F1, Testes de pré-temporada: 5 histórias que passarão pelo paddock
A pré-temporada está a chegar ao fim, com o início da única sessão de testes deste inverno e, como será de esperar, serão muitos os temos de conversa no paddock de Sakhir.
A legalidade da asa do Mercedes
No início da temporada há sempre novas soluções apresentadas e algumas raiam a legalidade, muitas vezes estando dentro do regulamento, mas escapando ao seu espírito.
Um dos componentes que mais interesse suscitou durante as apresentações deste ano foi a asa dianteira da Mercedes.
Segundo regulamento técnico, todos os perfis alares do aerofólio anterior têm de estar ligados de alguma forma ao nariz do monolugar. No entanto, este componente da Mercedes apresenta um corte no último elemento, que depois é ligado por outro elemento ao nariz do carro.
Na letra do regulamento, não parece haver nada que contrarie a ideia da Mercedes, mas poderá fugir ao espírito e isso poderá causar alguma animosidade das restantes equipas.
No entanto, este não é um conceito difícil de copiar, o que poderá amenizar a situação.
O ‘Caso Horner’
É um dos grandes temas da pré-temporada, juntamente com a contratação de Lewis Hamilton pela Ferrari e com a recusa da FOM em aceitar a candidatura da Andretti Cadillac, e nos testes de Sakhir o ‘caso Horner’ não deixará de ser um tema de conversa.
As reacções da FIA e da FOM vêm colocar alguma pressão sobre o assunto, uma vez que esta sublinha que espera uma decisão rápida sobre o caso, ao passo que a entidade federativa evidencia a necessidade de manter padrões elevados de integridade, justiça e inclusão.
Como é do domínio público, a Red Bull tem uma investigação a correr, esperando-se uma decisão até ao início da temporada.
Terá a Red Bull dado um passo para a inalcançabilidade?
Todas as equipas passaram o Inverno a tentar entender e copiar o RB19, o carro que dominou completamente a temporada passada e só foi batido em um Grande Prémio dos vinte e três disputados, mas ficaram de boca aberta e com motivos de preocupação, quando o RB20 foi apresentado.
Todas esperava uma aproximação à Red Bull e, algumas, quem sabe até, desafiá-la ao longo da época. Porém, a equipa de Milton Keynes apresentou o seu contendor para 2024 e surpreendeu o mundo com um novo conceito, bebendo, até, inspiração nos falhados Mercedes dos últimos anos, consubstanciados pelas aberturas verticais e estreitas para os flancos e pela ‘bazuca’ de arrefecimento que se estende desde o final do halo até à traseira. Se estas forem soluções efetivas, então a Red Bull poderá estar, uma vez mais, um ou dois passos à frente da concorrência, condenando-a a ficar com os seus restos.
A Haas e a ausência do seu ‘pai’
A Haas esteve também sob os focos este defeso, com a saída de Guenther Steiner, que foi a força motriz da equipa desde a sua génese, sendo substituído por Ayao Komatsu, anteriormente o diretor dos engenheiros de pista da formação americana.
Para além da ausência da forte presença do italiano ao leme da Haas, imortalizada em diversas temporadas do documentário Drive to Survive, será em Sakhir que se começará a perceber quem tinha razão no seio da formação de Gene Haas – se o dono, ao garantir que a equipa tem os recursos necessário para ser competitiva, logo não precisando de maior investimento; se Steiner, que apontava que a Haas precisava de mais ferramentas de simulação, logo mais investimento.
Será o cronómetro a fazer o julgamento implacável, começando já esta quarta-feira.
Quatro Red Bull em pista?
A Red Bull assumiu que queria uma aproximação técnica da formação anteriormente conhecida como Alpha Tauri à sua primeira equipa e, de facto, o monolugar que defende as cores da estrutura originária de Faenza é muito parecido com o carro que levou Max Verstappen ao título em 2023.
Isto em si não é prova de nada, uma vez que noventa porcento dos monolugares deste ano tem fortes influência do RB19, mas com uma ressalva, todos, menos um, não tem qualquer aproximação técnica à Red Bull e, portanto, terão de perceber o conceito elaborado por Adrian Newey para que este funcione nos seus carros.
Já a equipa que um dia nasceu como Minardi tem uma proximidade, admitida pela própria Red Bull, com a estrutura de Milton Keynes, o que poderá criar algum desconforto entre as suas adversárias.
Zak Brown tem vindo a liderar a campanha contra a aproximação das duas formações da esfera da companhia de bebidas energéticas e se logo nos testes do Bahrein houver indícios de que o monolugar do braço italiano da Red Bull será muito competitivo, rapidamente a insatisfação crescerá.