F1: O regresso de Fernando Alonso: O Rei Emérito
O reinado de Fernando Alonso foi demasiado curto para o enorme talento que exibe. Por um motivo ou por outro, o espanhol não teve como concretizar em resultados o potencial que demonstrava em pista.
Mas este ano regressa à Fórmula 1, depois de dois anos fora do mundo do Grandes Prémios, e se não se espera que possa desafiar Lewis Hamilton pelo trono, aguarda-se que volte ao elevado nível que nos habituou.
Longe vão os anos dos títulos do piloto de Oviedo, mas na retina estão ainda os esforços de 2010 e 2012, quando lutou até ao último Grande Prémio pelo título aos comandos de um Ferrari inferior tecnicamente ao dominador Red Bull de Sebastian Vettel. Ou o seu último ano na categoria, quando, por exemplo, levou até aos pontos um McLaren pouco competitivo que tinha chegado às boxes com três furos após uma primeira volta em que sofreu toques de todos os lados.
Esta era marca de Alonso, dar o máximo em pista, mesmo quando o material que tinha à sua disposição ficava bastante longe do seu talento.
Fora do seu monolugar era visível e palpável a frustração que crescia dentro do piloto de Oviedo, mas uma vez com o capacete esse sentimento era canalizado para a performance, alcançando resultados que não deveriam ser permitidos ao seu monolugar.
O espanhol não é propriamente um jovem, no final de Julho completará 40 anos, e os dois anos em que esteve fora da Fórmula 1, ainda que a competir em competições de alto nível, não foram benéficos para a sua forma.
Acrescente-se a isso um acidente rodoviário quando treinava de bicicleta nos arredores da sua casa na Suíça em Fevereiro, e estavam reunidos motivos para que Alonso chegasse aos testes de pré-temporada aquém do nível a que nos habituou desde que chegou à Fórmula 1.
No entanto, ao longos das três jornadas de ensaios em Sakhir o piloto da Alpine mostrou uma assertividade, uma confiança, uma capacidade física, uma agressividade que parecia que nunca tinha estado afastado da categoria máxima do desporto automóvel.
A vontade férrea de vencer que apresenta é a motivação de Alonso, mesmo quando os triunfos não estão no horizonte, como será indubitavelmente este ano, em que o máximo que se poderá esperar dos carros do construtor francês será conquistar alguns pódios quando tudo lhe correr de feição.
Fernando Alonso sabe disso e sabe que, não terá o monolugar que merecia para se bater com Hamilton e Max Verstappen e terá, uma vez mais, de lutar pelos lugares pontuáveis e ficar com as sobras daqueles que têm os carros mais competitivos.
Mas parece certo que o Alpine A521, nas mãos do espanhol, terá de se suplantar e fazer aquilo que este quer, carregando-o para lugares onde não merecia estar.
Se conseguir estar na luta pelo topo do segundo pelotão, com um ou dois pódios pelo caminho, este será já um regresso positivo para o piloto de Oviedo. Se esmagar Esteban Ocon, que ainda há pouco tempo era uma possibilidade para a Mercedes, então teremos de volta o “velho” Alonso que merecia ter nas mãos um carro capaz de lhe permitir lutar por títulos.
Talvez o Alpine o consiga em 2022, mas para já a equipa de Enstone será a grande beneficiada do regresso do espanhol, assim como os adeptos de Fórmula 1, que poderão assistir à arte de um dos melhores pilotos da história da categoria.