F1, Renault: Preparar o futuro com alguns percalços pelo meio
A Renault, por muito que as pessoas tenham tendência a esquecer, é uma das marcas com mais tradição e sucesso na F1 (falamos como equipa e como fornecedor de motores). A Red Bull gozou de um período de domínio absoluto, graças à qualidade dos motores franceses, que foram um trunfo valioso. A entrada em cena dos turbo-híbridos azedou a relação, que começava a incomodar a Renault, pela pouca visibilidade que conseguia com esta parceria e os franceses, feridos no orgulho, resolveram apostar a sério na F1, regressando como equipa.
O primeiro ano foi mau, como seria de esperar, tendo em conta a forma tardia como a decisão foi tomada. 2017 seria o primeiro ano a valer, com todas as dificuldades que isso acarreta, mesmo com o investimento sério que foi feito, algo que se comprovou com a escolha de Nico Hulkenberg para piloto. Palmer foi o segundo escolhido, talvez por exclusão de partes, dada a saída de Magnussen para a Haas. Como a equipa tinha a noção que não estaria ainda a um nível competitivo desejado, correu o risco de ficar com o britânico, que não tinha dado boa conta de si em 2016, com a atenuante de ser um ano deveras complicado por aqueles lados.
As dificuldades foram evidentes no começo e primeiras corridas não trouxeram pontos, algo que apenas surgiu na 3 prova do ano, pela mão de Hulkenberg. Seguiram-se mais duas corridas nos pontos e a partir daí, criou-se um padrão em que a equipa não pontuava em corridas seguidas. O carro evoluiu de forma visível, mas mostrava-se competitivo apenas em qualificação. Em corrida, a máquina francesa não tinha capacidade para aguentar o ritmo dos adversários e foi feito um trabalho árduo para retificar esta situação. Ficou claro que a Renault apenas poderia aspirar no máximo ao 5º lugar e foi isso mesmo que fez. Apostou as fichas todas no final e tratou de despachar Palmer para integrar na equipa Sainz, já com vista em preparação para 2018 e para tentar o assalto final ao top5, uma vez que a Williams mostrava dificuldades em segurar a posição. A entrada do jovem talento espanhol não surtiu grande efeito, pois o calcanhar de Aquiles da equipa foi mesmo a fiabilidade do motor, que custou muitos pontos valiosos à equipa. Ao nível do chassis, a Renault apresentou soluções interessantes e eficazes, superando várias vezes o andamento dos Williams e igualando até a Force India, mas a fiabilidade mascarou as melhorias.
No que diz respeito aos pilotos, Hulkenberg justificou a sua contratação e foi o melhor da equipa. A concorrência de Palmer não incomodou em nada o germânico, que foi o grande responsável pelos 57 pontos marcados pela equipa (43 pela sua mão). Hulkenberg ficou à frente de Palmer em qualificação (15-0), em corrida (5-3) e no nº de vezes na melhor posição final (3 vezes no 6º, contra apenas uma vez de Palmer). A equipa sentiu que Palmer estava-se a tornar num problema e que dificilmente conseguiria ser solução, e aproveitou o negócio da McLaren/Honda/Toro Rosso para resgatar o piloto que desejava desde o ano passado. Sainz chegou, mas não conseguiu fazer a diferença, com “Hulk” a manter-se como o nº1. Apenas por uma vez ambos terminaram a corrida, com Nico a ficar à frente, mas em qualificação o marcador ficou em 3-1, vantagem para Hulkenberg, embora Sainz tenha mostrado bom andamento, fazendo por 3 vezes a volta mais rápida da equipa , em corrida, contra apenas uma de Nico.
Se em 2017 Hulkenberg foi o piloto em destaque na equipa, 2018 promete ser bem diferente. Sainz já provou que tem qualidade e apenas pagou o preço de chegar no final da época a uma equipa nova. No próximo ano, mais ambientado e presente desde inicio, irá certamente dar dores de cabeça a Hulkenberg. A Renault tem uma das melhores duplas da grelha e se conseguir fazer um carro competitivo, irá lutar pelos lugares cimeiros. A luta por vitórias deverá ser ainda um objetivo demasiado ambicioso, mas espera-se um bom salto qualitativo, tendo em conta a forma positiva como a equipa evoluiu a sua máquina este ano. A concorrência vai também ser maior, mas a Renault pode ser uma das boas surpresas de 2018.
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O que a Renault gasta na F1 é menos do que uma Ferreri e Mercedes gastam.
E a F1 é essencialmente uma questão de big money.
Enquanto a marca francesa não se dispuser a abrir os cordões da bolsa a sério ( duvido que o faça ) nunca poderá visar o mundial. Uma vitória aqui ou acolá isso sim. E depois também o eterno ciclo vicioso:a marca tem bons pilotos,mas não tem nem pode ter os foras-de-série que fazem a diferença. Esses pescam noutros mares e não se vão “queimar” para uma Renault.