F1: Salut Gilles
A vida é feita de coincidências que nem sempre são fáceis de explicar e maio é para o desporto motorizado um mês em que vimos partir grandes talentos. Um dos grandes nomes que também nos deixou cedo demais é o de Gilles Villeneuve, um homem que misturou raça, talento e vontade de andar no máximo, em doses nem sempre favoráveis para vencer, mas o suficiente para conquistar os fãs de F1.
James Hunt abriu-lhe as portas da McLaren, onde fez três corridas, com resultados pouco condizentes com o seu talento, mas o suficiente para se começar a mostrar ao Grande Circo, de tal forma que Enzo Ferrari o escolheu para o lugar de Niki Lauda, mesmo depois de um teste em Fiorano onde teve um desempenho longe do brilhantismo de que era capaz. Demorou a mostrar o seu real valor e bem cedo as críticas pediam para que saísse da equipa, mas Enzo Ferrari ignorou-as e começou a ver o talento de Villeneuve despontar. Em 79 esteve perto do título e assinou em co-autoria com René Arnoux uma das lutas mais belas e ferozes da F1.
No início dos anos 80 a Ferrari estava numa fase negativa, mas Villeneuve continuou a mostrar que era um predestinado e apenas graças ao seu enorme talento conseguiu extrair dos carros mais do que era esperado… ou possível. 82 parecia ser um ano de mudança com um carro melhor mas o destino trocou-lhe as voltas e um acidente na qualificação roubou-lhe a vida,
As 6 vitórias, 2 poles e 13 pódios que tem em seu nome dizem pouco de um piloto colocou acima de tudo a vontade de andar depressa. Uma atitude lutadora e destemida, que deu à F1 momentos de ouro. Um piloto que andou sempre no limite numa altura em que cada erro se pagava caro… por vezes demasiado caro. É recordado pelo seu enorme talento, mas também pela sua postura afável e leal.
Jacques Laffite disse em Jarama (1981) uma frase que pode resumir o que foi Villeneuve na F1: “Nenhum ser humano consegue fazer milgres mas o Gilles faz-nos desconfiar disso.” Alain Prost afirmou que o canadiano era o “último grande piloto… nós somos apenas bons profissionais.” Villeneuve ficou na história pelo seu carácter, talento e determinação. Numa era em que vivemos obcecados por estatísticas, é bom recordar um homem cuja capacidade mostrou que nem sempre a frieza dos números conta a história toda.
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