis, brancos e amarelos.

Falando pela primeira vez como CEO da Williams Racing, Jost Capito diz que: “a Williams Racing é um ícone desportivo, e uma equipa que forjou uma reputação de sucesso através da sua determinação e coragem entrelaçada com inovação, paixão e perícia nas corridas e um desejo absoluto de vencer. Os altos e baixos são típicos de qualquer viagem de uma marca desportiva estabelecida há muito tempo e o sucesso histórico pode ser um forte motivador, mas não se pode confiar nele para definir o sucesso futuro na era moderna da Fórmula 1. Por conseguinte, criámos uma nova pintura para o carro de 2021; uma que reconhece o nosso incrível passado e mantém o espírito, a vontade e a motivação que permanece no cerne do ADN da Williams, mas olha para o futuro e sinaliza a nossa ambição a longo prazo de regressar à frente da grelha. Embora estejamos apenas a começar esta viagem e ainda haja muito trabalho a fazer, estamos felizes por ver o impulso na direção certa e ansiosos por continuar esse progresso no bom caminho nesta época”, disse.

Capito é uma das caras novas da Williams que juntamente com Simon Roberts terá a missão de reerguer a equipa e levá-la a outro nível num futuro a médio prazo. Capito foi o homem forte da VW no WRC,onde dominou por completo, tendo sido recrutado pela McLaren em 2016, lugar que ocupou apenas durante um ano. Regressa agora à F1 para um projeto de cariz semelhante mas com outro pano de fundo. Já Roberts ocupou vários cargos de chefia na F1, tendo passado pela McLaren onde chegou a diretor de operações em 2004, antes de se ter mudado para a Force India onde foi chefe de operações até a chegada de Otmar Szafnauer, tendo regressado à McLaren em 2010. Foi diretor de operações em 2017, foi contratado pela Williams em 2020 e agora com esta nova reestruturação, passou a ser o chefe da equipa com sede em Grove.

Evolução positiva

As mudanças no carro foram feitas ao nível de sistemas como travagem, embraiagem, assim como no sistema de combustível. O carro continuou a sua dieta e pela primeira vez em muito tempo poderá voltar a receber lastro, algo que a equipa não tinha sido capaz de fazer até agora. A aerodinâmica foi revista de forma a recuperar o apoio perdido com as novas regras, com uma asa dianteira nova. A traseira do carro continua a ser radical com a aposta no conceito “garrafa de coca cola” a manter-se inalterado, com um difusor novo. Mas como apenas pudemos ver imagens virtuais do carro, só poderemos ter certezas quando o carro for para a pista, nos testes no Bahrein.

Aposta em 2022, sem esquecer 2021

A Williams vai tentar uma abordagem equilibrada para este ano com o foco a já estar em 2022, embora não esquecendo 2021.

A equipa que tenta sair da cauda do pelotão da F1.olha para 2022 como uma oportunidade única de se relançar e aproximar-se do meio da tabela, mas vai introduzir melhorias no carro nas primeiras provas do ano, numa aposta dupla em 2021 e 2022:

“Estamos conscientes de onde começámos”, disse Simon Roberts. “Queremos continuar a ser competitivos. Não desistimos. Temos uma equipa dedicada a olhar para o FW43B, por isso planeamos trazer melhorias para a pista no início da época. Não queremos lançar o carro e olhar apenas para 2022. É parte de uma evolução, uma viagem e queremos tentar chegar aos lugares acima. Mas também temos de ser realistas. Não temos a oportunidade de dar um salto qualitativo enorme esta época, mas queremos ser competitivos, queremos colocar algumas das equipas à nossa volta sob pressão. À medida que a época se desenvolve, o foco muda cada vez mais para o FW44 e para 2022 e temos uma grande equipa a trabalhar nisso agora mesmo”, acrescentou Roberts. ” É preciso equilíbrio, mas estamos a fazer um bom trabalho”.

Alinhamento inalterado

A Williams está numa posição mais confortável do que estava em 2020, em que o dinheiro escasseava e as dificuldades financeiras eram a prioridade. Agora com as dívidas praticamente saldadas e com um fundo de investimento interessado no sucesso, a equipa poderá, passo a passo, voltar a subir na tabela classificativa. Para isso conta também com a estrela da equipa, George Russell que é a principal aposta dos responsáveis, com Nicholas Latifi a ter de provar em pista que evoluiu depois da sua época de estreia. Russell tem confirmado o seu estatuto de estrela do futuro com excelentes prestações em 2020, sendo o responsável por várias idas à Q2 na época passada. A sua evolução em pista foi clara, depois de um 2019 em que correu praticamente sozinho sem lutas em pista. As primeiras corridas no meio do pelotão foram algo “tremidas” para o jovem britânico, mas ao longo da temporada foi notória a sua melhoria e no Bahrein mostrou todo o seu potencial no Mercedes. Russell tem muito talento e com o carro certo pode levar a Williams aos pontos, o objetivo para esta época, naquela que poderá ser a sua última época na equipa, com o seu talento a pedir outros voos.. Já Latifi teve um ano de estreia ingrato com uma pandemia a complicar a vida e um colega de equipa muito forte. Tem de mostrar mais este ano e provar que merece o seu lugar. Com mais experiência e com uma época que deverá trazer de volta alguma normalidade, o canadiano terá de fazer o que nunca fez em 2020… ser mais rápido que Russell, mesmo que apenas de vez em quando. Jack Aitken permanecerá no papel de Piloto de Reserva da equipa.

Apresentação pirateada

A Williams Racing planeava revelar o seu FW43B, através de uma aplicação de realidade aumentada. No entanto, de acordo com um comunicado da equipa, tal não foi possível: “ infelizmente, porque a aplicação foi pirateada antes do lançamento, já não será possível realizar a apresentação. Posteriormente, removemos a aplicação tanto da Apple App Store como da loja Android Google Play. Estávamos muito ansiosos por partilhar esta experiência com os nossos fãs, particularmente durante este momento difícil em que ser capaz de trazer experiências pessoais diretamente aos nossos adeptos não é, infelizmente, possível. Só podemos pedir desculpa por isto”, lê-se no comunicado da equipa.

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