F1 / WEC: Cinco sobreposições em oito possíveis. É isto que queremos para o desporto?
Desengane-se quem achar que fazer calendários para competições desportivas é fácil. Não é, e a tendência é ser cada vez pior, com os calendários a incharem para satisfazer alguns interesses, nem sempre em sintonia com o que o desporto realmente precisa. Mas o que aconteceu este ano com os calendários da F1 e do WEC é algo que deveria os responsáveis das competições e a FIA pensar… e muito
O calendário do WEC é incomparavelmente mais curto que o da F1. Se de um lado temos oito provas por ano, do outro temos 24 jornadas agendas. Já muito falamos dos riscos que se correm ao aumentar de forma pouco ponderada o calendário e este é apenas mais um problema que advém desta ideia. Impressionantemente, a F1 e o WEC vão ter cinco jornadas sobrepostas.
E se pensarmos que este mal acontece para minimizar outros males, estamos enganados. O WEC, ainda assim, não conseguiu evitar sobreposições com a Fórmula E , o que prejudicou alguns pilotos que não puderam fazer programas na Fórmula E e no WEC, como António Félix da Costa. E nem com o IMSA se evitaram sobreposições, o que complica a vida de pilotos, como aconteceu muitas vezes com Filipe Albuquerque.
Se o simples facto de o WEC não conseguir evitar sobreposições com a F1 é mau, impedindo que os fãs do desporto motorizado tenham de optar entre uma ou outra competição, é ainda pior que essas sobreposições aconteçam sem permitir que pilotos de outras categorias possam correr no WEC (ou vice-versa). Voltamos a realçar que é tremendamente complicado agilizar todos os calendários, mas as duas principais competições da atualidade (F1 e WEC) ficam a perder. Os fãs do WEC não vão ver a F1 e os fãs da F1 não vão ver o WEC, o que poderia acontecer se não houvesse sobreposição. E os pilotos que gostariam de participar em vários campeonatos não o podem fazer, pois as sobreposições tornam isso muito mais difícil.
Com esta situação, todos perdem. E uma potencial luta para ver quem ganha mais força mediática é escusada, pois a F1 vai sempre ganhar nesse plano. Este problema acabou por passar ao lado dos responsáveis. Um erro grave, pois eles têm de zelar pelos interesses dos campeonatos e não parece que isso tenha sido feito.
Vale a pena termos calendários mais recheados se depois chegamos a este ponto em que somos obrigados a optar por um espetáculo, quando veríamos de bom grado os dois?
É uma vergonha que campeonatos FIA continuem a atropelarem-se mutuamente. A F1 tem corridas a mais, simplesmente em vez de aumentarem deviam reduzir para 18 ou 20. Sempre fui fanático de F1, mas cada vez gosto mais de WEC, e se tiver de optar, a minha escolha é ver a corrida de WEC , sejam 6, 8 ou 24h e só ver a F1 quando o WEC terminar.