F1, Pódio para Alex Albon: “Obrigado por terem continuado comigo”

Depois da vitória de Pierre Gasly no Grande Prémio de Itália, a pressão estava do lado de Alex Albon, que continuava longe de Max Verstappen e via o piloto que substituiu na Red Bull vencer com um humilde AlphaTauri. Mas no Grande Prémio da Toscânia o tailandês assinou uma corrida notável e esquivou algumas das dúvidas que recaiam sobre si.

Num circuito que albergava pela primeira vez um evento do Campeonato do Mundo de Fórmula 1, o fim-de-semana não começou da forma mais positiva para Albon, tendo na primeira sessão de treinos-livres ficado a mais de um segundo de Max Verstappen.

Na segunda, a situação melhorava e terminava no quarto lugar, no encalço do seu companheiro de equipa, mas a sete décimos de segundo deste.

Num circuito novo para todos, ou para quase todos, em que os erros se pagam caro – como o podem atestar Lando Norris e Esteban Ocon – a confiança é primordial e esse é um dos problemas sentidos pelo tailandês ao longo da temporada – não sente confiança no Red Bull RB16 Honda, ao passo que Verstappen, mais à vontade, obriga-o a fazer o que pretende e não o contrário.

O Albon na terceira sessão de treinos-livres voltou a ficar a aquém do esperado, mas na qualificação foi ganhando confiança, conquistando o quarto posto da grelha de partida a quatro décimos de segundo do seu colega de equipa. O seu melhor resultado da temporada, secundando de perto Verstappen, o que o deixava numa posição em que poderia ser uma peça estratégica num dia em que a Red Bull esperava poder dar luta aos Mercedes.

Albon ver-se-ia suplantado por Charles Leclerc no arranque, mas manteve o quarto posto, devido aos problemas na unidade de potência do seu colega de equipa, que foi engolido pelo pelotão.

A corrida seria, porém, parada rapidamente. Primeiro os toques entre Kimi Raikkonen, Pierre Gasly, Romain Grosjean e Max Verstappen e depois o incidente entre Lance Stroll e Carlos Sainz, ditaram os abandonos dos franceses e do holandês e o atraso do espanhol e de Sebastian Vettel, que partiu a sua asa dianteira ao não conseguir evitar o McLaren que tinha ficado no meio da pista, entrando o Safety-Car em pista.

No recomeço, ao pretender manter a sua vantagem, Valtteri Bottas deixou o reinício para o último momento possível, o que apanhou desprevenidos os pilotos da cauda do pelotão, que se envolveram num acidente de proporções épicas, quando alguns tiveram de abrandar inesperadamente, provocando diversos embates que deixaram Nicholas Latifi, Kevin Magnussen, Antonio Giovinazzi e Carlos Sainz fora de prova.

Com tantos carros estropiados na recta da meta, Michael Masi não tinha outra opção senão interromper a corrida com bandeiras vermelhas para limpar a pista.

Voltávamos à expectativa de uma partida clássica, com a longa aceleração até à primeira curva de Mugello, San Donato, e a configuração desta, com muita inclinação positiva, que permite diversas trajectórias, promovendo muitas lutas na sua aproximação.

O segundo arranque não correu de feição a Albon e, quando saiu de San Donato, tinha já sido ultrapassado por Stroll, Ricciardo e Pérez, parecendo que estava destinado a mais uma tarde de frustrações.

No entanto, o jovem da Red Bull não baixou os braços, mantendo-se no comboio liderado pelo Ferrari de Charles Leclerc que não tinha andamento para conservar o terceiro lugar que tinha conquistado no primeiro arranque.

No entanto, ainda antes de ter o monolugar de Maranello à sua frente, na décima oitava volta, Albon via-se livre de Pérez para subir a sexto, dando início à sua recuperação.

Duas voltas depois, suplantava Leclerc que, sem velocidade de ponta no seu Ferrari, era uma presa fácil para o Red Bull Honda do tailandês, que passava a perseguir Ricciardo.

O Renault revelava-se ser bastante mais difícil de suplantar, mas, muito embora o “undercut” se revelasse potente em Mugello, a Red Bull não o tentou aplicar ao australiano, sendo Albon o último a parar entre os pilotos da frente – cinco voltas depois do homem da Renault e duas depois de Stroll.

Ricciardo suplantava o canadiano, mas Albon matinha o quinto posto no encalço do piloto do “Mercedes Cor de Rosa”, ainda que a cerca de cinco segundos deste.

Contudo, com os pneus médios que montara o Red Bull estava a voar, rodando praticamente no ritmo dos Mercedes, que dominavam a corrida, e rapidamente encostou no carro de Silverstone, mas passar era bastante mais difícil, graças à elevada velocidade de ponta do “Mercedes Cor de Rosa” munido de um novo pacote aerodinâmico.

Mas, na quadragésima terceira volta, o problema de Albon acabaria por se esfumar por entre um despiste a alta velocidade na saída da primeira Arrabbiata. Um provável furo no pneu traseiro/esquerdo do Racing Point enviou Stroll para fora de pista e de encontro aos muros de pneus.

O canadiano emergiu dos destroços do seu carro sem problemas, mas as barreiras ficaram bastante danificadas e precisavam de ser reparadas, ao passo que o monolugar de Silverstone necessitava ser recuperado.

Depois da entrada em pista do Safety-Car, as bandeiras vermelhas voltavam a ser mostradas, o que deixava antever mais um arranque a partir da grelha de partida.

Com quatorze voltas para a bandeira de xadrez, todos os pilotos montaram pneus macios usados, estando todos em igualdade de circunstâncias – seria um sprint até ao final, com uma partida tensa.

Como era esperado, as lutas foram intensas e, enquanto Ricciardo passava Bottas, Albon era suplantado por Pérez, parecendo que o pódio pelo qual tanto ansiava voltava a ficar mais longe. Mas o tailandês contra-atacou imediatamente e na Poggio Seco, por fora, recuperava a quarta posição com firmeza, lançando-se para a luta pelo pódio.

A passagem pelo segundo posto do australiano da Renault seria efémera, cedendo a posição a Bottas logo na quadragésima oitava volta, passando a estar na mira do tailandês da Red Bull.

Faltava apenas uma posição para que alcançasse o pódio que lhe foge desde o Grande Prémio do Brasil do ano passado e na quinquagésima primeira volta, usou o DRS para suplantar o Renault em plena recta da meta, ascendendo ao terceiro lugar.

Os homens da Red Bull ainda pensaram que seria possível atacar o segundo lugar de Bottas, mas esse era um desejo que se mostrou além do potencial do carro de Milton Keynes, cruzando Albon a linha de meta no terceiro posto a quase quatro segundos do finlandês e a oito de Hamilton.

Finalmente, e depois de muitas frustrações, o tailandês estreava-se no pódio de uma corrida de Fórmula 1, uma semana depois da vitória merecida, mas fortuita, de Pierre Gasly, que colocou uma enorme pressão sobre Albon.

Porém, num dia em que carregou as aspirações da Red Bull nos seus ombros, após o abandono de Verstappen, o piloto de vinte e quatro anos respondia, conquistando um terceiro lugar pelo qual teve de lutar, mas que representa o potencial a que pode e deve aspirar. Talvez por isso na volta de regresso às boxes agradeceu à equipa a confiança que continuava a depositar em si ao longo dos momentos difíceis pelos quais tem vindo a passar – “Obrigado por terem continuado comigo”, disse através do rádio.

Daniel Ricciardo, que estivera tão perto de obrigar Cyril Abiteboul a fazer uma tatuagem, viu uma vez mais um pódio com a Renault esfumar-se, conseguindo ainda assim um bom quarto lugar à frente de Sérgio Pérez e Lando Norris.

Daniil Kvyat assegurou o sétimo posto à frente de Charles Leclerc. O monegasco terminou no nono lugar, mas subiu a oitavo graças a uma penalização de cinco segundos de Kimi Raikkonen, que ultrapassara a linhas brancas que delimitam a via de entrada nas boxes, quando rumou no último momento ao “pit-lane” aquando da terceira situação de Safety-Car.

Ainda assim, o finlandês da Alfa Romeo batia o Ferrari de Sebastian Vettel, num dia em que a “Scuderia” apenas pôde celebrar o seu 1000º Grande Prémio, uma vez que os resultados em pista foram decepcionantes.

Apenas dozes carros terminaram a corrida, tendo George Russell e Romain Grosjean ficado nas duas últimas posições.