F1: Otmar Szafnauer afirma que foi quebrado um “acordo de cavalheiros” sobre paridade de desempenho dos motores
O antigo chefe de equipa da Alpine, que deixou o cargo após a reestruturação interna levada a cabo no verão passado, considera “impossível” a Renault conseguir reduzir o défice de potência da sua unidade motriz antes da entrada em vigor do novo regulamento em 2026, comparativamente aos motores concorrentes, apontando ainda, o dedo à quebra da promessa de todas os outros fornecedores em permitirem mecanismos que permitam convergência de desempenho da unidade motriz.
Em entrevista no canal de YouTube de Peter Windsor, o antigo chefe de equipa da Force India, Racing Point, Aston Martin e Alpine considera que não resta outra opção à Renault que não seja trabalhar na unidade motriz a apresentar em 2026 para conseguir estar ao mesmo nível dos restantes fornecedores, uma vez que o défice do atual motore manter-se-á até à entrada em vigor das novas regras. A FIA havia considerado que “existe uma diferença de desempenho notável entre os concorrentes”, que na opinião de Otmar Szafnauer deveria ter sido resolvido com alguns mecanismos que tinham sido acordados no passado.
Quando foi imposto o “congelamento” das unidades motrizes, permitindo que a Red Bull pudesse continuar a utilizar os motores da Honda, que tinham anunciado a sua saída da Fórmula 1 – que não veio a acontecer – os fornecedores chegaram a um acordo para garantir que todos os motores estivessem o mais próximo possível em termos de desempenho.
“Quando os regulamentos relativos aos motores nos obrigaram a congelar o desenvolvimento para que a Red Bull pudesse utilizar um motor Honda que não ia ser desenvolvido, eu não estava presente, mas houve um acordo de cavalheiros que dizia que se a potência de todos os construtores fosse uma percentagem diferente, então começariam a analisar o que fazer para a sua convergência”, explicou Szafnauer, acrescentando que sobre o atual motor da Renault, “a FIA tem todos os dados e penso que foi na minha última reunião da Comissão de Fórmula 1 que a FIA colocou este assunto na ordem do dia”.
Confirma-se que, no comunicado no final da reunião da Comissão, “os fabricantes de unidades motrizes representados na Comissão concordaram em atribuir um mandato ao Comité Consultivo das Unidades Motrizes para analisar este assunto e apresentar propostas à Comissão”.
Szafnauer salientou que numa das reuniões “argumentei bastante em nome da Renault para que os outros fabricantes de motores fizessem exatamente o que prometeram quando surgiu o congelamento dos motores, mas um acordo de cavalheiros na Fórmula 1 às vezes vale a pena, outras vezes não”.
Por isso, o anterior responsável da Alpine, que conhece bem a realidade sobre a diferença de potência do motor Renault para os restantes, considera que “a discrepância – apenas porque é muito difícil de mudar agora – vai manter-se provavelmente até 2026. Portanto, mais dois anos, 2024 e 2025”.
Pensa-se que a Renault possa ter um défice significativo, sendo apontado por algumas fontes para uma diferença entre os 20 e os 33 cv a menos, comparativamente com os concorrentes. São números que fazem a diferença numa F1 cada vez mais competitiva, especialmente no meio da tabela classificativa.
Sem poderem desenvolver a unidade com vista à melhoria do desempenho, este está apenas reservado para certos pontos referentes à fiabilidade, dado o congelamento dos motores até 2026. Como Szafnauer deu a saber, os franceses esperavam poder receber uma espécie de “jokers” para desenvolver e melhorar o seu motor ou outra solução que pudesse limitar a potência dos restantes motores. Para já, nada feito.