F1: Porque não faz sentido largar os regulamentos de 2026 e optar pelos V10

Num mundo onde ideias nem sempre bem fundamentadas ganham força rapidamente, o mais recente tema de conversa na F1 está relacionado com um cenário que a lógica e o bom senso rapidamente descartariam.
Mohammed Ben Sulayem, presidente da FIA, que tem granjeado um número já considerável de polémicas e frases menos felizes, referiu recentemente que a F1 deveria considerar o regresso aos motores V10. Ora esta ideia pode agradar a muitos, uma vez que o som dos estridentes V10 foi e continua a ser admirado pelos fãs de F1.
Uma ideia interessante
A ideia, na sua raiz, faz sentido. No meio da dicotomia entretenimento / inovação, durante muito tempo a inovação levou a melhor e o espetáculo acabou por perder cor. O regresso aos V10, além de permitir o regresso do som mais impactante, pode ser a bandeira para os combustíveis sintéticos que começam a entrar no desporto motorizado. Podem revolucionar tanto o desporto como a indústria automóvel que vive dias de incerteza, também motivados pelo parco crescimento do mercado dos elétricos.

Mas se esta parecia uma sugestão a apontar para depois de 2030, eis que se começa a falar da possibilidade de manter estes motores e aplicar a nova fórmula em 2028. E aí, sim, o cenário deixa de fazer sentido.
Deitar ao lixo trabalho (e dinheiro)
Primeiro, a Audi e a Honda acordaram entrar neste regulamento com os V6 híbridos. Além de terem aceitado esta visão (e não outra), certamente que já investiram muito dinheiro nestes novos regulamentos. Trocar de regulamento nesta fase poderia ser motivo para as marcas saírem ou, no mínimo, perderem a confiança. Mais ainda, daria um visão negativa do desporto.
A F1 vive uma fase muito boa e não precisa de decisões em cima do joelho para garantir o futuro. Até 2030 muito pode acontecer e a indústria automóvel pode mudar muito. Mas será que vai mudar ao ponto de abdicar completamente da eletrificação? Olhando para os dados atuais, não. Os 100% elétricos podem não convencer, mas os híbridos já reúnem mais consensos e num mundo o onde a eficiência vai ser cada vez mais necessária, a eletrificação terá sempre um papel importante no futuro. Para já, não parece que a F1 perca muito se mantiver o rumo.

Questões logísticas
E depois há uma questão agora levantada pela Mercedes. A fornecedora alemã avisou que a McLaren, a Williams e a Alpine ficariam sem motores em 2026 se os regulamentos de F1 planeados fossem abandonados.
Toto Wolff, declarou que essa mudança seria impossível, uma vez que o fabricante já não tem o hardware, os bancos de testes ou as baterias necessárias para suportar os motores atuais para além de 2025. Embora a Mercedes pudesse fornecer a sua própria equipa de trabalho, os seus clientes McLaren, Williams e Alpine ficariam sem motores.
Outros fabricantes, como a Audi e a Red Bull, também enfrentariam problemas, uma vez que só desenvolveram unidades motrizes para os regulamentos de 2026. Ficaria, portanto, um vazio difícil de preencher.
A ideia de reduzir o tempo útil dos novos regulamentos vai ser mais falada, especialmente pelos construtores que não acertarem com a fórmula desde início. Mas qualquer cenário que possa levar ao regresso dos V10 antes de 2030 parece algo exagerado e pouco sensato. Os V10 poderão regressar às pistas e alegrar os ouvidos de todos. Mas não é necessário tomar decisões apressadas que, essas sim, podem comprometer o desporto.

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Politicamente correto no mau sentido. Ver estes F1 de hoje ao vivo (ou melhor ouvir) é deprimente. Como se a poluição das corridas tivesse alguma expressão no global. Fazem-se guerras, cortam-se gasodutos, oleadutos etc …mas isso não é nada. Hipocrisias.
Provavelmente o que mais cativou na F1 para os espetadores era o barulho. Talvez mais que a velocidade, o poder de travagem ou a passagem em curva. Ao ar livre era um barulho espetacular, mas felizmente tive a oportunidade de ouvir um V-12 no túnel do Mónaco sem quaisquer proteções auriculares e foi indescritível. Li, ouvi e vi, que algumas marcas investem, trabalham e conseguem que motores 100% elétricos consigam obter o mesmo barulho que os motores icónicos que celebrizaram essa marcas. Pode ser ignorância minha, mas questiono-me porque é que na F1 não fazem o mesmo, até porque os… Ler mais »
Ai foi o barulho? Ouve-se cada uma
Claro que se ouve. Pelo menos os espetadores que vêem F1 ao vivo e já viam no tempo dos V-12 e V10 só se queixam da falta de barulho Não se queixam se os carros são mais ou menos rápidos 2 ou 3 segundos porque isso é imperceptível a olho nu Naturalmente quem só vê F1 na televisão e eventualmente não é desse tempo, não percebe o que estou a dizer
Queixar-se que sentem falta do barulho é uma coisa, dizer que o que os cativou foi o barulho é outra coisa totalmente diferente. É confundir a beira da estrada com a Estrada da Beira.
Com o devido respeito atrevo-me a dizer que quando eu via f1 ao vivo, o senhor ainda não devia ter nascido. E se assim for, compreendo perfeitamente que não perceba do que estou a falar. Mas e curiosamente está hoje colocada uma notícia do Hamilton que apesar de se referir a mais de 10 anos do que estou eu a falar, o pode elucidar melhor sobre o assunto
Vindo de quem vem não podia ser boa coisa. Se fosse para a frente seria um desastre, algo típico quando ideias populistas são postas em prática.
Depois de trazer novas marcas ia lhes dizer “olha afinal agora decidir mudar as regras, tudo o que gastaram vai para o lixo. Problema vosso.” Sabendo onde nasceu e como se tomam as decisões por lá não admira nada.
Há quem esteja muito interessado nesta mudança.
Eu estou. Num mundo em que os automóveis se estão a transformar em electrodomésticos com rodas, é bom saber que ainda existe interesse pela mecânica incrível de um motor de combustão interna.
Não me interessa se são V10, V8, V12 ou V200, o que sei é que o tempo não volta para trás. O mundo evolui. Comparando o incomparável, hoje já ninguém dirá que prefere ver televisão a preto e branco, ou tirar fotografias com máquinas de rolo…
A Audi só vai entrar na F1 por causa deste regulamento, nunca se interessou pelos V10 e afins. Se eles voltarem, o mais certo é ela sair, e poderá não ser a única.
Vejam o impacto que tem a formula eléctrica, comparada com a Indy ou os V8 supercar (Austrália)…. F1 que os acompanhe e se torne mais competitiva em todo o grid, que é isso que s pretende. Qt ao “ruído”… Barulho… Venha ele e “abram” o regulamento com inovações como antigamente e de igual modo para toda a gente e não evoluções sim, mas só para quem “interessa”…
… Entenda-se.
, já que os comissários das verificações, muitas vezes dá a sensação que são “escolhidos a dedo” (digamos, as marcas)..
Saudades de outros tempos.
Sabem lá o que é “sentir a F1″…. É mesmo malta do sofá…