F1: Os testes das 10 equipas: Bom, mau e assim-assim…
Três dias de testes com algumas boas e más surpresas. A Red Bull sai na pole-position, a Mercedes está com algumas dificuldades, a McLaren muito bem e a Ferrari melhor.
Mercedes
A Mercedes não terminou os testes do Bahrein muito preocupada com a fiabilidade, pois uma caixa de velocidades avariar é raro, mas sim com as dificuldades dos seus pilotos ‘agarrarem’ a traseira do W12, e com o ritmo com pouco combustível, algo que é potenciado pela boa prestação dos Red Bull RB16B. Estes dois fatores juntos fazem com que pela primeira vez em muito tempo a Mercedes vá para a primeira prova sem ser a principal favorita a vencer. Também a contribuir para isso, o facto de tanto Valtteri Bottas, quanto Lewis Hamilton, estarem entre os pilotos que menos rodaram nos três dias e isso coloca-os um pouco mais atrás na bolsa de apostas. Mas estamos a falar da Mercedes, por isso ninguém se admira se vencer dentro de duas semanas.
Red Bull
Os testes de inverno não costumam correr bem à Red Bull, mas desta feita foram claramente os melhores em pista. Pelos vistos, a equipa acertou na mouche com o Red Bull RB16B, o novo motor Honda é melhor, e as novas regras podem ter caído com uma luva no carro. Se assim for, e confirmando-se o maior ‘nervosismo’ do Mercedes W12, podem estar criadas as condições para os homens de Milton Keynes estarem, pelo menos, ao nível dos de Brackley e se assim for, ‘temos’ campeonato. O único senão para já foi o menor tempo de pista que Sergio Pérez teve, numa altura em que ainda está em adaptação à nova equipa. Está para já a um segundo de Verstappen, pelo que tem ainda muito trabalho pela frente.
McLaren
A McLaren deu sinais muito fortes de que vai começar o ano ainda mais perto da frente do que terminou o ano passado. A transição para o motor Mercedes foi suave. Para já, em performance pura parece estar ‘em cima’ da Mercedes e meio segundo atrás da Red Bull. O segredo da equipa o ano passado foi a consistência e este ano tem uma dupla de pilotos ainda mais forte. Se a isso se juntar, como parece ser o caso, um carro um pouco mais rápido, então podem estar reunidas as condições para, no mínimo, se estabelecerem na posição em que ficaram no campeonato. O teste foi verdadeiramente produtivo para a McLaren, o monolugar não deu o mínimo sinal de fraqueza, pelo que vão arrancar o Mundial como uma força a ter em conta.
Aston Martin
A primeira ‘bola a sair do saco’ tem a ver com o facto dos números com que a Aston Martin sai do Bahrain não espelharem minimamente o que o carro, a espaços, mostrou poder fazer. A fiabilidade condicionou fortemente a prestação da equipa, que se cotou como a segunda que menos rodou no Bahrein.
Quando mais precisava, para se adaptar à nova ‘montada’, Sebastian Vettel viu partir-se uma caixa de velocidades e teve uma perda de pressão no turbo, acabando como o piloto do plantel que menos rodou. Curiosamente, apesar dos contratempos, Vettel revelou que a sua sensação inicial com o carro é boa, e que vê muito potencial no carro, e isso é bem capaz de ser mais importante do que não conseguiu fazer.
Alpine
A Alpine começou a época exatamente onde terminou a última em termos de performance pura, parecendo claramente estar atrás da Red Bull Mercedes, McLaren e perto da Aston Martin. O programa de testes foi completado sem quaisquer contratempos, e o regresso de Fernando Alonso à F1 deu-se como se nunca tivesse saído. O espanhol foi mais rápido que Ocon, foi também o quinto piloto que mais rodou, em nada parecendo que possa ter perdido faculdades. A equipa foi melhorando ao longo dos três dias, assegura que a enorme entrada de ar para o motor vale a pena, mas o facto de ninguém saber os programas uns dos outros, só permite perceber que o pelotão do meio está novamente muito equilibrado.
Ferrari
O SF21 parece claramente um passo em frente face ao anterior, mas também era difícil que assim não fosse. Charles Leclerc e Carlos Sainz não sobressaíram a qualquer nível, mas também nada de errado transpareceu do ‘pacote’ da Ferrari. A nova unidade motriz é claramente melhor que a do ano passado e Sainz terminou os testes a mostrar rapidez, mas ainda assim em performance pura a Scuderia nunca pareceu sequer perto da Red Bull. Se a Mercedes melhorar como se espera, a Ferrari não está onde precisa. Muito longe da equipa que dominou claramente os testes entre 2016 e 2019. Seja como for, melhoraram em muitas áreas em comparação com a época passada, mas isso é muito pouco.
Alpha Tauri
A Alpha Tauri foi a equipa sensação do teste e Yuki Tsunoda a surpresa positiva. Logicamente que o registo do japonês que o colocou no segundo lugar da tabela de tempos final mostra potencial mas ninguém espera que os homens de Faenza estejam na realidade apenas a um décimo da Red Bull e na frente de todas as outras. Modos de motor, combustível, é impossível tirar conclusões com tempos, mas isso dá pelo menos um sinal de grande potencial e isso é um bom presságio para Alpha Tauri. Neste momento pode claramente dizer-se que está junta ao segundo pelotão. Sabe-se que Pierre Gasly é piloto para essa luta, mas Yuki Tsunoda tem tudo a provar, ainda que a sua prestação dos testes tenha sido a de um ‘veterano’.
Alfa Romeo
Kimi Raikkonen fez o quarto melhor tempo dos testes, a Alfa Romeo foi a par da Alpha Tauri a equipa que mais rodou, e houve sempre um carro vermelho e branco nos seis primeiros nos três dias de testes. São sinais muito positivos, deixam claramente antever que o carro é bem melhor do que o do ano passado, algo que deverá em grande parte dever-se ao novo motor Ferrari, que Kimi Raikkonen já elogiou. Seja com for, o carro não é tão rápido como a definição do quarto tempo dos testes sugere, mas o C41 parece razoavelmente bem equilibrado. Quanto à fiabilidade, nada a dizer e a Alfa Romeo tem boas razões para estar satisfeita, ainda que a sua posição no plantel não deva mudar nada.
Haas
A Haas corre este ano o sério risco de trocar com a Williams, não tanto por causa do carro, que este ano tem um motor Ferrari bem melhor, mas pela inexperiência dos dois pilotos, Nikita Mazepin e Mick Schumacher, que na ‘luta’ direta fizeram jogo igual, ainda que tenha ficado a sensação que Schumacher trabalhou mais para o futuro e o russo para a ‘fotografia’. Sem qualquer desenvolvimento previsto para o carro, este será uma ano mais para os pilotos se adaptarem à F1 do que para fazer brilharetes. Nos testes, exceção feita a uma mudança de caixa de velocidades na primeira manhã, quando Schumacher estava ao volante, depois disso rodaram de forma fiável.
Williams
O registo feito por George Russell que deu o sexto lugar final nos testes à Williams é um bom presságio, e sendo verdade que se espera que a equipa de Grove bata a Haas, já seria um feito interessante se George Russell conseguir bater no campeonato, um ou os dois Alfa Romeo. Mais do que isso não parece possível à Williams, mesmo que já não viva o drama da falta de dinheiro. Na altura em que houve mais vento nos testes, foi o monolugar que mais dificuldades evidenciou, pelo que aerodinamicamente continua a não ser um carro refinado. Talvez a categoria de Russell permita alguns brilharetes, nas pistas em que o downforce não seja tão necessário, mas nada mais do que isso se espera.
Dizer que o Pérez está a 1seg do Verstappen não faz sentido absolutamente nenhum. Pérez não fez nenhuma volta canhão em fim de dia com pneus macios, fez ao fim da manhã e foi nessa altura o piloto mais rápido até então dos testes, batendo o tempo ‘comparável’ do Verstappen no primeiro dia por cerca de 0,5seg. Acredito que esteja atrás, em condições 100% idênticas, mas ficaria surpreendido se fosse mais de 0,3seg. Faço aqui desde já uma aposta arriscada: pódio para Pérez na 1ª corrida do ano (salvo problemas mecânicos). Se abríssemos uma secção de apostas, faria mais 1… Ler mais »