F1: Uma dor de cabeça chamada W15
A expressão “Diva” é habitualmente usada na F1 para definir um carro que tem um comportamento difícil, que exige muito do piloto e que, repentinamente, pode deixar o piloto em apuros. O W15 da Mercedes aproxima-se muito desse comportamento.
Que o diga Lewis Hamilton, que conseguiu apenas fazer uma volta no GP dos EUA, com uma saída de pista incaracterística na curva 19. A mesma curva onde já tinha apanhado um susto no dia anterior e onde George Russell saiu de pista na qualificação, comprometendo a sua corrida, pois a extensão dos danos e a falta de peças novas com a nova configuração estreada no fim de semana de Austin, obrigou o britânico a largar da via das boxes.
Toto Wolff saiu em defesa de Lewis Hamilton, recusando a culpa do heptacampeão no incidente. No entanto, Wolff também rejeitou as preocupações com um potencial problema “fundamental” com a atualização da Mercedes, apesar das dificuldades sentidas pelos pilotos.
A Mercedes introduziu um grande pacote de atualização em Austin, mas com o aumento da temperatura da pista, o desempenho do carro diminuiu, deixando Hamilton e George Russell em dificuldades. Embora Russell, partindo das boxes, tenha conseguido terminar em sexto lugar utilizando um fundo mais antigo, especificado em julho, Wolff sublinhou que as novas atualizações não apresentavam falhas fundamentais. Em vez disso, sugeriu que a equipa precisa de compreender melhor a interação entre a aerodinâmica e a mecânica para libertar todo o potencial. Apesar dos desafios, a Mercedes planeia continuar a desenvolver a atualização.
“Na corrida de sprint, tivemos uma suspensão partida, essa é uma explicação, resolvemos isso e o incidente naquela curva surgiu do nada”, disse Wolff. “Ele não estava a forçar o andamento, por isso, do meu ponto de vista, a culpa não é 100% do Lewis. Isso não quer dizer que o estou a proteger, mas é claro. Havia uma rajada de vento, havia um cone de aspiração, então como é que tudo isso interage? Não creio que tenhamos um problema fundamental com a atualização, é mais a interação entre a aerodinâmica e a mecânica”, explicou Wolff. “Vamos continuar com a atualização, não faz sentido não o fazer, porque vamos perder muito tempo por volta. Mas, por outro lado, é preciso ter uma mente muito aberta, pois o George conduziu a atualização de julho porque não tínhamos o [novo] fundo, e isso pareceu-nos muito competitivo na corrida. Dito isto, perder alguns décimos na qualificação faz uma grande.”
Já Russell ficou satisfeito com o seu sexto lugar no Grande Prémio dos Estados Unidos, após um fim de semana difícil. Russell expressou a sua frustração com a inconsistência do carro W15, salientando que tanto ele como o seu colega de equipa Lewis Hamilton enfrentaram dificuldades.
Russell sublinhou a necessidade de a Mercedes encontrar estabilidade, uma vez que a equipa tem tido dificuldade em compreender por que razão o carro tem um bom desempenho em algumas sessões, mas falha noutras. Com a próxima corrida no México a aproximar-se rapidamente, espera um desempenho mais consistente no futuro.
“Terminar em 6.º, à frente de um Red Bull também foi muito bom” disse Russell. “Obviamente, questionamo-nos sempre sobre o que poderia ter acontecido, mas estamos a lidar com um carro difícil neste momento. O Lewis [Hamilton] nunca comete erros e hoje vimos que ele teve exatamente a mesma coisa que me aconteceu ontem. É este animal com que estamos a lidar neste momento. Estou ansioso para que as coisas sejam um pouco mais calmas ou consistentes, porque não se sabe o que vai acontecer cada vez que se sai”, disse Russell. “Estamos todos nesta montanha-russa de emoções. É evidente que o carro tem potencial para lutar na frente, mas quando estamos nessa posição não sabemos bem por quê. Quando não estamos, também não sabemos porque é que não estamos. É um verdadeiro desafio desvendar e compreender tudo isto”.