F1: Objetivo da McLaren tarda a ser alcançado
A McLaren voltou a entrar com o pé esquerdo na atual temporada, depois do mesmo ter acontecido, e até com piores resultados, no ano anterior. São passos atrás no grande objetivo que Zak Brown tem para a equipa de Woking: regressar à luta pelos títulos na Fórmula 1.
A forma como o CEO da McLaren gere os destinos da estrutura pareceu inovador no seu início de mandato, mas foi dando sinais, apesar de passar uma imagem de ser comunicador e sereno, de alguma intransigência e de ser agressivo nas movimentações de mercado. Ao mesmo tempo, algumas decisões não foram tão certeiras quanto se pensava.
Aconteceu na contratação de Daniel Ricciardo. Houve surpresa por parte da Renault quando o australiano decidiu rumar a Woking, com promessas que teria um monolugar para lutar por outros objetivos. Falhou redondamente o australiano e quem o contratou: o primeiro nunca mostrou o rendimento que lhe era exigido, mas por parte da equipa também nunca lhe foi dado um carro que o colocasse noutras lutas. Ainda assim, ganhou mais a McLaren, porque se comprovou o valor de Lando Norris nas dificuldades que foram visíveis nessa altura. Um piloto que tinha sido preparado pela estrutura para enfrentar o desafio da Fórmula 1 e que aproveitou para sobressair mais do que o experiente companheiro de equipa.
O piloto britânico confidenciou ao Speedcafe, antes da corrente pausa de verão, que “as últimas épocas foram bastante fracas”.
Para uma equipa que pretendia subir na classificação, um pouco à semelhança da adversária Alpine/Renault, realmente os resultados e desempenhos de toda a estrutura ficou muito aquém. Voltando a entrar em confronto com os franceses, Brown e os seus responsáveis decidiram contratar Oscar Piastri, um ‘produto’ preparado pela Alpine para ser um piloto que lutasse por vitórias. O piloto australiano substituiu o seu compatriota na McLaren depois de um processo feio entre as partes e que revelou a frieza da gestão da McLaren.
O mesmo quase foi repetido da Indycar, mas aí Brown encontrou um adversário que não o deixou rir por último. Tentou desviar Álex Palou da Chip Ganassi Racing, mas, ao contrário do que aconteceu com Piastri na F1, o espanhol teve de se manter naquela equipa por mais uma temporada e agora, trocou as voltas ao líder da McLaren, recebendo duras críticas de Brown, que disse que o piloto não honraria o acordo que tinha com a sua equipa. Levou resposta de Ganassi, em mais uma situação incómoda.
Na Fórmula 1, apesar de ter começado mal a temporada, a McLaren conseguiu reagir e, depois de ter reformulado a organização interna, alcançou bons resultados. Ainda assim, viu Aston Martin começar a época com muito melhor desempenho. A estrutura de Lawrence Stroll conseguiu mais rapidamente passar a disputar os lugares da frente do que a de Brown, obviamente com muito mais investimento. É certo que Stroll tem bolsos mais fundos, mas a primeira coisa que fez foi encontrar soluções para a sua fábrica, com instalações ultrapassadas, e aumentar o número de funcionários. Brown precisou de mais tempo para encontrar investimento para melhorar as suas infraestruturas e ao mesmo tempo, reduziu os elementos da equipa para conseguir cumprir o limite orçamental. Este movimento de pessoas foi excessivo, levando a que certos departamentos da McLaren tivessem falta de pessoal. Esta situação levou a que no decorrer da temporada passada, e ainda na atual, fosse necessário voltar a contratar funcionários.
Além disso, a Aston Martin encontrou um próximo parceiro técnico na Honda, saindo do raio de ação da Mercedes – que ainda fornece os motores à equipa de Silverstone – e podendo entrar mais facilmente em confronto na classificação com a estrutura de Brackley. Enquanto isso, ficamos a saber que Brown teve discussões com a Red Bull sobre as suas futuras unidades motrizes e também com a Honda, mas para já continua como cliente da Mercedes.
Um passo em frente, dois ao lado. Parece ser assim que a McLaren tem vivido. Ainda assim, há expectativa sobre o projeto da equipa de Woking, porque tem pessoas capazes na sua fábrica, técnicos que acompanham a temporada de F1 em pista com provas dadas e dois bons pilotos.
Conseguirá a McLaren dar as melhores ferramentas aos seus pilotos antes que uma concorrente surja com mais argumentos?
Muito dificilmente será alcançado. Há demasiados fabricantes para que consiga chegar lá. A Red Bull é um caso único.