F1: Porsche e Lamborghini cada vez mais longe da F1

Por a 5 Novembro 2018 13:15

A grande revolução desejada pela Liberty Media, de forma a atrair novas marcas para a F1, está a perder cada vez mais força e até já se coloca em cima da mesa a manutenção dos atuais motores.

A Liberty Media desde início quis aproveitar a mudança de regulamentos de 2021 para tornar a F1 mais atraente a potenciais interessados que quisessem entrar no Grande Circo. O foco da mudança seria a simplificação. Simplificar a aerodinâmica, e acima disso, simplificar as unidades motrizes que sempre foram consideradas caras e complexas, o que afastou algumas marcas.

A proposta inicial queria retirar o MGU-H um dos componentes mais complexos (e mais interessantes) das atuais unidades motorizes e aumentar o MGU-K um componente relativamente mais simples e já muito usado em competição. Esta busca pela simplificação nunca agradou às marcas já presentes pois, primeiro, seria desaproveitar todo o trabalho feito numa tecnologia que ainda não atingiu todo o seu potencial, e segundo, na F1 nunca ninguém abdica de uma vantagem em relação à concorrência. Marcas como a Lamborghini, Aston Martin e Porsche sentaram-se à mesa para entender qual o futuro da F1, mas cedo se percebeu que o interesse não era tão forte quanto desejado. E assim, com as negociações a demorarem darem resultados práticos, a FIA realçou a importância de manter que já estava na F1. Como o desejo das quatro marcas fornecedoras de unidades motrizes é manter este modelo, começou a caminhar-se para um cenário em que apenas a parte aerodinâmica será profundamente alterada.

Não é surpreendente, portanto verem-se notícias que dizem que a Porsche não acredita que este seja o tempo certo para entrar na F1 e que da Lamborghini, Stefano Domenicali tenha dito o seguinte:

“O investimento necessário apenas para participar, é muito alto, quanto mais para ganhar” disse ao Auto Bild. “Enquanto houver um campeonato com duas “classes”, a F1 não é interessante para nós. Se entrarmos, temos que ser fortes e vencer. As prioridades para a Lamborghini são diferentes. A Ferrari nasceu em corridas. A Lamborghini não.”

Pessoalmente, seria uma pena ver estas unidades motrizes desaproveitadas. Talvez de forma algo ingénua, acredito que é possível ter boa competição e um nível tecnológico interessante. No entanto o mundo atual tem mostrado precisamente o contrário. Na F1 temos um campeonato que vai melhorando de ano para ano, mas onde a diferença entre pobres e ricos é ainda grande e no WEC a situação é bem conhecida. Pelo contrário campeonatos como os TCR, o ELMS e o IMSA, onde a redução de custos e a simplicidade das máquinas são os pontos fortes, continuam a crescer o e o interesse das marcas tem sido cada vez maior.

No entanto a F1 não pode ir por esse caminho. Senão seria apenas uma F2 mais rápida. A tecnologia, a evolução e a inovação está no ADN da competição e retirar isso seria retirar uma parte do que torna a F1 única. Mas a F1 enfrenta outro grande desafio… os elétricos.

O interesse das marcas é agora reduzido pois a Fórmula E continua a dar passos largos e consolidados rumo a um futuro muito interessante. A mobilidade caminha para os veículos 100% elétricos e para falarmos de uma competição de nível mundial só com carros elétricos… temos de falar da Fórmula E. Assim a F1, embora tenha tentado desenhar um plano para o futuro a curto prazo, deve imperativamente olhar para o futuro a médio prazo e decidir o que quer ser, quando os motores de combustão interna deixarem de serem uma solução interessante no mercado automóvel. Não podemos esquecer que a competição, para as marcas, é apenas uma operação de marketing e um laboratório onde os fãs podem ver a evolução da tecnologia.

É talvez por isso que as marcas prefiram esperar. Para quê investir milhões numa tecnologia que poderá não ser usada a 100% nos produtos de estrada? Para quê apostar na F1, se o caminho da mobilidade poderá tornar a tecnologia usada no Grande Circo secundária? A Liberty Media, a FIA e a F1 têm pela frente uma tarefa importante, pelo que talvez não seja má ideia manter as unidades motrizes e tentar melhorar as corridas por outras vias e olhar para o futuro de uma forma mais global. É preciso que o fosso entre ricos e pobres seja minimizado e isso pode ser feito sem acabar com estas unidades motrizes, que ainda têm mais para dar. Mas este recuo por parte das grandes marcas pode ser um sinal que a F1 não pode ignorar.

 

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