F1: Será Singapura a última oportunidade para evitar o pleno da Red Bull?

Faltam oito corridas para o fim da época e apesar de ainda termos muitas voltas pela frente, a probabilidade da Red Bull conseguir vencer as provas todas da época aumenta a cada corrida. Singapura será provavelmente a pista onde as equipas adversárias poderão estragar o recorde dos Bull´s.

A Red Bull conta com 14 vitórias em 14 corridas em 2023 e 15 corridas consecutivas no primeiro lugar do pódio. A estatística é já impressionante, mas promete ser ainda melhor. A Mercedes é a equipa que mais vitórias conseguiu numa época (19 em 21 corridas), isto em 2016, com a Red Bull a roubar duas vitórias, numa era de domínio incontestado dos Flechas de Prata. Essa época deu uma percentagem de aproveitamento de 90.48% à equipa germânica. Mas a equipa com a época quase perfeita foi a McLaren de 1988 que conseguiu 15 vitórias em 16 corridas e uma taxa de aproveitamento de 93.75%. É esse recorde que a Red Bull tenta bater.

A equipa austríaca está numa posição privilegiada para fazer o que nunca ninguém conseguiu… vencer todas as corridas da época. Seria um feito impressionante. No entanto, olhando à mais-valia do binómio Verstappen / Red Bull, parece cada vez mais possível. Mas há uma pista que pode complicar tarefa à Red Bull: Singapura.

Olhando às caraterísticas do RB19, os citadinos são os “terrenos de caça” menos profícuos. A Red Bull já teve sucesso em citadinos este ano, mas convém entender as diferenças. Traçados com o Jidá, Baku, Miami, Montreal são citadinos com caraterísticas que se podem encontrar em traçados permanentes e o Circuito de Las Vegas também é, em teoria, uma boa pista para a Red Bull. Citadinos como o Mónaco e Singapura, mais sinuosos, mais lentos, são traçados onde o RB19 não é tão forte. Isso não impediu a Red Bull de vencer no Mónaco, mas em Singapura a conversa poderá ser diferente.

No Mónaco, estávamos na sexta corrida do ano, quando o domínio da Red Bull era ainda mais significativo. Desde então, vimos equipas como a McLaren e Williams darem saltos qualitativos ótimos, assim como a Ferrari e a Mercedes, com a Aston Martin a perder algum fulgor que tinha na visita ao principado, que, entretanto, foi recuperando. A Red Bull continua a ser a mais forte, mas há adversários que podem ser ossos mais duros de roer em Singapura.

A Red Bull sabe que Singapura poderá ser o seu desafio mais duro e que se vencerem na próxima corrida, o caminho para uma época 100% vitoriosa fica um pouco mais fácil:

“Antes de mais, o nosso objetivo é garantir o campeonato do mundo”, disse Helmut Marko ao Motorsport.com. “Mas, digamos que se ganharmos em Singapura, temos a possibilidade de ganhar todas as corridas. É claro que agora está a tornar-se um objetivo. No início da época, não era realista ganhar todas as corridas e isso nunca aconteceu antes. A McLaren não conseguiu, por isso a imprensa construiu uma história de que a maldição também nos atingiria, mas não deixámos que nos atingisse. Como em todas as corridas, temos tido um carro competitivo em todo o lado, por que é que não haveria de ser o caso em Singapura?” Marko acrescentou. “Mas tenho que dizer que a Ferrari e especialmente Leclerc é um especialista por lá. Se eles forem mais rápidos na qualificação, isso pode tornar-se um problema para nós, porque as ultrapassagens em Singapura são muito difíceis. Mas continuo otimista de que o pacote que vamos levar para Singapura é suficientemente bom para vencer.”

Não é um objetivo fácil de alcançar. Há muitos fatores em jogo: A fiabilidade, que vai caindo ao longo da época, à medida que o material se vai desgastando, os azares da corrida que acontecem a todos os pilotos, um pequeno erro. Muitas variáveis podem fazer com que um piloto não consiga a vitória, mesmo que tenha o melhor carro. Verstappen está imparável, mas é humano e poderá também errar. A Red Bull está fortíssima, mas o material poderá falhar. Se a Red Bull conseguir 100% de vitórias, será um feito que dificilmente voltará a acontecer. Singapura é o traçado que mais entraves coloca a esse objetivo. Será que a Red Bull passa o teste e encara a “reta final” com a possibilidade de fazer história? Tudo depende da equipa… e dos adversários.

Ferrari, Mercedes, Aston Martin e McLaren parecem as equipas mais próximas de poderem tentar contrariar a força da Red Bull, cada uma com as suas forças e fraquezas. E todas as elas gostariam de estragar a festa da Red Bull, porque a F1 é um meio ultra competitivo e ninguém gosta de ver a festa dos outros. Para a Red Bull não vencer, poderá ter de ser levada ao erro e as equipas mencionadas têm algumas ferramentas que poderão levar a Red Bull a isso, especialmente em Singapura. A Ferrari, com um pacote com muito apoio, e numa pista onde o desgaste dos pneus não será significativo, fica em vantagem, tal como a McLaren que tem caraterísticas que se adequam bem aos citadinos mais sinuosos. A Aston Martin tinha essas caraterísticas no início do ano, mas com o novo pacote em que a equipa foi obrigada a rever a flexibilidade das suas asas, poderá ter perdido alguns argumentos. A Mercedes é uma equipa que está sempre atenta à possibilidade de ir ao pódio e a rivalidade com a Red Bull é combustível extra. Espera-nos, por isso, um GP de Singapura muito interessante, mesmo com as mudanças no traçado, com um setor três menos sinuoso e mais “à moda” da Red Bull.