F1: Será Nico Hulkenberg uma ameaça para Alex Albon?
Com seis Grandes Prémios disputados em 2020, dificilmente Alex Albon não esperava já ter marcado o seu primeiro pódio na Fórmula 1 e se teve alguns azares pelo caminho, as suas prestações estiveram também aquém do esperado. A Red Bull continua a demonstrar apoio ao seu piloto, mas se não houver uma subida de forma consistente até ao final do ano, dificilmente o tailandês se manterá ao lado de Max Verstappen e Nico Hulkenberg poderá assumir-se como uma opção
O ano passado, com a sua entrada na formação de Milton Keynes a meio do ano para substituir o decepcionante Pierre Gasly, a exigência sobre o piloto de vinte e quatro ano era menor, dado que a sua falta de conhecimento do RB15 Honda era diminuto e isso fazia-se sentir sobretudo em qualificação.
Em corrida, normalmente condicionado por posições secundárias na grelha de partida, Albon conseguia brilhar com boas recuperações, terminando sempre entre os seis primeiros e obtendo como melhor resultado o quarto lugar no Grande Prémio do Japão.
Os resultados do tailandês poderiam até ser mais impressionantes, se Lewis Hamilton não o tivesse atirado para fora de pista na última volta na corrida de Interlagos, quando rodava no terceiro lugar.
Era, portanto, esperada este ano uma subida de forma, com melhores resultados em qualificação a catalisarem boas corridas.
No entanto, apesar de ter aquele que é considerado o segundo melhor carro da grelha de partida – perdendo apenas para o Mercedes –, Albon não se qualificou nenhuma vez nas duas primeiras linhas, tendo como melhor resultado em qualificação o quinto lugar no Grande Prémio da Áustria.
Desde então, o tailandês falhou por duas vezes a chegada à Q3 – nos dois eventos de Silverstone – e tem como melhor posição para o arranque o sexto posto em Espanha.
Estas más qualificações acabam por condicionar a sua tarde de domingo e, se no ano passado teve como pior resultado ao serviço da Red Bull o sexto lugar – se excluirmos o Grande Prémio do Brasil em que foi atirado para fora de pista por Hamilton – este ano tem como melhor classificação o quarto posto no Grande da Estíria, mas em duas corridas não foi além de oitavo, bastante longe de Verstappen que, depois do seu abandono na Áustria, esteve sempre no pódio.
É verdade que na primeira prova do Red Bull Ring Albon estava a caminho de um pódio e, quem sabe, da vitória, quando foi colocado fora de prova por… sim, por Lewis Hamilton, mas isso deveu-se mais a duas situações de Safety-Car que a performance pura e, desde então, já foram realizados mais cinco eventos sem que Albon estivesse em posição de se imiscuir na luta pelo pódio, tendo até dificuldades em se impor frente aos pilotos do “Segundo Pelotão”.
É evidente que os problemas do tailandês estão na qualificação, não conseguindo viver com um monolugar que se mostra bastante nervoso e que apenas o superior talento de Verstappen consegue domar.
No entanto, se atentarmos aos resultados e, se adoptarmos o esquema “Superpole” (em que o tempo da melhor volta em qualificação é transformado em percentagem), verificamos que Albon, em média, está este ano a perder mais para Verstappen – 100,799% – que Pierre Gasly o ano passado enquanto esteve na Red Bull – 100,438 %.
Só o melhor comportamento em corrida permite que Albon esteja num plano mais positivo, mas um dos motivos que levou a que a formação de Milton Keynes deixasse cair Gasly foi a sua incapacidade em se imiscuir entre os seis primeiros – compostos pelos pilotos das “Três Grandes” – e ser um factor na definição das estratégias, deixando Verstappen a bater-se sozinho com dois pilotos da Ferrari e outros tantos da Mercedes.
Ora Albon não tem sido, também, determinante para a táctica do seu colega de equipa e dos homens dos “Flechas Negras” este ano, o que deixa a sua posição numa situação periclitante, sobretudo, se levarmos em consideração a falta de paciência que a Red Bull normalmente evidencia.
Do seu lado poderá estar a falta de opções de Christian Horner e Helmut Marko. Gasly está a realizar uma excelente época, batendo Daniil Kvyat em todas as qualificações, sendo ainda um protagonista na luta pelos pontos, ao contrário do seu colega de equipa.
Porém, quando subiu à Red Bull demonstrou debilidades psicológicas no confronto com Verstappen e na necessidade de mostrar resultados consistentemente, o que deverá deixar os homens da Red Bull com algumas dúvidas quanto a uma nova promoção à “equipa A”.
O russo, para além de ser completamente dominado por Gasly, teve também uma passagem pela Red Bull sem brilho.
Estará então a equipa de Milton Keynes refém de Albon?
Apenas se quiser recorrer somente à sua “cantera”, não optando por alguém de fora…
Nico Hulkenberg está no mercado a tentar encontrar uma solução para regressar à Fórmula 1, sendo dado como possível na Haas ou na Alfa Romeo, mas o alemão já mostrou ser capaz de ser um piloto consistente e fiável, como demonstrou em Silverstone quando substituiu Sérgio Pérez na Racing Point.
No ano passado o alemão teve como colega de equipa na Renault Daniel Ricciardo e, muito embora tenha perdido para o australiano, não foi por margens massivas, batendo-se com o ex-piloto da Red Bull de igual para igual.
Ora, a formação de Milton Keynes tem muitos dados sobre o australiano – que também lutou olhos nos olhos com Verstappen – sendo-lhe fácil extrapolar o potencial de Hulkenberg e perceber se poderá ser uma opção para colocar ao lado do holandês.
Será difícil que a Red Bull deixe cair Albon este ano, mas se este não evoluir rapidamente em qualificação ao longo da presente temporada, a sua permanência na equipa deverá estar condenada e sem opções válidas na sua “cantera”, Hulkenberg poderá ser a solução óbvia para Horner e Dr. Marko.
Não nos podemos esquecer que a Honda há muito que quer um japonês na grelha, pelo que vejo mais facilmente a chegada de Tsunoda, se continuar a fazer boas exibições e conseguir os pontos necessários, do que Hulkenberg.
Pelo andar da carruagem vai haver duas vagas na RB, saída do Kviyat e Albon. Uma deve ser do Tsunoda, se conseguir os pontos suficientes, a outra ‘de quem a apanhar’.
Tentem recordar-se do ano passado e vejam como isto são cenas dum filme já visto, onde em 2019 todos clamavam pela cabeça do “cepo” Gasly e que deveria ser substituído por Albon que estava a fazer um bom trabalho na Toro Rosso. Este ano, todos clamam pela cabeça do “cepo” Albon e que deverá ser substituído por Gasly que está a fazer um bom trabalho na Alpha Tauri. Não será melhor tentar analisar o porquê de sobressaírem na Toro Rosso / Alpha Tauri e não parecerem deslumbrar na Red Bull, ganhando injustos adjectivos como se não fossem os dois bons… Ler mais »
acho injusto comparar o ano passado com este ano, porque este ano a Red Bull tem caminho livre da Ferrari, logo é muito mais fácil para o Albon ter mais pontos e melhores prestações. Contudo, acho que o Sr. tem razão no que diz. O problema está dentro da estrutura Red Bull. A meu ver há pelo menos três problemas: 1. Há um endeusamento do Verstappen dentro da Red Bull, o que automaticamente fragiliza o segundo piloto; 2. O segundo piloto não está preparado para lidar com este endeusamento e com o facto de ser pelo menos ligeiramente mais lento;… Ler mais »