F1, Red Bull: Estará a aposta nos jovens a resultar?
A filosofia da Red Bull relativamente à escolha dos seus pilotos sempre pareceu ser bastante evidente e tem sido questão de alguma discórdia. Como já tem sido norma, a equipa austríaca aposta as suas fichas em pilotos jovens e menos experientes e tenta torná-los em estrelas da F1, à semelhança daquilo que aconteceu com Sebastian Vettel e mais recentemente com Max Verstappen, não esquecendo Daniel Ricciardo.
Ainda assim, esta filosofia parece não estar a dar frutos nos últimos anos, principalmente depois da saída de Daniel Ricciardo para a Renault, deixando Max Verstappen como piloto nº1 e sem ter um colega de equipa capaz de ser competitivo o suficiente para ser um grande número dois na equipa.
Neste momento, é bastante claro que a Red Bull tem um grande problema em mãos, sem ter um número 2 com as mesmas capacidades inatas de Max Verstappen. Compreensivelmente, pilotos como o holandês são raros e surgem apenas uma vez em muitos anos, mas uma equipa que quer lutar e vencer o Mundial não pode ter apenas um piloto capaz de batalhar pelos lugares cimeiros da tabela. Basta pensarmos que na temporada de 2019, Verstappen conquistou 278 dos 417 pontos arrecadados pela Red Bull, ano em que tanto Pierre Gasly e Alex Albon correram como nº2.
Depois de algumas más prestações de Pierre Gasly durante a primeira metade da temporada passada, foi tomada a decisão de “promover” Alexander Albon ao lugar de segundo piloto da Red Bull, sendo o francês relegado para a Toro Rosso – agora AlphaTauri – onde ainda se encontra. Mas a verdade é que na altura em que o RB15 parecia ter um desempenho acima da média, Albon foi capaz de corresponder às expetativas, com uma excelente exibição de estreia em Spa. E, se bem estão lembrados, o tailandês podia já ter dois pódios no bolso, não fossem os toques pouco amistosos com Lewis Hamilton, no Brasil em 2019 e no GP da Áustria em 2020.
No entanto, 2020 tem-se revelado como um ano bem diferente para Albon. Neste momento, a RedBull encontra-se na segunda posição do campeonato mundial de construtores, com 135 pontos, sendo que 95 desses foram conquistados por Verstappen. Já Albon, sem conseguir pegar o “touro pelos cornos” e sentindo-se sempre pouco à vontade ao volante do RB16. Foram já várias as ocasiões em que o tailandês teve prestações dececionantes nas sessões de qualificação disputadas, embora em situação de corrida o tailandês consiga recuperar algumas posições. Ainda assim, no GP da Espanha, Verstappen conseguiu terminar a corrida com uma volta de avanço sobre o seu colega de equipa.E será mesmo isto que a RedBull precisa? Um piloto que não está à altura da tarefa e que apenas consegue, até certo ponto, remendar os erros que comete?
A verdade é que a altura de maior sucesso da RedBull foi quando a sua dupla de pilotos era composta pelo jovem astro Sebastian Vettel e o experiente Mark Webber, que aquando da vitória do primeiro campeonato da RedBull contava já com oito temporadas na F1.Vettel, o menos experiente da dupla de pilotos conquistou quatro campeonatos mundiais consecutivos, no período de maior domínio da equipa austríaca. Claro que Webber nunca foi capaz de lutar pelo campeonato, mas sempre conquistou os pontos necessários para levar a RedBull ao lugar mais alto do pódio de construtores.
É claro que quando Verstappen se tornou piloto da RedBull não passava de um miúdo que pouco tempo de F1 tinha e a sua falta de experiência fez-se ver, principalmente nas duas primeiras temporadas na equipa, em que parecia que quase brincava aos carrinhos de choque. Mas quando comparamos as suas prestações com aqueles que foram seus companheiros de equipa depois disso, Albon e Gasly, percebemos que a fibra que se via em Verstappen era algo incomum. Já Albon, Gasly, e até mesmo Kvyat, não parecem ser feitos do material que a RedBull procura e parece ter encontrado no holandês. Não que não sejam pilotos de qualidade que apresentam imensas capacidades para evoluir, mas será que a equipa está nesta altura disposta a abdicar de pontos para favorecer o crescimento de pilotos menos experientes?
A história mostra-nos que foram mais as apostas perdidas do que aquelas que realmente deram frutos, isto se considerarmos Verstappen como uma aposta ganha, já que o holandês, também muito por culpa da hegemonia da Mercedes, não foi ainda capaz de chegar mais alto do que o terceiro lugar no campeonato de pilotos. Mas, se pensarmos na temporada de 2019, caso a RedBull tivesse um 2º piloto mais “capaz”, o segundo lugar no campeonato poderia ter sido uma realidade. E, pelo que vemos, Max Verstappen ainda tem muito para oferecer à equipa austríaca, e, quem sabe, ainda o veremos a levar para casa o troféu mais cobiçado da F1.