F1: Paul Ricard será determinante para as unidades de potência da Ferrari
A Ferrari teve um fim-de-semana bipolar em Spielberg – por um lado Charles Leclerc venceu o Grande Prémio da Áustria, por outro, Carlos Sainz abandonou, com outra falha no V6 turbo híbrido de Maranello, inviabilizando uma dobradinha da equipa. Mas pode haver boas notícias para a formação transalpina.
Depois dos problemas de 2020, que tiveram ainda repercussões em 2021, a Scuderia deu este ano um passo de gigante com a sua unidade de potência, que se afirma como uma das mais performantes, se não for mesmo a mais performante.
No entanto, esta subida de forma assinalável veio com um preço – a fiabilidade, com a Ferrari a ver os seus pilotos abandonar por três vezes devido a questões técnicas nos seus propulsores.
A abordagem dos homens liderados por Mattia Binotto foi a mais correta, uma vez que com o congelamento técnico introduzido este, qualquer desenvolvimento de performance é proibido, mas soluções para resolver questões de fiabilidade são permitidas.
A Ferrari foi arrojada, criando um V6 turbo híbrido competitivo, o que era imperativo para este período de congelamento, que vai até 2025, inclusive, comprometendo a fiabilidade, sabendo, contudo, que poderia trabalhar nessa área.
Porém, com a Scuderia e Charles Leclerc a lutarem pelos títulos isso tem um preço e talvez por isso, Binotto afirmou antes do início da temporada que o objectivo para 2022 era lutar por vitórias e não conquistar campeonatos – talvez já esperasse dores de crescimento do lado dos motores.
O abandono de Sainz na Áustria foi mais uma facada nas aspirações aos ceptros deste ano, uma vez que o segundo lugar do espanhol roubaria pontos a Max Verstappen, permitindo uma maior aproximação de Charles Leclerc ao Campeão do Mundo e da Ferrari à Red Bull.
Para além disso, implica penalizações para o piloto de Madrid, uma vez que, presentemente, tem apenas duas unidades de potência para a restante temporada, claramente insuficiente quando faltam ainda onze corridas.
A boa notícia para Sainz é que o V6 turbo híbrido que cedeu em Spielberg foi a sua segunda unidade da época, que já tinha alcançado mais de metade da sua vida útil, cinco Grandes Prémios, não tendo sido a terceira, que foi estreada em Silverstone há menos de duas semanas.
Portanto, neste momento, o espanhol tem ao seu serviço a unidade 1, que é usada nos treinos-livres e já completou o seu ciclo de vida, e a 3, que realizou apenas o fim-de-semana do Grande Prémio da Grã-Bretanha.
Face a este cenário, a Scuderia deverá montar o motor 4 de Sainz no Grande Prémio de França, que será realizado dentro de uma semana e meia, uma vez que os estrategas da formação de Maranello consideram que em Paul Ricard Sainz poderá recuperar até ao top-5, dependendo também da competitividade da Mercedes.
A grande novidade serão as alterações que os técnicos do departamento de motores da Ferrari introduzirão nesta unidade de potência que será alocada a Sainz.
O problema que levou ao abandono do espanhol em Baku terá sido o mesmo que levou Leclerc a destino semelhante em Baku, sendo fragilidades na área do turbo e do MGU-H a criarem as questões técnicas.
A unidade de potência que será montada no chassis de Sainz em Paul Ricard terá modificações de modo a evitar os problemas sentidos até agora pelos dois pilotos da Ferrari.
Se os resultados forem os esperados e as debilidades das unidades de potência da Ferrari forem superadas, Mattia Binotto e os seus homens analisarão quando colocarão em pista novos motores para Leclerc, que neste momento tem apenas dois V6 turbo híbridos ao seu dispor – os números 3 e 4.
Dos resultados que se verificarão com Sainz dependerão as aspirações da Ferrari e do monegasco aos títulos deste ano, dado que, para suprir a desvantagem atual para a Red Bull e para Verstappen, será necessário um carro competitivo e fiável…