F1: Porque apesar da vitória de Sainz, a Ferrari tem de apostar em Leclerc…

Por a 7 Julho 2022 11:57

Carlos Sainz venceu, em Silverstone, a sua primeira corrida de Fórmula 1, mostrando capacidade estratégica, mas uma vez mais, ficou patente que a Ferrari, se quiser lutar pelo Campeonato de Pilotos, terá de “colocar os ovos” no cesto de Charles Leclerc.

O espanhol chegou à Scuderia no ano passado e rapidamente se adaptou à vida na equipa mais famosa da grelha de partida, aproveitando uma temporada sem grandes objetivos para conhecer os cantos à casa e mostrar um nível de performances semelhante ao seu colega de equipa.

Porém, este ano Sainz, com carros novos, mostrou dificuldades em acompanhar Leclerc e tem sido o monegasco a liderar a Ferrari em pista.

Em qualificação, em dez eventos, só por uma vez o piloto de Madrid bateu o seu colega de equipa – no Canadá o monegasco tinha uma penalização e não tinha como objetivo lutar pela pole-position – e em corrida não houve uma situação em que o homem do F1-75 número 55 se mostrasse mais forte que o titular de carro igual com o dorsal 16.

O ano do espanhol não tem sido fácil e, para além de se ver batido em todos os exercícios pelo monegasco, protagonizou algumas saídas de pista mais ou menos custosas para si e para a sua equipa, ao passo que o único erro de Leclerc surgiu em Imola, quando assinou um pião que o atirou de terceiro para sexto no final.

No entanto, foi evidente que Sainz deu um passo em frente no Canadá, depois de meses de dificuldades face ao seu colega de equipa, dando luta a Max Verstappen, o vencedor, deixando até no ar a ideia de que era o piloto mais rápido em pista, enquanto Leclerc recuperava de penúltimo para quinto, depois de ter ultrapassado o número máximo de unidades de potência a que tinha direito para esta temporada.

E, no Grande Prémio da Grã-Bretanha, conquistou a sua primeira vitória na Fórmula 1, dando seguimento à senda de cinco eventos em que marcou mais pontos que o seu colega de equipa – setenta e quatro do espanhol contra trinta e quatro do monegasco.

Contudo, esta recuperação pontual não se deveu a uma subida de forma de Sainz, antes aos problemas estratégicos e de fiabilidade que afligiram Leclerc, que não tem uma corrida limpa, sem contrariedades externas, desde o Grande Prémio de Miami, no início de Maio.

Mesmo na corrida que lhe deu o seu primeiro triunfo da temporada, foi notório que Sainz, para já, não tem o estofo para lutar pelo título deste ano.

O espanhol arrancou da sua primeira pole-position para a prova de Silverstone e, na segunda partida, manteve o comando, mas desde cedo ficou evidente que Leclerc era o mais rápido dos dois pilotos, apesar de carregar consigo danos na asa dianteira desde a primeira volta.

Para agravar a situação de Sainz, cometeu um erro sob a pressão de Verstappen, perdendo o comando.

Num momento em que a Ferrari precisava que liderasse a equipa, o espanhol não mostrou andamento e, no topo disso, falhou com uma saída de pista que deixou escapar o maior adversário da Scuderia, o que poderia condicionar a corrida dos carros dos pilotos da formação de Maranello

Estrategicamente Sainz demonstra ser forte, como se pôde verificar em Monte Carlo e agora em Silverstone, mas num momento em que a Ferrari tem uma enorme desvantagem pontual para a Red Bull e para Max Verstappen, essa é uma virtude sua que, no entanto, é insuficiente para que Mattia Binotto possa apostar no espanhol, caso queira de facto lutar pelo título de Pilotos, o que não pareceu na prova britânica.

É natural que com o seu primeiro triunfo na Fórmula 1 no bolso a confiança de Sainz aumente e, por vezes isso é o suficiente para que um piloto desbloqueie todo o seu potencial, mas mesmo no Grande Prémio que venceu ficou bem patente o porquê de a Ferrari ter de apostar em Leclerc para conquistar o seus objectivos.

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