F1: Pode a Inteligência Artificial ser uma ferramenta a usar pelas equipas?
Considerado uma ferramenta importante para vários setores da sociedade e ao mesmo tempo vista como perigosa, levando inclusivamente à realização da Cimeira de Segurança da IA do Reino Unido na semana passada, discutindo-se um acordo entre várias nações e estabelecendo um caminho para reduzir os riscos e garantir maiores benefícios desta tecnologia em rápida evolução. A Inteligência Artificial (IA) tanto nos pode ajudar e proporcionar algumas soluções para um problema específico, como pode ser um adversário. Na Fórmula 1, esta ferramenta pode fazer sentido em ser usada, mas até onde e o que poderá fazer? Por exemplo, no trabalho preparatório para a corrida de Las Vegas, onde nenhuma equipa tem experiência com o traçado e, como já vimos antes, há imensos desafios novos, a simulação com ajuda e IA poderia ser uma boa ajuda.
No podcast ‘F1 Explains’, Bernie Collins, antiga estrategista da Force India e que se manteve na estrutura quando se passou a designar Aston Martin, fazendo agora parte do grupo de comentadores especialistas da Sky F1, abordou este tema, dando ainda uma imagem daquilo que está a acontecer neste momento e o que poderá ser o futuro no uso desta ferramenta na disciplina rainha do desporto motorizado.
“De momento o que fazemos é aquilo a que se chama Aprendizagem Automática [machine learning], que é uma espécie de forma de IA que possibilita a simulação do ponto de vista da estratégia, no sábado à noite, o que pensamos que vai acontecer ou como pensamos que as outras equipas vão reagir às decisões que tomamos, isso é o comum. É só trabalhar a estratégia mais rápida para resolver as questões do tráfego ou em períodos de Safety Car ou esse tipo de coisas”, disse.
A antiga estrategista da Aston Martin considera que as ferramentas de ajuda à decisão vão “continuar a progredir”, apesar das equipas serem “sempre um pouco sensíveis a dizer o que estão a usar e quanto estão a usar” para não darem ideias a outra equipas sobre o que “modelar num sábado à noite”. Ainda assim, Collins não acredita que se chegue ao ponto de “termos uma máquina de IA quase a jogar xadrez contra nós para nos mostrar quais as jogadas que podem ou não funcionar”.
Até porque a Fórmula 1 é muito complexa, com possibilidade de existirem vários cenários que podem nem ser considerados em determinada altura da corrida porque houve um incidente ou uma tomada de decisão de outra equipa que não foi tida em conta. Conta a engenheira irlandesa que “uma coisa que eu gostaria de fazer no meu tempo livre era ver se seria possível modelar como uma equipa tem mais predominância em apresentar uma configuração do carro ou se outra equipa é mais agressiva ou se tem mais problemas, e tentar modelar o que pensamos ser o comportamento das equipas, mas como referimos, há sempre alguém que faz algo que não foi feito em qualquer das experiências prévias e essa é a dificuldade”, disse.
Foto: Rudy Carezzevoli/Getty Images/Red Bull Content Pool