F1: Uma questão de motor
Pilotos,
chassis, chefes de equipa… a história relembra com facilidade o
que é mais visível na competição. Mas nem sempre se faz menção
daquilo que é o coração da F1 e de qualquer desporto motorizado…
o motor.
O
motor de combustão interna, uma das grandes invenções da história
da humanidade, revolucionou o mundo e a forma como o vemos. Permitiu
avanços tecnológicos tremendos, uniu povos, facilitou a vida e o
trabalho a milhões de pessoas. Étienne
Lenoir criou
o primeiro motor de combustão interna comercial de sucesso em 1860
mas foi Nikolaus Otto que fez do motor uma invenção para a
eternidade em 1976, quase
100 anos após os primeiros estudos e patentes ligados à vontade de
criar um motor.
Desde então a evolução dos motores tem sido tremenda em em pouco mais de um século o quotidiano das pessoas passou a estar ligado direta ou indiretamente a estas máquinas que foram aumentando na sua complexidade e eficiência. A natureza competitiva é também inerente ao ser humano e reza a lenda que a primeira corrida aconteceu assim que se fez o segundo carro. A sede pela competição e pela vitória ajudou que o desporto motorizado se tornasse uma realidade e essa sede de vitória fez deste desporto um dos palco privilegiados ao nível da evolução dos motores, evoluções que foram depois de alguma forma úteis para o nosso dia-a-dia.
A F1, como pináculo do desporto automóvel, transformou-se também num laboratório onde foram testadas várias soluções na busca da maior potência, maior eficiência, maior fiabilidade. São poucos os fabricantes de motores que se podem gabar de ter tido sucesso na F1. Na verdade, apenas 10 fabricantes de motores conseguiram ser bem sucedidos na busca pelo título de construtores: Ferrari é, sem surpresa, aquela que mais títulos arrecadou com 16, seguindo-se a Renault (12), a Ford Cosworth (10), Mercedes (8), Honda (6), Clímax (4), Repco e TAG Porsche (2) e por fim a Vanwall e a BRM (1).
Foi um motor Vanwall a conseguir o primeiro título de construtores. Um motor de quatro cilindro em linha 2,5L de cilindrada, que na altura debitava 210 Cv. Nos 28 GP em que a Vanwall competiu, venceu 9, conquistou 7 poles e 13 pódios.
Há três nomes que devem ser adicionados a esta ilustre lista. Se os dez nomes acima referem-se aos título de construtores, os título de pilotos não devem ser esquecido. Alfa Romeo (2), Maseratti(2) e BMW (1) foram peças fundamentais no sucesso de Giuseppe Farina, Juan Manuel Fangio e Nélson Piquet. A Ferrari foi novamente aquela que mais títulos de pilotos viu serem conquistados com os seus motores (15), seguida da Ford Cosworth (13), Mercedes (12), Renault (11), Honda (5), Climax (4), TAG Porsche (3), Repco (2) e BRM (1) completam a lista.
No
que diz respeito a vitórias em GP a lista de marcas vencedoras
aumenta para 19. A Ferrari é também aquela que mais vezes viu os
seus motores chegar ao primeiro lugar do pódio (239). Mercedes
(188), Ford Cosworth (176), Renault (168) e Honda (75) completam o
top5. Às construtoras acima referidas juntam-se a Offenhauser,
a Mugen Honda e a Weslake.
Também
na contabilidade das poles a Ferrari surge na frente com as suspeitas
do costume. São 229 poles para a Scuderia, seguida da Renault (213),
Mercedes (194), Ford Cosworth (139) e Honda (79) numa lista de 25
construtoras que conta com nomes como a Lancia (2), Toyota (3) entre
outras.
Por fim, nas presenças no pódio a lista cresce para 35 construtoras, com a Ferrari à cabeça (776). Seguem-se a Ford Cosworth (535), Mercedes (479), Renault (454) e Honda (185). Nomes como Peugeot (14), Mecachrome (3), Talbot (2), Gordini (2), Yamaha (2) e Lamborhini (1) também provaram o champanhe como construtoras de motores.
De
referir que 69 fabricantes de motores já competiram na F1. Alguns
não podem ser considerados fabricantes pois eram
apenas motores com
outros nomes,
como o caso da TAG Heuer que não era mais que um motor Renault que
correu de 2016
a
2018, com nove vitórias e 42 pódios, o que prejudica a contagem da
Renault, a verdadeira responsável pela unidade motriz. Mas para fins
oficiais, são estes os números que contam.
Como
curiosidade apenas, os motores V8 foram os que mais vitórias
conseguiram 370, contra 239 dos V10, 121 dos V6 Turbo-Híbridos e 100
dos V6 Turbo, valores
fortemente influenciados pelo aumento do número de corridas por
época
nas últimas duas décadas.
Estes são apenas alguns números referentes aos motores que competiram na F1. É um mundo de estatísticas com 70 anos de história mas que por vezes merece ser recordada.